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Lockdown de Novo: O Que Está Acontecendo na China?

The opinions expressed in this article are the writer’s own and do not reflect the views of Her Campus.
This article is written by a student writer from the Her Campus at Casper Libero chapter.

Em 2020, o mundo vivenciou um período de amplas mudanças e adaptações a partir do início da pandemia da COVID-19. A virose originou-se na pequena cidade de Wuhan, na China, no final de dezembro de 2019 e alastrou-se pelo mundo em dimensões inesperadas, surpreendendo a todos – inclusive especialistas, que viram-se despreparados para as proporções que os contágios tomariam em questão de semanas. Com isso, o distanciamento social foi estabelecido como a melhor medida de controle do surto, que continua se proliferando até o momento. 

A cidade de Wuhan passou a ser uma espécie de marco, uma vez que não foi somente a primeira a possuir um caso do vírus letal, mas também a submeter a sua população a realizar quarentenas. Essa metodologia foi requerida rapidamente no país inteiro e, posteriormente, na maior parte do mundo, já que mostrou-se efetiva para barrar a rápida transmissão da doença. 

Portanto, após o período de aproximadamente um ano, a China alegava ter controlado o alastramento e consequências do vírus, e, aos poucos, diminuíram as medidas de restrição e segurança. Assim, a pequena cidade chinesa e, em pouco tempo, o resto do país, passou a ter retomado parte do seu antigo modo de vida: foram acrescentadas a utilização de máscaras e as marcas psicológicas sofridas pelos impactos do vírus, porém a população finalmente pode sair de casa.

2022: Voltando no Tempo

Contudo, mesmo após o que parecia ter sido o fim deste capítulo para a população chinesa, em março de 2022, Xangai, maior centro econômico da China, sofreu os maiores números de novos casos devido à variante Ômicron do vírus, superando até o pico atingido em Wuhan no início da pandemia da COVID-19. Desse modo, a sensação foi de que o país voltou no tempo e, mais uma vez, teria que viver a vida através da janela. No momento, a população vive com bloqueios rigorosos, que afetaram a economia na maioria dos lares do país e a qualidade de vida, uma vez que o governo chinês apresenta uma estratégia estrita de “COVID Zero”.

Vamos entender o que está acontecendo neste surto recente.

Através da Janela: A vida em confinamento

Com o intuito de prevalecer com sua política de “COVID Zero”, o governo da China ampliou as medidas de segurança. No dia 31 de março, implementaram um lockdown para toda a cidade e todos foram proibidos de sair de casa, a não ser que estes fossem realizar um teste para descobrir se tinham contraído a doença. O mais recente lockdown estava previsto para acabar no dia 5 de abril de 2022, porém, devido à falta de progresso, a cidade prevalece nesse período de quarentena total. 

Além disso, passaram a ser realizados testes obrigatórios em massa na cidade, e os indivíduos que testam positivo para a doença são transferidos para unidades de isolamento, que podem inclusive estar fora da cidade. Nesse contexto, a moradora Zhang Chen apontou em uma entrevista para a Agência Reuter que, apesar de serem pacientes hospitalares, “é como se eles fossem criminosos e fossem enviados para sofrer”, havendo até crianças separadas dos pais.

Nesse sentido, o governo optou por utilizar ginásios e vários hospitais como unidades de isolamento. Contudo, a precarização do modo de vida de sua população se agravou a partir da decisão de expulsar diversos indivíduos de seus prédios e blocos residenciais para utilizá-los com esse fim, deixando outros chineses nas ruas, sem lugar para ir ou se refugiar. Equipes de saúde da cidade viram-se novamente despreparadas para a onda de casos, de maneira que, segundo a mídia estatal, mais de 30 mil médicos tiveram que ser enviados para a cidade a fim de tratar a maior quantidade de casos possível. Entretanto, os esforços continuam a se mostrar, de certa, forma ineficazes.

Economia: Uma questão de sobrevivência

Os problemas para a população chinesa só aumentaram devido às rigorosas medidas de lockdown, uma vez que observou-se uma grande dificuldade em comprar alimentos, medicamentos e outros itens básicos. Nesse sentido, na cidade de Xangai quem faz o fornecimento desses itens, que deveriam ser considerados uma necessidade básica de sobrevivência, é o governo ou o Partido Comunista, que deixam sacos plásticos nas áreas externas, mas com reservas insuficientes para a demanda, o que desencadeia brigas e desespero entre os habitantes da cidade.

Além disso, o bloqueio em Xangai resultou em um declínio da economia chinesa, de maneira que resultou em perda de renda e afetou cerca de um terço da população do país, acarretando uma recessão no PIB anual da China. A partir disso, a China não é o único país que se vê afetado pelo lockdown rigoroso sendo aplicado nas cidades. A economia mundial pode também sofrer alterações: isto se deve à paralisação de diversos dos mais importantes portos do país, não podendo ser concluídas as importações e exportações.

Visões do Futuro

Percebem-se assim que a série de problemas que a China enfrenta nos últimos meses, com a implementação do novo lockdown, é necessário para que o cenário que estamos vivendo não se agrave. Não aderir ao distanciamento social poderia resultar em desastres muito maiores, como a lotação máxima de inúmeros hospitais, falta de equipamentos para o cuidado e tratamento de infectados e, principalmente, aumento no número de óbitos.

Contudo, a situação na qual os cidadãos da cidade de Xangai e outras cidades do país vivem no momento, não demonstram-se eficazes na prevenção contra a doença, mas, principalmente, prejudicam a sua população de formas que o COVID não as afetou no ano de 2020. Assim, por mais que o isolamento seja necessário para um bem maior, tais providências são tomadas de formas desumanas, ponto destacado por diversos protestos e inconformidades vistos por parte da população chinesa.

No momento, o governo chinês não se apresenta disposto a regularizar ou modificar sua política “COVID Zero”, que de acordo com Xi Chen, da Escola de Saúde Pública de Yale, acabará por acarretar uma reabertura problemática, de maneira que: “Será muito problemático nos mantermos cegamente fiéis ao princípio de tolerância zero sem pensar em uma estratégia mais sustentável.”

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O artigo acima foi editado por Mariana Miranda Pacheco.

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Adriana Marruffo

Casper Libero '25

- mexican (but enjoying living in Brazil) journalism student – pop culture lover, dancer and writter 🤍 – 19y old – e-mail: adrianamarruffo@hotmail.com