Esse artigo foi escrito por Mariana Ribeiro Moreira Pereira.
A morte da monarca trouxe na memória os momentos mais marcantes e polêmicos do reinado
“Inevitavelmente, uma vida longa pode passar por muitos marcos; a minha não é exceção”
Rainha Elizabeth II
Elizabeth Alexandra Mary nasceu em Londres, na Inglaterra, no dia 21 de abril de 1926. Filha mais velha do Duque e da Duquesa de York – Albert e Elizabeth- Lilibet, como era carinhosamente chamada durante sua infância e juventude., Ela jamais sonhou em ser rainha já que, as probabilidades eram quase nulas, mas elas existiam.
Descrita pelo primeiro-ministro Winston Churchill, que a conheceu quando criança, como “uma figurinha com ar autoritário e propensa a reflexões”, a pequena Lilibet viveu uma infância tranquila como uma criança – quase – normal da aristocracia britânica ao lado de sua irmã Margaret e cercada por cavalos e cachorros da raça corgi, seus preferidos até a velhice.
Aos dez anos de idade, tudo pareceu mudar e o destino da futura monarca começou a ser traçado. Seu tio, Rei Edward VIII, abdicou ao trono inglês para se casar com a socialite norte-americana Wallis Simpson, plebeia e divorciada, algo inaceitável para a monarquia britânica da época. Assim, o Duque de York, pai de Elizabeth, se tornou Rei George VI e Lilibet, a próxima herdeira da Coroa na linha de sucessão.
No Palácio de Buckingham, residência oficial do monarca britânico, a princesa passou a ter aulas com tutores do Eton College e governantas francesas, que a preparavam para seus futuros deveres. Aos 14 anos, Elizabeth fez sua primeira transmissão de rádio, juntamente com sua irmã, em um programa da BBC voltado para crianças durante a Segunda Guerra Mundial: “E quando a paz chegar, lembre-se que será para nós, as crianças de hoje, fazermos do mundo do amanhã um lugar melhor e mais feliz. Quero dizer boa noite para todas vocês e dizer que, no fim, tudo dará certo. Boa noite, crianças”. Durante a Guerra a princesa atuou também como motorista e mecânica de caminhões, sendo promovida a comandante júnior honorária.
Em 1947, com 21 anos, Lilibet se casou com Philip, Príncipe da Grécia e da Dinamarca, por quem se apaixonou com apenas 13 anos em um encontro no Real Colégio Naval de Dartmouth. Os dois, que eram primos de segundo e terceiro grau, tinham a relação mal vista pela família real britânica, já que Philip veio de uma família desestruturada e sem dinheiro, mas Elizabeth não se intimidou. Para oficializar o matrimônio, o príncipe precisou abrir mão de seus títulos e se converter ao anglicanismo (religião oficial da Inglaterra). Após a união, ele passou a ser conhecido como Duque de Edimburgo.
O casal teve quatro filhos, Charles (agora Rei Charles III), Anne, Andrew e Edward. Elizabeth costumava afirmar que ser mãe era o melhor de seus trabalhos. A futura monarca, no entanto, era duramente criticada pois não demonstrava afeto aos seus filhos em público praticamente em nenhuma ocasião.
Coroação
Em 1952, o Rei George VI morreu inesperadamente aos 56 anos devido a complicações de um câncer no pulmão. Elizabeth e Philip estavam em viagem ao Quênia e voltaram às pressas para a Inglaterra. Assim, aos 25 anos Lilibet se tornou Rainha da Inglaterra, porém, segundo a tradição sua coroação ocorreu somente no ano seguinte. Ao ser perguntada por qual nome gostaria de ser chamada, ela respondeu de forma simples “Pelo meu, claro! Qual outro usaria?”, se tornando então Elizabeth II.
No dia 2 de junho de 1953, Elizabeth foi coroada Rainha do Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda do Norte na Abadia de Westminster. Durante a ocasião, a monarca se tornou também chefe da Commonwealth, organização intergovernamental composta por países que pertenceram ao império britânico.
A cerimônia foi a primeira transmitida ao vivo por rádio e televisão para todo o mundo e carregou uma audiência de aproximadamente 27 milhões de britânicos, se tornando o maior acontecimento midiático da época. “As coisas que aqui prometi eu realizarei e manterei. Assim Deus me ajude”, afirmou a rainha durante sua coroação, aclamada por gritos de “Deus salve a Rainha”.
Visita ao Brasil
Entre os dias 1 e 11 de novembro de 1968, a Rainha Elizabeth II fez sua primeira e única visita ao Brasil, em pleno período da Ditadura Militar. A monarca, acompanhada de seu esposo Philip, passou pelas cidades de Recife (PE), Salvador (BA), Brasília (DF), São Paulo (SP), Campinas (SP) e Rio de Janeiro (RJ).
A primeira parada do casal real foi em Recife, onde foram recepcionados pelo governador da cidade com um almoço digno da realeza, porém um apagão acometeu toda a região por cerca de 25 minutos. O almoço seguiu à luz de velas, dando um “toque vitoriano ao momento”, brincou um dos convidados.
Ainda em Recife, a Rainha fez questão de parar o cortejo real em frente a sede do Diário de Pernambuco, jornal mais antigo em circulação na América Latina, e acenou para todos os funcionários presentes na ocasião.
Em Salvador, o casal conheceu o Museu de Arte Sacra, a Igreja de São Francisco e o Mercado Modelo; lá um lojista quebrou os protocolos estabelecidos em visitas reais e entregou diretamente ao Duque de Edimburgo um berimbau.
Já em Brasília, a Rainha Elizabeth II recebeu um presente pra lá de inusitado: um casal de onças que seguiu diretamente para Londres em um voo da British United Airways. Na capital a monarca participou também de eventos no Palácio da Alvorada, no Supremo Tribunal Federal, além de um pronunciamento no Congresso Nacional e um banquete no Palácio Itamaraty, entre outros.
Em terras paulistas, a rainha e o príncipe foram recebidos por um banquete de boas-vindas no Palácio dos Bandeirantes ao som de Wilson Simonal, Jair Rodrigues e Elza Soares. “Ela gostou do samba, viu! Até quebrou o protocolo, marcando o ritmo com o pé. Que loucura essa vida!”, afirmou a cantora em sua conta do Twitter no ano de 2019.
No dia 7 de novembro o casal participou da inauguração da nova sede do Museu de Arte de São Paulo (MASP), coube a rainha destapar a placa inaugural durante a cerimônia oficial de abertura.
A última parada da viagem real foi no Rio de Janeiro. Por lá a monarca e seu esposo participaram de diversas atividades como visitas a alguns pontos turísticos cariocas, um desfile de carnaval improvisado e um almoço no Museu de Arte Moderna (MAM), ocasião em que foi presenteada com diversos LPs de música popular brasileira. Foi no Rio de Janeiro também que a rainha Elizabeth conheceu o rei do futebol Pelé, mais precisamente em uma partida de futebol entre os times paulista e carioca no Maracanã. “Majestade, este é o jogador Pelé, famoso mundialmente”, apresentaram à rainha; “Ah, eu sei!”, sorriu ela, estendendo a mão. “Já o conheço de nome e me sinto muito feliz em cumprimentá-lo”.
Jubileu de Prata
O ano de 1977 marcou o 25o aniversário do reinado de Elizabeth II. As datas oficiais de comemoração ocorreram em junho e ficaram conhecidas como “Jubilee Days”, porém festas e desfiles pontilharam no Reino Unido durante todo o ano.
Casamento real
Conhecido como “o casamento do século”, o casamento de Diana Spencer e Charles, herdeiro real, ocorreu em 29 de julho de 1981 na Catedral de St. Paul, Londres. Durante a cerimônia, que foi inteiramente televisionada ao vivo para todo o mundo, Lady Di vestiu um de seus mais icônicos vestidos – copiado mundialmente depois do evento – com mangas bufantes, babados e um véu de aproximadamente oito metros de comprimento, que cobria também o rosto da princesa.
Lady Di entrou para a família real quebrando padrões, já que escolheu usar uma tiara de sua própria família, a tiara Spencer, ao invés de seguir a tradição e usar uma coroa herdada pelo marido.
Polêmicas familiares
“Como todas as melhores famílias, temos nossa cota de excentricidades, de jovens impetuosos e rebeldes e de desacordos. Na verdade, não precisamos nos levar tão a sério”, afirmou a monarca certa vez ao ser questionada sobre os problemas pelos quais a família real estava passando.
Pelas palavras da própria rainha, o ano de 1992 foi um dos piores para a realeza britânica. Isso porque aquele ano marcou uma série de acontecimentos, como a separação de Charles de Diana (oficializada somente em 1996), a também separação de outros dois de seus filhos, Anne e Andrew, este acusado recentemente por abuso sexual, e um incêndio de grandes proporções que queimou mais de 100 quartos do Castelo de Windsor.
“1992 não é um ano em que olharei
para trás com prazer”
Rainha Elizabeth II
A morte de Lady Di também abalou a monarquia de Elizabeth II. A princesa morreu há 25 anos, após um acidente de carro em Paris e a tragédia causou uma comoção mundial. Grande parte do público criticou na ocasião a reação da família real britânica perante o fato, afirmando inclusive, que a rainha demorou a se manifestar e prestar homenagens.
15 primeiros-ministros
Durante seu reinado, Elizabeth II conheceu 15 primeiros-ministros britânicos, incluindo a atual Liz Truss. O primeiro de seus ministros foi Winston Churchill, por quem a rainha guardou enorme admiração.
“A quem tanto o meu marido quanto eu devemos muito e por cuja sábia orientação durante os primeiros anos do meu reinado sempre serei profundamente grata”, afirmou a monarca a respeito do premiê na ocasião do fim de seu mandato.
Jubileu de Platina
As comemorações do Jubileu de Platina marcaram os 70 anos de Elizabeth II à frente do trono, tornando-a assim a monarca britânica com mais tempo de reinado. As festas oficiais, que se estenderam dos dias 2 ao 5 de junho de 2022, foram marcadas por um desfile militar, uma celebração especial na Catedral de St. Paul e um concerto no Palácio de Buckingham.
Um dos momentos mais marcantes foi a aparição surpresa da rainha em um vídeo exibido durante “Platinum Party”, show que reuniu dezenas de ingleses do lado de fora do Palácio de Buckingham. No vídeo em questão, a rainha aparece tomando um chá com o personagem infantil Paddington, muito famoso no Reino Unido.
O fim de uma era
“Declaro diante de todos vocês que toda a minha vida, longa ou curta, será dedicada ao seu serviço e ao serviço de nossa grande Família Real à qual todos pertencemos.”
A morte da Rainha Elizabeth II pegou o mundo de surpresa na tarde do dia 8 de setembro. Apesar da idade avançada, 96 anos, sua morte parecia algo ainda distante e antes mesmo da confirmação oficial, todas as atenções mundiais estavam voltadas para o Reino Unido. A monarca faleceu no Castelo de Balmoral, na Escócia, local onde costumava passar as férias e os momentos mais íntimos em família.
“A rainha morreu pacificamente em Balmoral esta tarde. O rei [Charles III] e a rainha consorte [Camila] permanecerão em Balmoral esta noite e retornarão a Londres amanhã”, afirmou o comunicado oficial.
Seguindo a tradição, o funeral ocorreu na segunda-feira, 19 de setembro, na Abadia de Westminster, precedido por cortejos ocorridos desde o dia seguinte à sua morte. Durante 4 dias o caixão da Rainha ficou exposto no Palácio de Westminster para que o público pudesse prestar uma última homenagem.
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O artigo acima foi editado por Mariana Miranda Pacheco.
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