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Kendrick x Drake: Faixa-A-Faixa Da Briga Que Envolveu Traição, Pedofilia E Paternidade

The opinions expressed in this article are the writer’s own and do not reflect the views of Her Campus.
This article is written by a student writer from the Her Campus at Casper Libero chapter.

Com alfinetadas através de músicas, a treta entre os rappers Kendrick Lamar e Drake envolve grandes nomes da indústria, como J. Cole, Taylor Swift, SZA, Maroon 5 e até mesmo Millie Bobby Brown.

Tudo bem se não acompanhou a treta e ficou perdido em meio a tantas músicas e acusações feitas em tão pouco tempo. Por esse motivo, a Her Campus Cásper Libero explica toda a linha do tempo do conflito entre os cantores.

O que é uma diss track?

Para começar bem contextualizado, é necessário saber que “diss” é uma palavra muito famosa no mundo do rap e hip-hop. 

Trata-se de músicas que, na grande parte das vezes, respondem a provocações líricas anteriores. Originada da abreviatura de “disrespect”, o termo refere-se à brigas na indústria musical.

Kendrick provoca Drake, Tyler, A$AP, Mac Miller e outros artistas

A relação entre Kendrick e Drake nem sempre foi de conflito. Em 2012, Lamar lança good kid, m.A.A.d city, álbum que conta com faixas como “Money Trees” e “Poetic Justice”, esta última sendo uma de suas mais famosas parcerias com o canadense.

Contudo, no ano seguinte, e participando de “Control”, de Big Sean com Jay Electronica, Kendrick decide provocar alguns nomes do hip-hop.

“Mas isso é hip-hop e esses caras deveriam saber que horas são
E isso vale pro Jermaine Cole, Big K.R.I.T., Wale
Pusha T, Meek Millz, A$AP Rocky, Drake
Big Sean, Jay Electron’, Tyler, Mac Miller
Eu amo todos vocês, mas eu tô tentando matar vocês”
, disse a letra.

Na época, Drake não rebateu Kendrick com outra faixa. Pelo contrário, quando questionado sobre a menção pela revista “Billboard”, o rapper posicionou-se de forma pacífica: “Eu realmente não tinha nada a dizer sobre isso. Parecia um pensamento ambicioso para mim. Foi só isso. Eu sei muito bem que Kendrick não está me assassinando, em nenhuma plataforma. Então, quando esse dia chegar, acho que poderemos revisitar o assunto”, afirmou.

Aparentemente, no dia 31 de outubro de 2023, esse dia chegou. Em um feat com J. Cole, o canadense atacou diretamente Kendrick Lamar.

First Person Shooter x Like That

“First Person Shooter” conta com um clipe criativo, com claras referências a The Office, Homem-Aranha, Messi e Cristiano Ronaldo. Na música, J. Cole lança o seguinte verso: “Amo quando eles discutem sobre quem é o melhor MC. É o K-dot [Kendrick]? É o Aubrey [Drake]? Ou sou eu? Nós somos os três maiores, como se tivéssemos feito um time”.

Alguns minutos depois, Drake rebate Cole, excluindo Lamar:

“Quem é o G.O.A.T. [Melhor de Todos os Tempos]?

Por quem vocês realmente torcem?

Mano, é só você e o Cole”.

Em 26 de março de 2024, Kendrick respondeu o conteúdo da música “First Person Shooter” na faixa “Like That”, em parceria com Future e Metro Boomin:“Os três grandes são somente eu.”

7 Minute Drill e a saída de J. Cole da briga

J. Cole não gostou da resposta do americano e, em 5 de abril, lançou “7 Minute Drill” rebatendo Kendrick.

Cumprindo o nome do álbum atribuído à faixa (Might Delete Later, ou Talvez Exclua Mais Tarde, em português), apenas dois dias depois do lançamento, o rapper retirou a música do ar e se justificou publicamente, pedindo desculpas para Lamar durante um de seus shows no Dreamville Festival.

“Eu só quero subir aqui e publicamente dizer, mano, isso foi a coisa mais brega, mais idiota. E eu rezo para que Deus me alinhe de volta ao meu propósito e ao meu caminho. Eu rezo para que meu mano realmente não tenha sentido nada e, se sentiu, meu mano, peço desculpas”, disse no evento.

Push Ups 

Em 19 de abril, Drake lança “Push Ups”. A capa da faixa, uma etiqueta de medida, zomba do tamanho do pé de Kendrick Lamar, o equivalente a um calçado masculino de tamanho 37, no Brasil. Esse deboche é retomado ao decorrer da música.

A diss também ataca The Weeknd, Metro Boomin e J. Cole, mas muitos de seus versos se dedicam a Kendrick. O canadense faz referência às colaborações de Lamar com Maroon 5 e Taylor Swift em, “Don’t Wanna Know” e “Bad Blood”, respectivamente. Dessa forma, ele debocha que Kendrick se submete ao mainstream pop para fazer sucesso.

“O Maroon 5 precisa de um verso, é melhor você fazer um bom
Depois precisamos de um verso para as swifties”
, cantou.

Um pouco depois ele retoma, mencionando artistas que tomaram o lugar de Kendrick Lamar na lista de álbuns mais vendidos da Billboard.

“Você não tá no Top 3, a SZA te tirou de lá
O Travis te tirou de lá, o Savage te tirou de lá”
, disse.

Taylor Made Freestyle

Seis dias após o lançamento de “Push Ups”, e não dando espaço para respostas, Drake lançou “Taylor Made Freestyle”. 

O nome da faixa faz referência à Taylor Swift de forma cínica e, nos versos, ironiza o fato de Lamar não ter respondido sua diss para evitar desafiar as paradas de The Tortured Poets Department, último lançamento da cantora pop.

A faixa foi retirada do ar devido aos direitos autorais no uso das vozes de Tupac e Snoop Dogg através de inteligência artificial.

euphoria

No mesmo mês, dia 30, Kendrick lança “euphoria”. O nome faz referência à série norte-americana de mesmo nome, em que Drake é produtor executivo.

O frase que inicia a diss está no reverso, e é retirado do filme “O Mágico de Oz” de 1978: “Tudo o que eles dizem sobre mim é verdade…”

O que prossegue a frase, e não inclui no sample é “eu sou um falso”, atacando Drake. Ao decorrer dos seis minutos, Kendrick não esconde seu ódio pelo oponente:

“Sempre foi sobre amor e ódio, então deixa eu te dizer que sou seu maior hater

Eu odeio o jeito que anda, o jeito que fala, e o jeito que se veste”, disse.

Os versos também fazem referência a “The Way You Make Me Feel”, de Michael Jackson. Vale lembrar que em “First Person Shooter”, Drake se compara a Michael Jackson. “Gosto do ritmo do seu andar, do seu falar e de como se veste”, disse na nova música.

Lamar ainda julga a paternidade de Drake, contrastando-a com a dele, que participa ativamente da vida do seu filho:

“Eu tenho um filho para criar, mas posso ver que você não sabe nada sobre isso
Então diga a ele para orar, não saiba nada sobre isso
Ensinando-lhe moral, integridade, disciplina, escute, cara, você não sabe nada sobre isso”.

Entre tantos versos que atacam a vida, família, e integridade de Drake, Kendrick encerra o álbum questionando novamente a identificação racial do canadense como negro.

Diss atrás de diss

Com menos de uma semana após o lançamento de “euphoria”, Kendrick e Drake lançaram 4 músicas em apenas dois dias.

6:16 in LA

Em 3 de maio, Kendrick começou o dia postando na íntegra a faixa “6:16 in LA” em seu Instagram.

Family Matters

Horas mais tarde, Drake responde seu oponente com “Family Matters”. Nela, o canadense acusa Kendrick de agredir sua esposa, Whitney Alford, após descobrir uma suposta infidelidade. O cantor também julga o relacionamento, devido ao fato de estarem noivos desde 2015, e ainda não terem se casado.

meet the Grahams

Então, com “meet the grahams”, Kendrick apresenta a família de Drake, os Grahams, direcionando-se a cada um deles, estrofe por estrofe. Figuras como Sandi Graham (a mãe), Dennis Graham (o pai) e Adonis (filho de Drake), são mencionadas. Lebron James e Stephen Curry, estrelas do basquete, também têm seus versos, visto que são amigos do canadense. 

“Querida Sandra,

Seu filho tem alguns hábitos, espero que você não os prejudique

Caro Dennis, você deu à luz um mestre manipulador

Ayy, LeBron, mantenha a família longe, ei, Curry, mantenha a família longe”.

Nos trechos seguintes, o americano se dirige a uma suposta filha abandonada que Drake esconde há mais de 11 anos, segundo o rumor:“Querida menina, sinto muito que seu pai não seja ativo em seu mundo”. Para encerrar a faixa, Lamar se dirige ao próprio Drake com “Querido Aubrey”. 

Not Like Us

No dia 4 de maio, Kendrick abandonou a melodia melancólica e agressiva presente nas músicas anteriores e apostou em batidas mais animadas. “Not Like Us” foi um grande sucesso. Com apenas poucos dias de lançamento, a faixa já tocava em baladas americanas.

Nela, o americano continua com as mesmas denúncias anteriores, mas com um verso viral, faz um trocadilho que acusa Drake de pedofilia:

“Garoto amante certificado? Pedófilos certificados

Tentando tocar um acorde e provavelmente é lá menor”.

Kendrick faz alusão à amizade de Millie Bobby Brown e Drake, que causou estranheza nos internautas em 2018, devido às demonstrações de carinho por ambos nas redes sociais. 

Além disso, Drake namorou Bella Harris, modelo norte-americana. Em 2016, o rapper fez publicações em suas mídias que indicavam que eles já haviam tido relações sexuais. Nessa época, Bella tinha 16, enquanto o canadense tinha 30 anos.

A capa do álbum é a maior referência da denúncia, já que representa a mansão de Drake cercada por marcadores de aplicativos de criminosos sexuais.

Também é importante notar que, na escala lá menor do piano, não existem teclas pretas, sendo também uma alfinetada à identificação racial de Drake como negro.

The Heart part 6

Para encerrar a briga, em 5 de maio, Drake lançou “The Heart part 6”, onde negou as alegações de ser um pedófilo. Em um trecho, menciona não se interessar por “Millie Bobby Browns”, mas sim por “Whitneys”, nome da esposa de Kendrick Lamar.

Fim da briga?

Com mais de uma semana depois do último lançamento, crê-se que a discussão foi encerrada, ou ao menos, se esfriou. 

Com graves acusações de crimes, trocadilhos, críticas e ironias, os dois rappers evidenciam um conflito de muitos anos, que além de disputar quem faz melhor, demonstra a necessidade de aprovação do público e, no fim das contas, quem tem o ego mais inflado.

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O artigo abaixo foi editado por Julia Bonin.

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Gabriely Rodrigues

Casper Libero '27

Aspirante à jornalista. Cultura & todo o resto.