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This article is written by a student writer from the Her Campus at Casper Libero chapter.

Diferente do movimento feminista na Europa, a luta no Brasil começou tardiamente e ainda levantando questões que nos países europeus não eram faladas, assuntos de necessidades básicas, como luz, asfalto, água e esgoto. A desigualdade social sempre foi um grande problema no país o que contribuiu para esse atraso.

Outro obstáculo para a disseminação dos princípios feministas foi a Igreja Católica. O clero reprimia qualquer tipo de discurso que fosse contra as suas regras e demandas, por isso quando o movimento começou a tomar força houve um conflito direto entre a Igreja e as mulheres.

O momento de maior expansão da luta no país foi o da Ditadura Militar (1964 – 1985), período em que várias mulheres que lutavam pela liberdade foram caçadas, torturadas presas e exiladas. Por mais que o movimento feminista tenha demorado para começar, foram diversas as mulheres que contribuíram para se ter os direitos que tem-se hoje. A luta feminista continua se intensificando no Brasil, ganhando cada vez mais força. Muito já foi conquistado, mas luta não ainda não acabou, estamos juntas nessa garotas!

Por isso separamos 10 mulheres feministas brasileiras que destacaram-se, ao longo da história até os dias de hoje, revolucionando o feminismo.

Nísia Floresta (1810 – 1885)

Dionísia Gonçalves Pinto, como era seu verdadeiro nome, é considerada uma das primeiras feministas do Brasil, foi professora, poeta e escritora. Sempre se mostrou a frente de seu tempo, defendia o voto feminino, a educação científica e também os direitos das mulheres dos negros e índios.

 Em 1831, começou a escrever para o jornal “O Espelho das Brasileiras” de Recife, em que expunha as condições vividas pelas mulheres. Um ano depois publicou seu primeiro livro “Direito das mulheres e injustiça dos homens”, não satisfeita, ao se mudar para o Rio de Janeiro, no ano de 1838, ela fundou uma das primeiras escolas para meninas do país, o Colégio Augusto, o qual não ensinava apenas o que a Igreja impunha, mas também sobre as ideias feministas. Até o final de seus dias ela continuou se mostrando  ativa na luta pela liberdade da mulher.

Leolinda Daltro (1859 – 1935)

Professora, sufragista e indigenista. Por seu senso de justiça ficou conhecida como “a Mulher do Diabo”, ela era ativista, andava por espaços considerados masculinos e acreditava na transformação pela educação. 

Em 1910, Leolinda junto com Gika Machado fundou o Partido Republicano Feminino, quebrando com todos os padrões da época. Em 1916, mesmo não tendo direitos políticos, ela apresentou um requerimento que solicitava o direito do voto feminino. “Como mulher que sou, com um sentido superior de altruísmo, tenho me preocupado com a necessidade de minorar o sofrimento humano e de se atingir uma melhor distribuição da Justiça.” — Leolinda Figueiredo Daltro, para a Revista Feminina.

Bertha Lutz (1894 – 1976)

Foi cientista, líder feminista, zoóloga de profissão e política paulista. Por sua determinação pelo direito do voto feminino, no ano de 1919 criou a Liga para a Emancipação Intelectual da Mulher, que posteriormente veio a se tornar a Federação Brasileira pelo Progresso Feminino (FBPF). Três anos depois, Lutz representou as mulheres brasileiras na Assembleia-Geral da Liga das Mulheres Eleitoras, nos EUA, e foi eleita vice-presidente da Sociedade Pan-Americana. 

Em julho de 1936, foi eleita deputada na Câmara Federal, seu mandato foi focado na mudança da legislação quanto ao trabalho das mulheres e do menor. Com o regime do Estado Novo, Bertha continuou ocupando cargos públicos até 1964, quando se aposentou. Em 1975, ano em que a ONU estabeleceu o ano Internacional da Mulher, ela foi convidada pelo governo brasileiro a integrar a delegação do país para o primeiro Congresso Internacional da Mulher.

Pagu (1910 – 1962)

Patrícia Rehder Galvão foi uma das figuras femininas mais polêmicas que o país conheceu no século XX. Jornalista, militante política, diretora de teatro e escritora. Começou a escrever na adolescência, com 15 anos colaborou no Brás Jornal sob o pseudônimo de Patsy. Aos 20 se aproximou de Tarsila do Amaral e Oswald de Andrade no movimento antropofágico, dois anos depois se casou com Oswald, causando grande choque na sociedade. O casal filiou-se ao Partido Comunista em 1931, e já em agosto do mesmo ano, ao participar de um confronto entre trabalhadores e a polícia em Santos, Pagu se torna a primeira brasileira presa política. 

Ao ser libertada em 1933, publica o romance Parque Industrial usando o pseudônimo Mara Lobo, depois começa a viajar pela Europa, é assim que entrevista Sigmund Freud e cobre a coroação do Imperador Pu-Yi na China. Ela foi presa diversas vezes e nessas prisões foi torturada, o que a abalou fortemente, tentou suicídio algumas vezes, mas nunca desistiu de sua luta pela igualdade e liberdade das mulheres. Faleceu em 1962, vítima de um câncer.

Lélia Gonzalez (1935 – 1994)

Filha de um ferroviário negro e uma doméstica indígena, Lélia Gonzalez é um dos nomes mais importantes do movimento negro no Brasil. Graduou-se em filosofia e história, assim tornando-se professora da rede estadual, posteriormente fez um mestrado em comunicação social e doutorado em antropologia política/social. Foi uma das fundadoras do Movimento Negro Unificado (MNU), participou no Instituto de Pesquisas da Cultura Negra (IPCN) e do Coletivo Mulheres Negras N’Zinga, no qual foi uma das fundadoras também. Sua atuação pelo direito das mulheres negras acarretou uma indicação ao Conselho Nacional dos Direitos das Mulheres (CNDM), onde atuou de 1985 até 1989. 

Todas as suas obras refletem criticamente sobre o lugar do negro na cultura nacional, ela forneceu uma interpretação da cultura que rompe com a divisão entre colonizador e colonizado, dando protagonismo ao último, já que esses foram os que passaram valores para a formação da cultura brasileira. Lélia Gonzalez tem papel pioneiro na criação de uma teoria brasileira do feminismo negro, na qual raça, gênero e classe se articulam.

Leila Diniz (1945 – 1972)

Atriz, que foi estrela do cinema e artista da televisão, homenageada em poesia por Carlos Drummond de Andrade. Já, Rita Lee, Martinho da Vila e Erasmo Carlos a homenagearam com canções. Sempre foi um símbolo de liberdade e ‘rebeldia’. Em 1969, deu uma entrevista ao jornal O Pasquim, na qual dissera diversos palavrões, além de prezar pela liberdade sexual das mulheres, chocando toda sociedade brasileira. Em 1970, também foi alvo de ‘polêmica’ por aparecer grávida de biquíni na praia de Ipanema (RJ). Morreu precocemente aos 27 anos, vítima de uma trágico acidente de avião.

Sueli Carneiro (1950)

Ativista com o objetivo de enegrecer o feminismo brasileiro através de uma abordagem interseccional, ou seja, considerar raça, gênero, idade, religião e classe social ao mesmo tempo. Ganhadora do prêmio Itaú Cultural por ser uma das pessoas que atuaram significativamente na vida cultural e social do Brasil. Sueli cursou filosofia na USP em 1971, posteriormente doutorou-se em Educação. Sua militância política começa no Centro de Cultura e Arte Negra (Cean), em 1981 o Centro encerra suas atividades e já em 1983, Sueli reclama a participação de uma integrante negra no Conselho Estadual da Condição Feminina. 

Em 1988 funda o Geledés – Instituto da Mulher Negra, dentro dele criou o programa SOS Racismo, que presta serviços de atendimento jurídico e psicológico para vítimas de discriminação, e o Projeto Rappers, este se volta para a juventude negra. Em 2010, defendeu em uma audiência pública realizada pelo STF, o propósito das cotas raciais nas universidades brasileiras. “Eu sempre disse que, inspirada nas nossas matrizes religiosas, nós (mulheres negras) somos filhas de deusas que permanecem vivas no imaginário popular”, contou Sueli Carneiro à Revista CULT.

Vilma Reis (1969)

A socióloga e doutoranda em Estudos Étnicos e Africanos no PosAfro, pela UFBA, Vilma Reis, é uma das ativistas mais atuantes do movimento negro da Bahia, em 2019 ela lançou sua pré-candidatura à prefeitura de Salvador. Vilma foi criada pela avó após o falecimento de seu pai devido a um acidente de trabalho. “Nós não vivemos essa emoção de ver mulheres negras de esquerda no parlamento. Esse é o projeto que nós defendemos e que nós disputamos. (…) E nós estamos lutando para que se torne uma realidade”, disse Vilma em entrevista para a Revista AzMina.

Djamila Ribeiro (1980)

Djamila Taís Ribeiro dos Santos é mestre em filosofia política pela Unifesp, atualmente colunista da Folha de São Paulo e ELLE Brasil. O feminismo entrou em sua vida, quando aos 19 anos, começou a trabalhar na ONG Casa de Cultura da Mulher Negra, em Santos, perdurando mais 4 anos. Djamila possui grande presença nas redes sociais, lugar onde dissemina mais ainda sobre o feminismo negro. 

Em 2016 foi nomeada secretária-adjunta de Direitos Humanos e Cidadania da cidade de São Paulo. A ativista escreveu os livros: “Lugar de Fala”, “Quem Tem Medo do Feminismo Negro?”e “Pequeno Manual Antirracista”, além de escrever o prefácio do livro de Angela Davis, “Mulheres, Raça e Classe”. “Não dá para ser feminista sem ser antirracista, sem lutar contra a opressão por conta de orientação sexual e sendo a favor da maioridade penal e da reforma trabalhista”.

Preta Rara (1985)

“Rapper, turbanista, professora de história, modelo Plus Size, poetisa, idealizadora da página Eu Empregada Doméstica e proprietária da marca ‘Audácia Afro Moda’”. É assim que Preta Rara se apresenta em sua descrição no veículo “Mídia Ninja”. Contudo, antes de se tornar Preta Rara, ela foi Joyce Fernandes, a qual trabalhou como empregada doméstica na Baixada Santista, foi aí que sua luta começou, pois desde pequena sofreu por ser gorda, mulher e negra. Seu primeiro álbum, “Audácia”, foi lançado em 2015, ele gira em torno da realidade que as mulheres e o povo negro enfrentam no Brasil. Quatro anos depois, em setembro de 2019, publicou seu livro “Eu, empregada doméstica”.

“Para mim, resistir é estar viva. Porque a gente sabe que eu, mulher preta e gorda, já estou no mapa da vulnerabilidade social, independente de que partido ocupe [o poder]. Vou resistir através da arte, da música, do afeto dos meus iguais e não me calar com toda essa opressão que está por vir. Estou preparada para o pior”, disse Preta Rara em entrevista à Brasil de Fato.

Essas são apenas algumas das mulheres que marcam a história do feminismo no Brasil, mesmo tendo propósitos e justificativas diferentes, todas lutaram e lutam pela sua liberdade e seus direitos.

 

“The article above was edited by Mariana Miranda Pacheco.

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Beatriz Testa

Casper Libero '23

Hi! I’m Beatriz a student of Journalism at Cásper Líbero in São Paulo. My passions are to read, to write, but especially I love to dance if I’m dancing, I’m happy.