Com grandes sucessos de bilheteria, mas também grandes fracassos, os números não mentem: o subgênero conhecido como “filmes de super-heróis” ganhou grande notoriedade em Hollywood. Diante de uma enxurrada de filmes e séries sobre a temática sendo lançada todos os anos, uma queda repentina na bilheteria dessas obras abalou os estúdios dessas produções, com uma possível fadiga tendo atingido o público consumidor.
Essa tal fadiga atingiu tamanha proporção que ganhou um termo em inglês, a “superhero fatigue”. Afinal, será que as pessoas realmente já não querem mais consumir tais obras ou essa é uma opinião crítica isolada sobre o assunto?
A popularidade dos super-heróis
As histórias em quadrinhos são as obras-primas base dos filmes e séries de super-heróis, mas a grande questão é que essas adaptações deixaram de ser apenas uma luta entre o mocinho e o vilão há muito tempo. O que antes era visto como entretenimento apenas para crianças e adolescentes, hoje ganhou enormes proporções e atrai cada vez mais um público diversificado.
Grande parte da popularidade dessas produções se deu graças aos chamados “nerds”. Antes estereotipado e visto como estranho, agora esse grupo compõe uma grande comunidade com os admiradores que se identificam com essas narrativas heróicas, marcando presença tanto online quanto em eventos e convenções que acontecem todos os anos, o que ajuda no engajamento.
Os universos ficcionais dos heróis conquistaram também seu espaço na nossa realidade como parte da cultura popular, influenciando a moda, a música, os brinquedos, os jogos, etc. Esse diálogo direto com outras obras é o que torna esse subgênero tão amplo e referencial no mundo todo. Um exemplo é a cena icônica de Guardiões da Galáxia, em que Peter Quill dança ao som de “Come and Get Your Love”, da banda Redbone, fazendo com que muitas pessoas associem a música à franquia.
Com grandes poderes vêm grandes responsabilidades
Apesar de toda a popularidade e de contar com espectadores fiéis, encontrar um equilíbrio entre a integridade artística e o sucesso financeiro tem sido um desafio para os grandes estúdios. Por apresentarem tramas que se prolongam por tantos anos, a comercialização exagerada e a pressão para lançar novas produções constantemente podem ser alguns dos motivos que comprometem a originalidade e qualidade que se perderam em algumas delas.
Em 2019, o lançamento de Vingadores: Ultimato, o último filme dos Vingadores da Fase 3 do Universo Cinamatográfio da Marvel (MCU em inglês), ficou marcado para muitos fãs como o fim da era boa desse universo. Desde então, a Marvel acompanhou o decaimento de sua popularidade e um aumento das críticas nas Fases 4 e 5, que vieram em seguida e seguem em andamento.
O lançamento do streaming Disney+ em 2020 no Brasil, além de outros que disponibilizam esses filmes e séries para seus assinantes, foi o que manteve firme as novas propostas dos estúdios em meio à pandemia nos anos de 2020 e 2021, que inevitavelmente afetaram a indústria cinematográfica em grande escala. Foi com essa aposta que surgiram séries como Loki, WandaVision e Cavaleiro da Lua, que também ajudaram no desenvolvimento dos personagens fora das principais apostas do estúdio para o cinema, interligando as tramas.
Mesmo diante do bom retorno que tantas dessas obras receberam, os filmes de super-heróis se tornaram alvos de críticas pelos profissionais da área e fãs de cinema. O atual desenvolvimento dos personagens e efeitos especiais de última geração não têm sido o suficiente para minimizar os comentários negativos cada vez mais frequentes.
Cada filme é um risco e os próprios diretores sabem que as pessoas estão insatisfeitas com alguns resultados. Em uma entrevista para a Rolling Stone em abril deste ano, James Gunn, um dos chefes da DC nas produções cinematográficas, comentou que a culpa não é dos personagens, mas sim das histórias que às vezes seguem a mesma narrativa genérica e sem fundamento. Em suas palavras:
“ Se você não tem uma história na base, não importa o quão inteligentes sejam esses momentos contundentes, não importa o quão inteligentes sejam os designs e os efeitos visuais, isso se torna cansativo.”
James Gunn, chefe de produção da DC
Mais promessas a caminho
A verdade é que as críticas dos especialistas nem sempre representam necessariamente toda a opinião popular dos consumidores desse tipo de obra. Há aqueles que adoram as novas adaptações cinematográficas, enquanto outros temem toda vez que uma nova é anunciada. O público continua dividindo opiniões nas redes quanto ao assunto, porém sempre aguardando ansiosamente por cada nova produção.
Aos poucos, o cenário parece mudar para o MCU. Com mais de US$1,5 bilhão arrecadado até o momento, o recente lançamento de Deadpool & Wolverine assume a segunda posição entre os filmes com maior bilheteria do ano, além de bater o recorde de maior bilheteria de um filme com classificação indicativa para maiores de idade.
Por outro lado, algumas decisões do estúdio não são bem recebidas e são tidas até mesmo como um ato de desespero. Em uma tentativa de recuperar seus tempos de glória, a Marvel anunciou no fim de julho, em seu painel na San Diego Comic-Con, que o ator Robert Downey Jr., conhecido mundialmente como o herói Homem de Ferro, retornará aos estúdios para assumir o papel do vilão Doutor Destino em Vingadores: Doomsday e Vingadores: Guerras Secretas, previstos para serem lançados em 2026 e 2027, respectivamente.
Ao mesmo tempo, depois do êxito com Deadpool & Wolverine e desde já com a mesma expectativa para o retorno do Quarteto Fantástico às telonas em 2025, os estúdios Marvel já negociam novas aparições de Hugh Jackman no MCU.
Ao invés de ser visto como algo positivo, muitos fãs e críticos veem esses retornos dos clássicos como uma tentativa dos estúdios de se reconciliarem com o público, mantendo os heróis queridinhos sempre à vista, como uma certeza de que irão acompanhar a nova trama de um personagem antigo e terão as vendas de bilheteria garantidas.
Além disso, já se ouvem rumores sobre uma continuação com um quarto filme da franquia de Deadpool, produzida e estrelada por Ryan Reynolds. Talvez seja exatamente sobre isso que os fãs tanto temem e ao mesmo tempo tanto aguardam. Uma boa produção nunca para em si mesma.
Essa responsabilidade que as histórias dos quadrinhos e filmes tiveram em nossa infância ainda toma conta daqueles que presenciaram as mais diferentes versões de heróis, por isso continuam na expectativa de produções melhores, pois sabem do potencial que essas obras carregam.
Os diretores precisam repensar suas prioridades e relembrar o que foi feito no início, que fez com que as pessoas se apaixonassem pelos heróis e fez com que as crianças do mundo todo desejassem um dia se tornar um deles.
Ainda com data de estreia nos cinemas este ano, outro filme que tem potencial de bater US$1 bilhão de bilheteria é Coringa: Delírio a Dois, da DC. O longa contará com o protagonismo de Joaquin Phoenix como Coringa, ao lado de Lady Gaga, que promete trazer uma versão mais autêntica de sua personagem Arlequina.
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O artigo acima foi editado por Julia Pujar.
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