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This article is written by a student writer from the Her Campus at Casper Libero chapter.
O médico gastroenterologista Irineu Rasera Júnior falou sobre o procedimento, que é indicado para pacientes com obesidade mórbida

A cirurgia bariátrica é um procedimento de redução do volume estomacal que diminui a fome, aumenta a saciedade e modifica processos metabólicos, visando a grandes perdas de peso. Surgida na década de 1950 como uma cirurgia intestinal, sofreu alterações até chegar ao que é hoje.

No Brasil, a cirurgia bariátrica chegou na década de 1980, com o médico Salomão Chaib. Seu aluno, Arthur Garrido, modificou a cirurgia, tornando-a um procedimento realizado no estômago, como a conhecemos hoje. Inicialmente restrita às capitais estaduais — Rio de Janeiro, Curitiba e Recife — o procedimento passou a ser realizado em Piracicaba, interior de São Paulo, em 1998, pelo médico gastroenterologista Irineu Rasera Júnior. Em entrevista à Her Campus Cásper Líbero, Rasera revela tudo o que você precisa saber sobre a operação.

Quem deve fazer?

A cirurgia bariátrica é indicada para pacientes com obesidade mórbida (Índice de Massa Corporal – IMC acima de 40), obesidade grau 2 (IMC entre 35 e 40 e presença de comorbidade) e obesidade leve, no caso de pacientes com diabetes de difícil controle.

Essa operação é o único tratamento comprovadamente eficaz para a obesidade mórbida. “O ideal seria o uso de medicamentos sem efeitos colaterais para controlar o peso, mas não temos isso atualmente, nem está no horizonte”, explica Rasera. A cirurgia é sempre o último recurso ao qual o paciente recorre, após ter tentado emagrecer por outros caminhos, sem sucesso.

Quando o paciente procura o cirurgião para discutir a possibilidade de realizar uma cirurgia bariátrica, ocorre primeiramente uma avaliação física — pesagem e cálculo do IMC. A partir daí, o médico avalia se o paciente possui as indicações para passar pela cirurgia.

Existe ainda uma equipe multidisciplinar que atua conjuntamente ao cirurgião, composta por psicólogos, fisioterapeutas, nutricionistas e preparadores físicos. Isso porque, segundo Rasera, em torno de 80% dos candidatos à cirurgia bariátrica possuem algum diagnóstico psiquiátrico, como depressão, ansiedade, alcoolismo etc. No início, a equipe multidisciplinar tinha o poder de autorizar ou barrar o candidato à cirurgia bariátrica. Contudo, atualmente, isso mudou.

“Hoje, a equipe multidisciplinar não seleciona nem bloqueia os pacientes. O que ela faz é examinar caso a caso e avaliar se aquele é o melhor momento para a realização da cirurgia, ou se é melhor esperar”. Rasera salienta ainda que não se trata de uma cirurgia de urgência, como as de remoção de câncer. “Existem dois tipos de casos. O primeiro é o paciente que tem um problema crônico, como uma depressão, por exemplo. Nessa situação, a equipe multidisciplinar pode avaliar que o melhor é fazer a cirurgia e continuar tratando o problema psiquiátrico no pós-operatório. O segundo caso é o paciente que está passando por um problema agudo, como uma crise familiar. Então a equipe poderia sugerir que a cirurgia fosse feita após a resolução do problema”, explica. “Na minha opinião, a equipe multidisciplinar faz toda a diferença”.

Rasera ressalta também que sob nenhuma hipótese o paciente deve tentar engordar mais para atingir as qualificações para a realização da cirurgia bariátrica. “Médicos que assim orientam estão agindo de maneira imoral, ilegal. O objetivo dos médicos deve ser auxiliar o paciente a emagrecer e ter saúde, não engordar e desenvolver comorbidades”.

Sucesso ou fracasso

Rasera afirma que não há como prever se a cirurgia será exitosa, mas que há uma taxa de 90% de resultados bem-sucedidos (excelentes, bons e aceitáveis). “Estes são os pacientes que buscam a cirurgia após terem tentado emagrecer por outros meios, sem sucesso, e que entendem que a operação é uma ferramenta de auxílio no processo de emagrecimento, não um salvador da pátria. Já a grande maioria dos outros 10% são pacientes que recorrem à cirurgia com a ideia de que ela os fará emagrecer milagrosamente, o que não acontece”, conta.

Há ainda os casos que não logram êxito devido ao uso de medicamentos ou de doenças genéticas raras e pouco conhecidas. O gastroenterologista ressalta que existe também uma diferença de pessoa para pessoa, cada organismo se comporta de um jeito no pós-operatório. Homens, por exemplo, tendem a perder mais peso do que mulheres, por uma questão hormonal.

O essencial, segundo Rasera, é que o paciente entenda que a cirurgia é apenas uma etapa do processo de emagrecimento. “Muitas vezes, o mais difícil não é emagrecer, mas manter o peso”. O gastroenterologista revela que o consumo de cerveja é a principal causa de fracasso no pós-operatório, seguida pela ingestão de bebidas açucaradas, como refrigerantes, e pelo sedentarismo. O acompanhamento da equipe multidisciplinar é fundamental para que o paciente consiga emagrecer com saúde e preservar as conquistas. “Logo após a cirurgia, as consultas com o cirurgião e a equipe são frequentes, e vão se tornando mais esparsas ao longo do tempo. O ideal é que, depois disso, o paciente passe por uma avaliação anualmente”, diz Rasera.

Existem riscos?

Rasera explica que, como em qualquer cirurgia ou tratamento medicamentoso, existem riscos. “É preciso avaliar a relação risco-benefício”, diz. “Não é o risco da cirurgia contra risco zero; é o risco da cirurgia contra a chance de infartar, desenvolver diabetes, ter artrose no joelho e precisar operar, e por aí vai”.

Nesse sentido, há as complicações intraoperatórias (como perfurações, problemas com anestesia, embolia e até morte), mas também os riscos que o paciente corre devido às comorbidades. “Muitos dos candidatos à cirurgia bariátrica apresentam comorbidades, como hipertensão, diabetes, membros amputados, histórico de infarto, tabagismo, etc. Os riscos são inerentes às comorbidades desses pacientes”.

Técnicas

As técnicas utilizadas são escolhidas de acordo com o sistema de saúde (SUS, saúde suplementar ou particular) e com o cirurgião. “Geralmente, os pacientes procuram o cirurgião por indicação, então já sabem a técnica com que ele costuma trabalhar”, diz Rasera.

Quanto ao acesso, existem três técnicas que podem ser utilizadas: corte, videolaparoscopia e robótica.

Já em relação às técnicas do procedimento em si, são duas: by-pass gástrico ou sleeve, —  esta última, a mais executada no mundo. A primeira tem vantagem na parte metabólica, principalmente para diabéticos e pacientes com IMC mais baixo.

O sleeve é uma técnica irreversível, porque retira um pedaço do estômago. “Teoricamente, essa técnica seria mais fácil de se fazer, mas possui alguns inconvenientes: um a cada cinco pacientes apresenta refluxo, e a perda de peso não é tão boa”, diz Rasera. “Prefiro o by-pass, em que o restante do estômago permanece na cavidade abdominal, então é um processo reversível e que apresenta melhores resultados”.

Custos

Rasera informa que é difícil dizer exatamente quanto custa uma cirurgia bariátrica. “No SUS, é um procedimento gratuito, com direito a, no mínimo, 18 meses de acompanhamento pós-operatório. Na saúde suplementar, é difícil prever o custo, depende muito da operadora. Já nos casos de cirurgia particular, são cerca de 35 mil reais para videolaparoscopia e 50 mil reais para robótica”.

Atenção!

Para concluir, Rasera explica que é necessário que o paciente esteja muito atento às novidades. “Os médicos devem sempre se atualizar, estudar, mas é importante ressaltar que nem tudo o que é novo é necessariamente bom”.

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O artigo acima foi editado por Carolina Grassmann.

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I’m a writer and Journalism student at Cásper Líbero. Besides writing and reading, I’m fascinated by culture, arts and wellness.
Carolina is a national contributing writer and was formerly a summer and fall 2021 editorial intern at Her Campus. She's a Brazilian journalist and writer, and she's very passionate about TikTok, coffee shops, and Taylor Swift.