O L na sigla LGBTQIAP+ se refere à lésbicas, e mesmo sendo a primeira letra do acrônimo, é uma das identidades mais invisibilizadas, tanto fora da comunidade quanto dentro dela. Por se tratar de uma sexualidade que exclui homens completamente, é fácil compreender o motivo dela ser quase invisível em uma sociedade patriarcal. Mas, antes de falar sobre o apagamento que lésbicas enfrentam, é importante relembrar o porquê de ser a primeira letra da sigla.
Contexto Histórico
No início da luta a favor dos direitos de pessoas homossexuais, o foco era especialmente voltado para homens gays. Apesar da comunidade ter inclusão como um de seus princípios, sexismo era bem presente em espaços LGBT, e por isso mulheres não faziam parte desse cenário. Na década de 80, com a ascensão de grupos feministas e a crise de AIDS, isso começou a mudar. Ativistas lésbicas se organizaram contra a violência e preconceito que homens gays estavam sofrendo, além de providenciarem ajuda médica. Eram lésbicas que estavam cuidando desses homens que eram extremamente negligenciados. Então, o senso de comunidade só aumentou, e a partir disso, a sigla deixou de ser “GLBT” e se tornou “LGBT”, para demonstrar apreço às lésbicas que ajudaram nas crises de AIDS.
Então por que tanta gente evita o uso da palavra “lésbica”? É mais comum ver as pessoas usando termos como “gay”, “sapatão” e “sáfica”, por exemplo, do que usando a palavra “lésbica”. Há um estigma que cerca essa identidade, e muitas vezes as pessoas contribuem a essa estigmatização sem nem perceber. Quando você assiste um filme e lê “mulher gay” em vez de “mulher lésbica” nas legendas, isso é apagamento da identidade. Mesmo que sutis, essas micro agressões contribuem com uma violência maior que lésbicas lidam todos os dias. A palavra lésbica existe e ninguém deve ter medo de dizê-la em voz alta.
Objetificação e ignorância
O porquê dessa estigmatização é uma incógnita para muita gente. A objetificação de mulheres lésbicas na pornografia, por exemplo, é um dos fatores mais influentes nela. O caso de muitos homens que consomem pornografia e tratam lésbicas como uma categoria pornográfica antes de uma sexualidade é desumanizador, além de transformar algo completamente natural em algo “sujo”.
A falta de conhecimento a respeito de lesbofobia é outro fator atuante na estigmatização, já que muitas pessoas nem sabem que o termo lesbofobia, usado para a discriminação sofrida exclusivamente por mulheres lésbicas, existe.
O crime de ódio motivado por preconceito contra mulheres lésbicas tem um nome: lesbocídio. Enquanto feminicídios não ganham visibilidade suficiente, lesbocídios não ganham visibilidade alguma. Quantas vezes você ouviu falar sobre o assassinato de uma mulher lésbica? Sobre quantos crimes de lesbofobia você já leu? Quantos estiveram nos jornais ou na TV?
O apagamento da identidade lésbica dificulta a luta pelo fim da opressão à mulheres lésbicas, e você pode começar a ajudar dizendo a palavra “lésbica” em voz alta e dando um fim a essa estigmatização.
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O artigo acima foi editado por Larissa Gabriel.
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