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A Era dos cortes: Como os cortes nas redes sociais estão impactando as eleições municipais?

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The opinions expressed in this article are the writer’s own and do not reflect the views of Her Campus.
This article is written by a student writer from the Her Campus at Casper Libero chapter.

Em tempos de eleições municipais, a propaganda política encontrou outras maneiras de alcançar o público. Apesar de termos a impressão de que a internet começou a ser utilizada para o período eleitoral muito recentemente, o Portal da Câmara dos Deputados explica que em 2012, as redes sociais e blogs já eram formas de divulgação para os candidatos.

Desde então, a utilização da internet para propaganda eleitoral foi crescente. Segundo o Instituto DataSenado, 45% da população se influenciou por meio das redes sociais para as eleições presidenciais em 2018: “Os resultados indicam que os brasileiros acreditam que os conteúdos nas redes sociais têm grande influência sobre a opinião das pessoas. Cerca de 80% dos participantes do levantamento compartilham essa percepção.”

Com isso, os partidos políticos entenderam que esse era um tópico a ser atendido nas campanhas e começaram a criar tanto vídeos como outros conteúdos para as redes sociais, foi aí que surgiram os cortes.

O que são cortes?

Cortes são nada mais do que momentos específicos retirados de algum produto audiovisual, como vídeos, lives e webcasts. Eles são utilizados para captar um momento de maior importância ou de algum assunto específico. Na política, os cortes são utilizados para destacar falas dos candidatos ou exaltar determinado momento de um debate.

Com a popularização dos cortes com youtubers e em podcasts, os cortes políticos se consolidaram nas eleições de 2024, principalmente com o candidato Pablo Marçal (PRTB).

Polêmicas nas eleições municipais

No Brasil, tanto grupos de esquerda como de direita utilizam cortes de vídeo, mas a forma como o fazem pode ser diferente. Em geral, os grupos de extrema-direita têm maior destaque na produção e distribuição de conteúdos curtos e impactantes, especialmente nas redes sociais. No entanto, os grupos de esquerda também aumentaram a sua presença e estratégias dentro dessas estruturas, especialmente entre os jovens e em plataformas como o TikTok e o Instagram.

As diferenças políticas fizeram com que ambos os lados procurassem melhores formas de transmitir as suas mensagens, pelo que a utilização de clips de vídeo tornou-se uma prática comum entre eles.

O problema atrelado aos cortes políticos é a manipulação que ocorre nos vídeos. Muitas vezes, por trás de palavras como “pérolas”, “mitada” ou “momentos icônicos”, há uma distorção do que realmente é dito para beneficiar um lado ou um candidato.Isso fez com que certas formas de divulgação desses cortes fossem banidas pela Justiça Eleitoral, que estariam sendo utilizadas como postagens irregulares.

Um caso recente foi a banição das redes sociais do candidato Pablo Marçal, pois, de acordo com o Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo, há indícios de abuso econômico ao promover cortes monetizados de seus vídeos. Segundo o juiz eleitoral Antonio Mario Patiño Zorza, a redução da monetização, que fez parte das conversações e discussões, “equivale a disseminar continuamente uma imagem sem respeito ao equilíbrio que se preza na disputa eleitoral”.

Argumentou ainda que a suspensão dos perfis dos candidatos era necessária para “coibir flagrante desequilíbrio na disputa eleitoral e estancar dano decorrente da perpetuação do ‘campeonato'”. Ainda segundo o juiz, Marçal “fideliza e desafia seguidores, que o seguem numa desenfreada busca de ‘likes’ em troca de vantagens econômicas”.

Além disso, o uso de inteligência artificial também interfere na polêmica dos cortes. Existem IAs especializadas em cortes, que já sugerem título, hashtags e legendas com base no link original do vídeo, produzindo uma alta quantidade de conteúdos, como, por exemplo, OpusClip, 2short.ai e vidyo.ai.

Combate às fake news nas eleições de 2024

De acordo com a consultora legislativa Manuella Nonô, da Câmara dos Deputados, e seu estudo “Guerra eleitoral, fake news e a tentativa de regulamentar o uso da internet”, a internet pode estimular e facilitar a criação e a propagação de notícias falsas, imprecisas e fora de contexto.

Os cortes de vídeos se envolvem em muitas polêmicas por duas questões: por tirar trechos de contexto e por informações errôneas. A deepfake consiste em criar um vídeo com inteligência artificial utilizando o rosto e voz de uma pessoa. A equipe de determinado político ou candidato pode utilizar esse recurso para destacar ou para arruinar uma carreira. No Brasil, o crescimento do uso de deepfake no último ano foi o maior da América Latina, atingindo 830%, conforme o relatório anual Sumsub Identity Fraud Report 2023.

Encenações de cortes também se tornaram comuns, como os “podcasts fakes”:

Por isso, é muito importante conferir em veículos jornalísticos responsáveis se a informação que está sendo passada é verdadeira. Se questione de onde veio o corte, assista o vídeo completo e tente reconhecer se há sinais de inteligência artificial, como olhos tremendo, alterações na voz ou nos movimentos faciais.

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O artigo abaixo foi editado por Giuliana Miranda.

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Ana Luiza Sanfilippo

Casper Libero '25

Journalism student at Cásper Líbero, in love with books, music and cliché movies. Future writer, journalist and a little bit more.