Chegamos em junho, também conhecido como o mês do orgulho LGBTQIA+, e a comunidade entra muito em destaque nesse período! Mas será que todo mundo ganha seu lugar nos holofotes? Você conhece as demais sexualidades e identidades dentro do QIA+? O que são e o que significam? Hoje você vai conhecer algumas e de quebra descobrir alguns filmes, séries e livros que contam um pouco de suas histórias para poder se aprofundar mais no assunto. Se interessou? Continue lendo!
I é de Intersexo
Esse talvez seja, pelo menos para mim, o menos representado na mídia. Uma pessoa intersexo, segundo a Abrai (Associação Brasileira de Pessoas Intersexo) e o Escritório do Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, é alguém que possui características sexuais que, desde o nascimento, não se enquadram nas normas médicas e sociais para corpos masculinos e femininos.
Em alguns casos, é perceptível logo no nascimento, em outros, podem surgir características na puberdade ou ficar aparente apenas mais tardiamente na vida. Um exemplo de pessoa famosa intersexo é Karen Bachini, uma influenciadora, que já falou sobre sua história de autodescoberta em seu canal no YouTube.
Na novela original Renascer a personagem Buba era intersexo. Já no remake mais recente, é uma mulher trans, e o bebê que vai adotar é intersexo, tendo nascido com genitália ambígua.
Outro exemplo é o documentário Every Body, que fala sobre a vida de pessoas intersexo e sua luta contra cirurgias precoces e não consensuais ao nascer para definição de sexo.
Não-binários
O termo não-binário é um termo guarda-chuva. Ou seja, dentro dele há outras identidades de gêneros que não seguem o binarismo.
Na ficção, temos o exemplo de Elena, de One Day At The Time, que dá de presente de dia dos namorados para Syd, com quem tem um relacionamento, um cartão com um “coração não-binário”.
Pessoas agênero, por exemplo, são aquelas que não se identificam e não se sentem pertencentes a nenhuma identidade de gênero. Nesse caso, não há identificação nem mesmo com a própria concepção de gênero. O termo refere-se a uma forma de se ver no mundo e de se construir como pessoa sem as amarras que as definições de gênero podem ter.
Outro termo é gênero fluido, utilizado para qualquer pessoa cuja identidade de gênero transite entre mais de um gênero, alternando com o tempo.
Já queer é uma palavra em inglês que significa “estranho” e que costumava ser usada de forma pejorativa e homofóbica. Porém, mais recentemente, foi adotada pela própria comunidade como uma forma de identidade para pessoas que não se sentem pertencentes aos padrões impostos pela sociedade. Dessa forma, podem transitar entre gêneros, não concordar com rótulos ou não definir seu gênero.
A é de Assexual
A assexualidade é um espectro. Ou seja, existem várias formas diferentes de ser assexual (ou “ace”, como muitos chamam) e não é apenas uma que está certa. Por definição, uma pessoa assexual sente pouca, condicionada ou nenhuma atração sexual.
Outra coisa que é necessário entender é que atração e desejo sexual são coisas diferentes. Por exemplo, é possível não sentir atração sexual e gostar de sexo. Pense como se a atração fosse a vontade de tomar um suco ou um chá ou um refrigerante, seja qual deles você preferir mais. Já o desejo é a sede. Fez sentido? Então, alguns assexuais gostam de sexo, outros não. Alguns sentem atração às vezes, outros nunca. Lembrando que nada disso impede uma pessoa assexual de estar em um relacionamento.
Existem diferentes identidades e rótulos dentro da assexualidade. A demissexualidade talvez seja o que é mais conhecido entre os micro-rótulos. Nesse caso, com uma conexão muito forte, a atração acaba sendo desenvolvida com o tempo. Existem outras identidades na chamada “área cinza” da assexualidade, tais como a aegossexualidade, greysexualidade, entre outros. Muitos aces não se utilizam de micro-rótulos, mas se sentem diferentes uns dos outros. Portanto, quando alguém disser para você que é assexual, não faça suposições.
…e de Arromântico
Na mesma lógica que a assexualidade, nós temos a arromaticidade, que também é um espectro. “Aros” também sentem pouca, condicionada ou nenhuma atração romântica, que é diferente de atração sexual ou estética, por exemplo. Assim como no espectro ace, existem vários outros micro-rótulos, como demiromântico, greyromântico, etc. Não necessariamente uma pessoa arromântica não pode ou não quer estar em um relacionamento. Existem vários tipos de relacionamentos e de pessoas.
Muitos aros não são ace e vice-versa, mas, para aqueles que se veem em ambos os espectros, existe uma bandeira que junta os dois.
Uma boa recomendação de livro para entender mais sobre assexualidade e arromaticidade é o Sem Amor, de Alice Oseman (que também escreveu o famoso Heartstopper), que conta sobre a autodescoberta de uma garota aroace.
Orientações multi: bi, pan, poli e omni
A bissexualidade, provavelmente a mais conhecida, estando no começo da sigla, significa atração por mais de um gênero. Sempre muito confundidas por serem rótulos que indicam atração por mais de um gênero, as diferenças entre as orientações multi são mais teóricas do que práticas.
Mas primeiro, é importante ressaltar: o “Manifesto Bissexual” diz explicitamente:
“Não presuma que bissexualidade seja binária ou duogâmica por natureza: que temos “dois” lados ou que devemos nos envolver simultaneamente com ambos os gêneros para sermos seres humanos completos. De fato, não presuma que só existem dois gêneros.”
Ou seja, esta comunidade não se restringe a sentir atração por apenas dois gêneros, qualquer quantidade de gêneros maior do que um é incluída nessas definições. Falo isso pois já foi muito espalhado por aí sobre a bissexualidade se limitar a binaridade de gênero, o que não é verdade.
- Polisexualidade: atração por múltiplos gêneros, mas não necessariamente todos. Diferente de poliamor.
- Omnisexualidade: atração por todos os gêneros, mas que é determinada por gênero. Uma pessoa omni pode achar diferentes coisas atraentes em diferentes gêneros, ou ter preferências baseadas em gênero.
- Pansexualidade: atração por todos os gêneros e que não é determinada por gênero. Ou seja, nesse caso, o gênero não é relevante para ser sentida a atração.
Na série Schitt ‘s Creek, logo na primeira temporada, David, um dos protagonistas, explica a própria sexualidade para outra personagem, que pensava que ele se atraía apenas por homens. David usa uma metáfora com vinhos para explicar que “gosta da bebida e não do rótulo” – inclusive, o termo pansexual chega a aparecer no episódio.
Já na literatura, um livro nacional com protagonismo pan é Querida Penélope, um romance onde a protagonista, Cleo, aceita, por falta de opção, o trabalho de escrever cartas eróticas para figuras do judiciário brasileiro, com a ajuda de sua ex-namorada.
Existem diversos rótulos e formas de se identificar e sentir orgulho. Enquanto escrevia esse texto, procurei entender e estudar por várias fontes, tentando explicar da melhor forma possível cada identidade de forma responsável, e procurei muito por exemplos em filmes, séries e filmes. No processo, percebi ainda muita falta de representatividade na mídia, apesar de estar aumentando recentemente. Neste mês do orgulho, vamos refletir sobre isso e tentar ouvir quem não se sente ouvido o ano inteiro. Por mais LGBTQIA + na mídia!
Este artigo foi editado por Juliana Sanches.
Gosta deste tipo de conteúdo? Então confira a Her Campus Cásper Líbero para mais.