No primeiro semestre da tão esperada faculdade pública, Letícia Macedo, 19 anos, tem o seu início no curso de pedagogia marcado por incertezas por conta da pandemia causada pelo novo coronavírus. A estudante da USP, Universidade de São Paulo, corre o risco de ter o seu semestre anulado. “Recebemos uma suspensão inicial da CRUESP [Conselho de Reitores das Universidades Estaduais Paulistas], que optou pelo cancelamento de todas as aulas das universidades públicas”, explica Letícia.
Na USP, cada faculdade está tomando suas próprias decisões. No caso da FEUSP, onde é ministrado o curso de Pedagogia, as aulas estão totalmente suspensas, sem atividades remotas ou EAD. “Tem algumas faculdades na USP que estão tendo aulas online, mas eu concordo com a suspensão das aulas. Em pedagogia, por exemplo, a maioria das aulas são feitas em forma de debate; é uma construção. É complicado fazer isso online. E tem a questão da acessibilidade também, tem gente que mora no CRUSP [Conjunto Residencial da USP] ou em locais que não tem acesso à internet.”
Como apontou a estudante, as moradias fornecidas pela USP não possuem acesso à internet. Além disso, os apartamentos não contam com cozinhas nem abastecimento de gás. Sendo assim, esses alunos só se alimentam por meio do bandejão, que agora trabalha em horário especial apenas para atender os alunos moradores do CRUSP.
No sistema particular de ensino, considerando a situação financeira dos alunos, escolas como os Colégios Anglo e Objetivo optaram por continuar suas aulas online, por vídeos-aulas ou plataformas digitais. Não foi o caso do Colégio Decisão Jardim Prudência, onde a estudante de 17 anos, Stephanie Coelho, cursa o seu último do Ensino Médio.
“A minha escola decidiu antecipar as férias de julho, só que a gente continua tendo atividades avaliativas ao longo desse mês. Não sei como vai funcionar, porque acho que não vamos ter tempo de repor tudo. Além de tudo, no final do ano a gente tem um monte de vestibular para prestar”, conta a estudante que pretende ingressar no curso de Direito em 2021.
Stephanie, que viveria sua viagem de formatura em julho, também teve que lidar com mais mudanças em virtude da COVID-19. “Eu e minhas amigas fechamos com a agência em julho já para não atrapalhar as provas ou ganharmos faltas. Com essa pandemia, a agência cancelou e disse que vai remarcar para o segundo semestre. Meu medo é bater com as datas de avaliações ou provas de vestibular.”
Pessoas que estão em intercâmbio fora do país sofrem ainda mais as consequências da pandemia. O estudante de arte cênicas, Leonardo Braga, começou seu intercâmbio em Portugal em janeiro. Lá, o número de mortes está mais ameno do que em outros países da Europa (no dia 17 de abril, 657), mas as aulas seguem apenas online, como no Brasil. Assim como Letícia, o jovem ainda não sabe como ficará seu futuro. “Minha faculdade está em conselho para decidir se o semestre vai ser anulado ou não, pois as nossas aulas são práticas.”
Leonardo conta que nem tudo é ruim nesta pandemia. “Eu moro em uma casa com outras 14 pessoas de vários lugares do mundo. Todos nós pegamos corona, mas estamos bem, apenas com sintomas leves. Alguns, com mais dinheiro, voltaram para seus países de origem, mesmo com as passagens aéreas à valores absurdos. Quem ficou, como eu, acabou ficando ainda mais próximo, por conta do isolamento domiciliar. Inclusive, acho que estou apaixonado.”
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O texto acima foi editado por Bruna Sales.
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