A jornalista Carla Madeira estreou sua carreira no universo literário brasileiro em 2014 com a obra Tudo é Rio. O livro conta a história de Lucy, uma prostituta famosa na cidade, que cruza o caminho de Dalva e Venâncio – um casal que tem sua trajetória totalmente impactada por um evento trágico e cruel. Porém, a história é muito mais do que um simples desenvolvimento de um triângulo amoroso.
Em uma entrevista concedida ao Roda Viva em março deste ano, Carla Madeira destacou a importância dos meios digitais para a popularização de “Tudo é Rio”.
O livro ganhou uma escala, de distribuição e de leitores, muito baseada no boca-a-boca, de uma pessoa ler e gostar.
Ressaltou a autora.
O livro se tornou um verdadeiro fenômeno com seu relançamento pela editora Record, em 2021. Naquele ano, Tudo é Rio foi o segundo mais vendido no Brasil. As redes sociais foram importantes para a popularização da obra, principalmente as resenhas do Youtube e TikTok – no nicho chamado do BookTok, voltado exclusivamente para conteúdos literários.
Mas, por que “Tudo é Rio” é tão aclamado entre os leitores?
Primeiramente, é importante ressaltar a escrita de Carla Madeira. De forma poética, ela descreve sentimentos e situações tipicamente humanas. Esse é um fator que transforma totalmente a leitura, que, por conta disso, ocorre de forma fluída. Ela tem o dom de brincar com as palavras e atribui reflexões densas em uma simples frase.
Mas e o amor? O que é senão um monte de gostar? Gostar de falar, gostar de tocar, gostar de cheirar, gostar de ouvir, gostar de olhar. Gostar de se abandonar no outro. O amor não passa de um gostar de muitos verbos ao mesmo tempo.
Citação de “Tudo é Rio”.
Na obra, as personagens retratadas são puramente humanas, tratadas como pessoas reais. Isso rompe a idealização de personagens que ocorre em muitos livros e se torna uma característica marcante da autora. Não existe um maniqueísmo entre vilões e mocinhos explicitado. A obra retrata pessoas – que têm atitudes boas e ruins – como quaisquer outras.
Muitos leitores relatam que acharam o texto controverso. Há partes da obra que amaram, outras que odiaram. Carla Madeira não tem a intenção de criar uma história clichê para agradar seus leitores. Pelo contrário, ela busca mostrar justamente as dualidades de cada indivíduo – refletidas nas causas de seus atos e, principalmente, nas consequências – além de ressaltar as mudanças ao longo da vida.
Essa quebra de padrões atrai para a experiência de leitura. No final do livro, isso fica perceptível – uma vez que ele, de fato, é incômodo. Ele foge de tudo que os amantes de livros entendem como finais felizes e que fazem uma grande parte do mundo literário.
Tudo é Rio não só conquista leitores, mas impacta-os. Seja pelas reflexões ou pelos acontecimentos que ele aborda, fugindo de uma idealização das personagens, ele dialoga diretamente com os leitores e com seu público. Você pode amá-lo ou odiá-lo, mas inegavelmente você vai experienciar a obra por inteiro.
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O artigo acima foi editado por Fernanda Alves.
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