Muitos podem não saber, mas a Fórmula 1 é um esporte misto, inclusive cinco mulheres já tiveram a oportunidade de disputar um Grande Prêmio. Ainda assim, em toda a história da categoria, a representação feminina nas pistas sempre foi mínima se comparada à masculina.
A primeira pilota a correr na principal competição de automobilismo mundial foi a italiana Maria Teresa de Filippis, em 1985. Já o primeiro e único ponto marcado por uma mulher na categoria só veio a acontecer 17 anos depois, pela também italiana Lella Lombardi, a última mulher a disputar um Grande Prêmio.
Com o passar dos anos, as mulheres tiveram a participação na categoria reduzida a pilotas de teste, desenvolvimento e de exibição. Para entender essa falta de representação feminina competindo na F1, é preciso levar em conta alguns fatores.
a caminho da fórmula 1
Para chegar à tão sonhada vaga na Fórmula 1, todos os pilotos, sejam homens ou mulheres, precisam passar por categorias menores que a antecedem. Sendo elas o kart, a Fórmula 4, a Fórmula 3 e a Fórmula 2, nessa ordem respectivamente. Além disso, é necessário um grande investimento para ingressar na carreira do automobilismo. Por isso, os pilotos buscam patrocínios.
No caso das mulheres, é um caminho ainda mais difícil, isso porque o automobilismo é um esporte majoritariamente masculino, no qual elas têm pouco espaço para participar. À medida que elas vão avançando e tentando entrar em categorias maiores, elas se deparam com cada vez menos portas abertas e mais dificuldade em conseguir patrocinadores. Sendo assim, ficam impedidas de progredir para os escalões superiores do esporte.
Há quem diga que as mulheres não têm massa corporal suficiente para competir com os homens, outros que acreditam que as mulheres não seriam bem vistas pelos fãs e patrocinadores. Mas o correto a se afirmar, é que a falta de oportunidade é o principal empecilho para as pilotas aprimorarem suas técnicas e se prepararem para competir na categoria mais almejada do automobilismo.
Na tentativa de capacitar as garotas para trilharem o caminho até a elite da F1, alguns programas foram criados:
w series
W Series é uma categoria gratuita feminina, ou seja, as garotas que desejam participar não precisam pagar nada para correr. Criada em 2018 pela Fórmula 1, a F1-W Series dispõe de carros exatamente iguais, para evitar uma disparidade muito grande entre a qualidade dos motores e equipamentos, evidenciando assim o talento das competidoras. O objetivo é introduzir as garotas a um nível de competição mais alto, para que um dia elas consigam ingressar na Fórmula 1. Bruna Tomaselli representa o Brasil na categoria.
girls on track
Também em 2018, a FIA teve a iniciativa, junto com nove parceiros, de criar a competição Girls on Track. Esse projeto foca no empoderamento e inclusão das mulheres no automobilismo. O evento é gratuito e funciona, basicamente, como um desafio de kart, no qual garotas dos 13 aos 18 anos participam de workshops práticos, palestras e têm a oportunidade de competir.
A única pilota brasileira a competir na Fórmula Indy, Bia Figueiredo, em colaboração com a Fórmula E (competição entre carros elétricos), organiza o evento no Brasil, que acolhe em média 100 meninas. O próximo evento do Girls on Track ocorrerá no próximo dia 25 de março às 8 horas, no Sambódromo Anhembi, na cidade de São Paulo.
fórmula 1 academy
Susie Wolff (ex-pilota e casada com Toto Wolff, chefe da equipe Mercedes) passou a liderar neste ano a Fórmula 1 Academy, categoria nova cujo o propósito é formar as garotas para que elas cheguem ao mesmo nível competitivo dos meninos da mesma idade. Assim criando oportunidade para que elas corram pelas categorias Fórmula 3, Fórmula 2 e F1-W Series.
Esse campeonato é uma iniciativa da própria Fórmula 1, que vai acontecer ainda esse ano e contará com 15 competidoras, que disputarão ao todo 21 corridas ao longo de sete finais de semana em 2023. A temporada começará nos dias 28 e 29 de abril no autódromo Red Bull Ring, localizado em Spielberg, Áustria.
Apesar de todos esses programas, ainda é um caminho árduo para uma garota chegar à F1. Em uma entrevista coletiva no ano passado, Stefano Domenicali, CEO da Fórmula 1, afirmou que ainda não vê a possibilidade de ter uma menina competindo nos próximos cinco anos, de acordo com a Sky News.
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O texto acima foi editado por Anna Goudard.
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