Esse gênero literário foi criado em 1895 e, a princípio, não foi muito valorizado. Pelo contrário, ele foi deixado de lado e rotulado como mal exemplo para crianças e adolescentes. Nos anos 60, essa arte invadiu o mundo acadêmico e ganhou a simpatia de estudantes e professores, se tornando um enorme sucesso. Muitos associam Histórias em Quadrinhos – as famosas HQ’s – ao mundo geek e histórias de super-heróis, mas esse formato de leitura vai muito além disso.
Abaixo, conheça algumas HQ’s que você precisa conhecer!
- Retalhos, Craig Thompson e Érico Assis
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Escrita de forma autobiográfica e muito premiada nos últimos anos, Retalhos retrata a vida de Thompson, um dos escritores da obra. A história se passa no Meio Oeste americano, em uma cidadezinha que sempre está coberta por neve e narra desde a infância até o início da vida adulta da personagem. A narrativa mostra como seu crescimento foi marcado pelo temor a Deus, enfatizado pelas trágicas passagens da bíblia, pela imposição de sua família, por seu pastor e pelo colégio. Essa pressão acaba atrapalhando seus desejos e a maneira de se expressar nos desenhos.
Ao mesmo tempo, o jovem conta sobre a relação com seu irmão mais novo do qual, com o passar do tempo, foi se distanciando. Durante a adolescência, seus sonhos acabam tomando forma em Raina, uma garota animada e impulsiva, de personalidade totalmente oposta à do garoto, que o ensina e muda sua visão de Deus, de sua família e de seu futuro.
- Maus, Art Spiegelman
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Maus (“rato”, em alemão) é a história de Vladek Spiegelman, um judeu polonês que conta em entrevista realizada pelo seu filho, Art Spiegelman, experiências às quais sobreviveu no campo de concentração de Auschwitz.
Nas tiras, os judeus são desenhados como ratos, os nazistas ganham feições de gatos, os poloneses são porcos e os americanos, cachorros. Esse recurso, aliado à ausência de cor dos quadrinhos, reflete o espírito do livro: um relato incisivo e perturbador, que evidencia a brutalidade da catástrofe do Holocausto.
Art conversa com o seu pai sobre sua vivência, ele conta como culminou a Segunda Guerra Mundial até a liberação das pessoas nos campos de concentração. É implacável com o protagonista, seu próprio pai, retratado como valoroso e destemido, mas também como avarento, racista e mesquinho.
- Persépolis, Marjane Satrapi
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Marjane Satrapi, nascida em uma família moderna e politizada, tinha apenas dez anos quando foi obrigada a usar seu véu islâmico. Persépolis retrata sua infância até os primeiros anos de sua vida adulta no Irã, durante e após a Revolução islâmica.
Vendo um movimento de esquerda tornar-se uma ditadura religiosa, ela é mandada por seus pais para a Áustria, para completar seus estudos. Após conhecer um pouco mais do mundo, que só havia visto em livros, ela retorna ao seu país. Muito incerta sobre seu caminho, a chance de uma nova vida aparece.
- Fun Home: Uma tragicomédia em família, Alison Bechdel e Andre Conti
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Uma obra-prima sobre relações familiares, sexualidade e literatura, Fun Home tem uma narrativa autobiográfica não linear. As tiras narram a vida da autora, Alison Bechdel, na zona rural da Pensilvânia e, foca na relação que tem com o seu pai, Bruce. Pouco depois de revelar à família que é lésbica, Alison Bechdel recebe a notícia de que seu pai possivelmente se suicidou. A autora refaz os próprios passos, da criança que cresceu entre os cadáveres da funerária da família à jovem que se encontrou nos livros e na arte.
- Locke & Key: Bem-vindo a Lovecraft, Joe Hill
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O quadrinho é o primeiro volume da série, que conta a história da família Locke. Os irmãos Bode, Kinsey e Tyler Locke, após passarem por traumas causados pela perda de seu pai, se mudam com sua mãe para a mansão de seus ancestrais paternos na Nova Inglaterra, a fim de esquecerem seu passado e seguirem a vida. A casa, conhecida como Keyhouse, guarda mistérios e aventuras inimagináveis que, ao serem descobertas, fazem com que os segredos do passado de seu pai comecem a aparecer.
E aí, qual dessas histórias vai entrar para a sua lista de leituras?
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O artigo acima foi editado por Vivian Cerri.
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