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Career

“Minha História Com Arte Sempre Foi Muito Natural”, Conta Jhenny Keller, A Engenheira Que Seguiu O Sonho De Virar Artista

The opinions expressed in this article are the writer’s own and do not reflect the views of Her Campus.
This article is written by a student writer from the Her Campus at Casper Libero chapter.

O artigo abaixo foi escrito por Bruna Roberti, Karina Almeida e Rafaela Bertolini e editado por Isadora Noronha. Gostou desse tipo de conteúdo? Confira Her Campus Cásper Líbero para mais!

Artista, jovem, TikToker, influenciadora e engenheira. Jhenny Keller é tudo isso e muito mais aos 26 anos. Mas o seu maior sonho sempre foi viver da arte. Entretanto, demorou anos para tomar coragem e seguir sua carreira como pintora. Foi aos 22 anos, durante os preparativos do seu casamento, o momento no qual ela descobriu que seu coração pertencia a algo diferente da Engenharia Civil. 

“Desde pequena, eu falava para minha mãe que eu queria ser uma artista, era uma coisa que eu gostava, mas na época era muito difícil”, comenta Jhenny Keller. Essa é a realidade de diversos jovens brasileiros ao tentar achar seu espaço como artista. Eles acabam seguindo outro caminho por falta de incentivo, reconhecimento e segurança econômica. “Com o passar dos anos, eu tive que optar por uma coisa mais racional e palpável. Somos ensinados que precisamos fazer uma faculdade a qual dê estabilidade financeira e foi por causa disso que eu escolhi a Engenharia Civil”, ressalta. Mesmo com esse dom criativo dentro dela, Jhenny reprimiu esse lado artístico para cursar Engenharia Civil. Aos 16 anos, seguir o caminho da arte era “algo utópico e muito distante”.

Foi aos 22 anos, durante os preparativos do seu casamento, que Jhenny teve uma ideia: a recém-formada decidiu fazer sozinha as tags dos convites para a cerimônia. Baseando-se em algumas inspirações, ela criou algo simples, mas que impressionou a todos e, inclusive, ela mesma. “O pessoal começou a falar muito sobre os convites e aquilo ficou na minha cabeça”, relata. 

Seguiu pessoas, estudou, buscou referências, isso tudo para aprimorar seu trabalho. “Lembro que eu segui uma moça, ela fazia paredes em residências. Ela morava em São Paulo e eu não tinha dinheiro para contrata-la”, conta Keller. Foi então que Jhenny teve uma epifania. A jovem diz que sua relação com a arte e o início do trabalho foi um processo intuitivo. “Eu selecionei uma frase e fiz um layout do jeito que eu achava legal. Em uma noite, conversei com meu marido se a gente poderia fazer uma parede aqui em casa, acabou que fiz e eu simplesmente me apaixonei pelo resultado”, ressalta.

Uma simples publicação no Instagram foi o suficiente para chamar a atenção de familiares e amigos. Cada vez mais pessoas começaram a elogiar e incentivar o seu trabalho. Foi assim que ela começou a pintar paredes de clientes e, no sexto trabalho como pintora, as coisas começaram a mudar. Ela deixou o racional e palpável em troca de seu verdadeiro sonho: agora Jhenny era uma artista de verdade. 

O Boom! e o Hospital

Com o passar das artes — e do tempo — começou a estudar com afinco o lettering, a técnica utilizada por Jhenny para a decoração das paredes. “Todos os tipos de conteúdo na internet eu ‘fuçava’, lia, treinava e observava. Acho que assim a gente consegue aprender muito”, comenta. Ainda trabalhando em paralelo com a engenharia, Keller decidiu não continuar pagando o CREA (Conselho Regional de Engenharia e Agronomia) e investiu totalmente em suas criações e na produção de conteúdo para as redes sociais. 

“Foi uma virada de chave em que eu tive que decidir mesmo”, pontua. Jhenny relata que, apesar das dificuldades e exigências, ela ama o que faz. O tempo de criação e execução é contabilizado como um só, mas cada obra depende muito da parede, dos desenhos e dos materiais utilizados. Ao mesmo tempo em que já pintou paredes em duas horas, também já precisou de pausas de dias para terminar o trabalho. “É louco, porque quando a gente trabalha com criatividade, o lado emocional acaba afetando diretamente na arte que a gente vai criar”, explica. 

Aos poucos sua arte começou a se espalhar e Jhenny cresceu nas redes sociais. Mas foi no final de 2020, quando foi convidada para participar de um projeto, foi quando seu trabalho ganhou um impulso, principalmente no TikTok. A obra foi feita no Hospital Jaraguá, em Santa Catarina. Foi um de seus maiores e mais demorados trabalhos. A oportunidade surgiu quando a administração do local contactou sua amiga, a arquiteta Nicolle Muller, sobre uma renovação da nova ala da maternidade. 

“Ela achou que o projeto tinha tudo a ver comigo e eu aceitei. Mas eu lembro que era um projeto super desafiador”, relata. A artista enfatiza que, diferente de seus trabalhos anteriores, era preciso criar um conceito, uma história e alguma coisa na qual fizesse sentido com a proposta. Elas trabalharam no projeto juntas, inspirando-se na sua cidade natal, Jaraguá do Sul, assim criando uma boa apresentação.  

Jhenny revela que todos os elementos têm um porquê. “A gente queria representar como se fosse uma cidade, em um hospital”, explica. O corredor principal contém representações das altas montanhas que rodeiam a cidade. Seguindo em frente, está o corredor com diferentes estilos de casas coloridas: laranja, verde, azul, amarelo e branco. Logo adiante, aproxima-se o corredor repleto de flores, que remete ao Parque Malwee, principal ponto turístico de Jaraguá do Sul.

@jhennykeller

Dia 1 – fazendo o maior trânsito que eu ja fechei!! #diadetrabalho #parededesenhada #art

♬ som original – Jhenny Keller

Contabilizando o tempo total, Jhenny trabalhou por 120 horas. “Foi um processo bem cansativo mentalmente, porque nós tivemos de criar tudo para executar no mesmo mês, mas foi bem gratificante pelo retorno que eu tive”, exprime. Todo o processo foi gravado e virou uma série de vídeos para o TikTok, contando desde o primeiro até o último dia de execução. 

“Foi uma semana de loucura, mas o primeiro vídeo já viralizou e nós não esperávamos isso”, expõe. Para ela, o trabalho foi gratificante por conta do retorno das redes sociais e pela reação do público. “As pessoas realmente entenderam o que a arte faz, ela muda as coisas e tem um poder enorme”.

Logo cada vez mais seu trabalho cresceu e sua visibilidade aumentou, assim as demandas dos seus projetos se espalharam por todo país. Apesar de uma grande transformação ter acontecido em sua vida, a artista de apenas 26 anos diz ter lidado bem com essa fama repentina. “Embora tenha mudado muitas coisas externamente em função da procura do meu trabalho, tenho que estruturar algumas questões em mim. Meu coração é uma coisa e sempre o blindo para não subir à cabeça” ressalta Jhenny.

O sonho que motiva sonhos

Com um número crescente de seguidores nas redes sociais, mais de 500 mil no TikTok, a artista constantemente recebe feedbacks que a motivam a continuar seguindo seu sonho. Ela relata um acontecimento marcante: “Logo no começo da minha carreira como artista, uma pessoa me mandou mensagem em áudio toda eufórica falando que tinha acabado de pedir demissão do emprego, porque estava infeliz há muito tempo. E o meu vídeo, foi uma virada de chave para ela. Então, quando isso começou a acontecer eu pensei ‘Nossa, eu estou na Terra para isso’”. 

Assim Jhenny continua com o seu trabalho. Enquanto o seu marido cuida da parte administrativa, ela lida com a criatividade, além de alimentar suas redes com conteúdos diários. Keller diz que mostra para o público apenas a ponta do iceberg, mas que há muito trabalho duro nos bastidores. Assim, com expectativas para o futuro, ela comenta que pensa em apostar na expansão de sua equipe e tem planos de criar algo online, ou seja, como venda de produtos feitos por ela. Além disso, Jhenny indaga que pensa em expandir seu jeito de fazer arte. “Quero começar a trabalhar com murais maiores, inserir tinta em spray em minhas artes, além de aprender técnicas diferentes. Gosto de sentir que eu estou evoluindo artisticamente”, declara.

@jhennykeller

Assista até o final 😭🥺 meu primeiro vídeo de mais de um minuto não poderia ser outro! #reflexao #arte #hospital

♬ som original – Jhenny Keller
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Bruna Roberti

Casper Libero '23

Estudante de jornalismo apaixonada pela área de entretenimento. Tenho como hobby ler livros, os meus preferidos são os de aventura. Também gosto de música, seja ela de qualquer tipo.
Karina Almeida

Casper Libero '23

Journalist from São Paulo, Brazil. Passionate about books, cinema and culture.
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Casper Libero '23

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