No sábado, 14 de maio, a cantora norte-americana Britney Spears anunciou em suas redes sociais que havia sofrido um aborto espontâneo. A princesa do pop, mãe de Sean e Jayden, 16 e 15 anos respectivamente, esperava uma criança de seu atual noivo Sam Asghari. Quando revelou que estava grávida, há pouco mais de 1 mês, também confidenciou sobre seu período de depressão pós-parto nas gestações anteriores – e acabou por iniciar uma discussão muito importante.
”É difícil porque quando eu estava grávida tive depressão pós-parto… devo dizer que é horrível… as mulheres não falavam disso naquela época… algumas pessoas consideravam perigoso uma mulher reclamar assim, mas agora as mulheres falam sobre isso todos os dias… graças a Jesus não temos que manter essa dor um segredo reservado… desta vez vou fazer ioga todos os dias! Espalhando muita alegria e amor!” – Britney Spears, em legenda da publicação anunciando sua gravidez
Baby blues ou depressão pós-parto?
Primeiro é importante entender a diferença entre tristeza e depressão pós-parto. A tristeza pós-parto, ou baby blues, é um estado de tristeza mais leve causado por alterações hormonais, que pode durar até 15 dias após o parto e não prejudica a funcionalidade da mulher. Essa condição atinge entre 50% e 80% das mulheres, causando irritabilidade e melancolia, mesmo quando tudo está bem, e costuma desaparecer após duas semanas.
Já a depressão pós-parto é muito mais perigosa. Segundo a Fiocruz, 25% das mulheres experienciam esse tipo de depressão, causada não só pela queda brusca dos hormônios no pós-parto, mas também por mudanças na rotina, privação do sono, alteração de foco, sensação de ficar em segundo plano (já que todos passam a dar mais atenção para o bebê) e até perda do controle sobre a própria vida.
Os sintomas da depressão pós-parto
Na depressão pós-parto, os sintomas são mais duradouros e se instalam lentamente, se estendendo desde um mês até um ano e meio após o nascimento do bebê. Crises de choro, perda de interesse em atividades que costumava gostar, insônia, medo excessivo de prejudicar o recém-nascido e até imenso sentimento de culpa por não conseguir se conectar com a criança são sintomas que podem surgir.
Caso essa condição se mantenha por mais de 30 dias, a mãe deve ser diagnosticada para que receba o tratamento adequado por meio de medicamentos seguros, tanto para ela quanto para o bebê.
É importante ressaltar que não há como evitar o primeiro episódio de depressão pós-parto, mas mulheres que não querem engravidar, possuem histórico de depressão, estão passando por alguma dificuldade ou tiveram uma gestação com complicações obstétricas têm maior predisposição.
A importância do debate
Muitas outras celebridades como Adele, Ana Furtado e Gwyneth Paltrow também usaram as redes sociais no passado para contar suas histórias e conscientizar seus seguidores sobre essa condição, na esperança de que deixe de ser um tabu e gestantes sejam acolhidas em momentos tão difíceis.
A psicóloga Lucielle Santos reafirmou a necessidade do autoconhecimento nessa fase da vida: ”É de total importância saber do histórico psicológico de saúde de um modo geral e ter uma boa rede de apoio”.
A confissão de Britney iniciou conversas nas redes sociais acerca da romantização da gestação e desvalorização das queixas das mulheres – dois comportamentos muito comuns na nossa sociedade. Nos ensinam constantemente que gravidez e maternidade são períodos excepcionais, onde a mãe deve sempre estar feliz e grata, e não dão espaço para nenhuma queixa ou tristeza – enquanto a realidade é muito diferente.
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O artigo acima foi editado por Diovanna Mores Monte.
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