Decretada a pandemia da Covid-19, os impactos da doença atingiram diretamente todos os setores da sociedade, em todo o mundo. Um dos mais abalados foi o de cultura e turismo, cuja essência e funcionamento dependem da presença das pessoas em um determinado espaço.
Shows, peças de teatro, filmes e eventos de grande ou pequeno porte precisaram encontrar outras formas de acontecer, por exemplo, por meio de transmissões ao vivo em plataformas digitais. Apesar de parecer até mesmo “fútil” a realização de eventos culturais em um contexto pandêmico, a realidade é que, no Brasil, o setor representa 2% do PIB brasileiros. Isso exemplifica a sua importância para a economia, além de demonstrar muito mais do que momentos de “diversão” e “entretenimento”, dado que representam, na verdade, o trabalho e a renda de diversos trabalhadores, trazendo esperança e um pouco de alívio aos espectadores.
Novas Perspectivas
Após dois anos, o mundo começa a reabrir suas portas. Com o avanço da vacinação, houve uma queda no número de infecções pela Covid-19 e, por consequência, uma queda no número de mortes.
À vista disso, o retorno de forma gradual de eventos culturais tomou um rumo positivo, dando seus primeiros passos para seu retorno de forma presencial, desde meados de agosto de 2021 no Estado de São Paulo – iniciando com a permanência do uso de de máscara – e atualmente, com a liberação da utilização obrigatória de máscara, os eventos aparentam estar voltando ao que costumavam ser.
Ainda assim, é impossível não notar diferenças no ambiente dos eventos; medo e expectativa, emoção e nervosismo, entre outros sentimentos misturados com a volta presencial do setor cultural.
A 26ª Bienal do Livro de São Paulo foi um dos eventos culturais mais recentes a serem realizados no Estado de São Paulo. Ela ocorreu entre os dias 2 até 10 de julho, fazendo seu retorno após quatro anos de hiato, e foi marcada por relatos de aglomerações de visitantes, tanto dentro quanto fora do local, com uma fila de quilômetros de distância desde o primeiro dia para entrar na Expo Center Norte, localizada na capital paulista, onde acontecia o evento.
É impossível não notar diferenças no ambiente dos eventos; medo e expectativa, emoção e nervosismo
Segundo a organização da Bienal do Livro, durante os nove dias de realização foram recebidos 660 mil visitantes, chegando próximo dos números da última edição de São Paulo, em 2018, que contou com dez dias de evento e totalizou a presença de 663 mil pessoas.
Essa alta procura também justifica o fato do amplo crescimento da literatura infanto-juvenil, durante a pandemia, principalmente com a criação do BookTok, que permitiu com que os visitantes gastassem 40% a mais em livros, comparando com 2018.
A 26ª Bienal, então, passou a ser mais comentada diante da comunidade “bookstan” em diversas mídias sociais, trazendo ainda mais interessados pela Feira e transformando-a em um dos maiores eventos literários entre todas as suas edições.
Viviane Zhu Zhen compareceu em dois dias da Bienal do Livro em São Paulo, apontando que, apesar de ter ido pela primeira vez, “a deste ano pareceu ter muita mais gente do que as bienais anteriores”, devido ao grande impacto que a pandemia teve no mundo editorial e literário.
Em relação a preocupações com a possibilidade contágio de Covid-19 durante o evento, Viviane comentou que não ficou exatamente preocupada, pois estava imersa na experiência. Mas em alguns momento chegou a pensar na multidão que encarava na Expo Center Norte: “faz muito tempo que eu não vejo tanta gente junta.” Ainda assim, isso não mudou o fato de ter vivido dias especiais. “Foram momentos que eu estava feliz só por estar num lugar em pessoas com o mesmo “hobby” que eu”, contou.
Ela aproveitou o máximo possível do evento, sem deixar que o medo a impedisse
Em conversa com Isabelle Bonezi, jovem que também visitou o evento, a presença do público mais jovem também foi destacada, e quando questionada a respeito de adaptações por conta da pandemia, comentou que reparou somente na necessidade do comprovante de vacinação, uma vez que notou várias aglomerações em filas e dentro dos estandes, além da não-obrigatoriedade do uso de máscaras. Além disso, assim como Viviane, Isabelle não sentiu graves preocupações em relação à possibilidade contágio, uma vez que foi tomada pela experiência, e pelas adaptações quase imperceptíveis. Ela aproveitou o máximo possível do evento, sem deixar que o medo a impedisse.
O retorno dos eventos presenciais após dois anos de pandemia trouxe mudanças, já que tudo está se adaptando às novas formas de viver.
O público e sua faixa etária sentiram essa diferença. Durante dois anos, jovens e adultos desejaram o momento em que suas vidas voltariam ao normal e poderiam sair para aproveitar, sem a preocupação de voltar para casa com um vírus, que mudou nosso modo de viver. Com o crescimento da população vacinada, este público finalmente pode voltar a vivenciar momentos especiais e de forma presencial, seja em feiras literárias, festivais de música, shows ou festas. A volta do eventos em espaços físicos também retornou com a possibilidade de reunir muitas pessoas com gostos semelhantes para criar um momento de troca de experiências, algo que ficou restrito durante o período crítico da pandemia.
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Esse artigo foi editado por Larissa Cassano.
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