Os Jogos Paralímpicos de Paris 2024 terminaram no último domingo (08) e emocionaram o mundo. O Brasil fez sua melhor participação, finalizando no quinto lugar geral, com 25 ouros, 26 pratas e 38 bronzes (89 medalhas no geral). As mulheres foram as grandes responsáveis por essa colocação, conquistando a maior parte dos ouros, mas vale lembrar que elas ainda são minoria na nossa delegação. Também no cenário internacional, muitas mulheres se destacaram, emocionaram, quebraram recordes e fizeram história. Vem conhecer algumas das atletas que brilharam nas Paralimpíadas.
carol santiago
Maria Carolina Santiago, ou apenas Carol Santiago, foi a sensação da natação brasileira. Maior medalhista de ouro em Jogos Paralímpicos da história do Brasil, Carol conquistou três medalhas de ouro em Paris, nas provas de 50m e 100m livre e nos 100m costas. Além disso, conquistou a prata no 4x100m misto e nos 100m peito. Ela compete pelas classes S12 e S13, para deficientes visuais.
Carol tem 39 anos e nasceu com a Síndrome de Morning Glory, doença que afeta a retina e acaba limitando a visão. Começou a nadar com apenas quatro anos, competindo pela natação convencional, mas parou aos 17, quando ficou completamente cega por 8 meses devido a um acúmulo de água nos olhos. Só voltou a nadar dez anos depois, quando entrou para o esporte paralímpico e descobriu sua vocação. Mal sabia que se tornaria uma das maiores atletas do Brasil.
BETH GOMES
Porta-bandeira da delegação brasileira, Beth Gomes, de 59 anos, saiu de Paris com a admiração de muitos brasileiros. Foi enquanto recebia sua medalha de prata pelo arremesso de peso que ficou sabendo que havia ganhado o ouro no lançamento de disco. Além de ter se tornado bicampeã no lançamento de disco, também bateu o recorde paralímpico.
Beth foi diagnosticada com esclerose múltipla em 1993. No começo, andava com o auxílio de muletas, mas perdeu todo o movimento das pernas. Descobriu o basquete de cadeira de rodas pelo Conselho Municipal do Deficiente de Santos (SP) mas, depois do surto de esclerose que a fez perder os movimentos, teve que parar de praticar. Foi quando conheceu o atletismo e iniciou no lançamento de disco e no arremesso de peso, os esportes que mudariam sua vida. Hoje, Beth compete na classe F53, para aqueles com transtorno do movimento de alto grau no tronco e nas pernas e de baixo grau nas mãos.
Jerusa geber
Jerusa Geber tem 42 anos e conquistou duas medalhas em Paris, nos 100m e nos 200m, na categoria T11, para atletas cegos que correm com guias. O ouro de Jerusa nos 200m foi mais que especial, sendo a 23º medalha dourada do Brasil em Paris e a responsável por fazer o país ultrapassar sua maior marca nos Jogos, os 22 ouros em Tóquio 2020. Além disso, ela igualou o recorde paralímpico nos 200m e é a atual recordista mundial dos 100m.
Jerusa nasceu cega e começou a praticar esporte aos 19 anos e desde então não parou mais. Já participou de cinco Paralimpíadas e acumula seis medalhas no total, duas de ouro, duas de prata e duas de bronze.
jodie grinham
Grávida de sete meses, a britânica Jodie Grinham também fez história nas Paralimpíadas de Paris ao se tornar a primeira mulher gestante a conquistar uma medalha. Se uma medalha é pouco, ela levou duas para casa. Primeiro, ganhou o bronze na classe open do arco composto e, dias depois, foi a vez de conquistar o ouro na disputa por duplas mistas, ao lado de Nathan McQueen.
Jodie tem 31 anos e nasceu com o braço esquerdo curto, apenas com meio polegar. Foi a primeira pessoa com sua deficiência a tentar o arco e flecha e, agora, a primeira grávida campeã paralímpica. Seu filho ou filha também poderá dizer que é medalhista paralímpico!
Zakia Khudadadi
Zakia Khudadadi fez história ao se tornar a primeira medalhista paralímpica da equipe de refugiados. Ela conquistou o bronze na categoria K44 -47kg do taekwondo, para amputados de braço.
Zakia tem 25 anos e nasceu no Afeganistão, ficando conhecida internacionalmente quando precisou sair do país às pressas e fugir do Talibã, antes das Paralimpíadas de Tóquio. Estreou no parataekwondo ainda no Japão, mas acabou sendo eliminada na primeira luta. Depois disso, Zakia pediu asilo à França e começou a construir sua trajetória no país onde, três anos depois, viria a ganhar sua medalha e a primeira do time de refugiados.
Ali Truwit
A norte-americana de 24 anos, Ali Truwit, conquistou duas medalhas de prata na natação classe S10, para deficietes físicos com menor comprometimento, após ter sobrevivido a um ataque de tubarão. Ali estava mergulhando no oceano britânico de Turks e Caicos com um amigo em 2023, quando um tubarão atacou e mordeu a parte inferior de sua perna esquerda. Ela ainda foi capaz de correr quase 70 metros em direção ao barco antes de ser levada para o hospital e transportada de avião para os EUA, onde passou por três cirurgias, incluindo uma para amputar a parte inferior da perna.
Após o ataque, ficou com fobia de água, mas, na piscina do quintal de casa, lutou contra esse medo e voltou a nadar, iniciando sua jornada em direção a Paris, onde conquistou duas medalhas de prata e bateu dois recordes americanos em apenas 48 horas.
É sempre bom ver mulheres se destacando em grandes competições, conhecendo histórias inspiradoras de atletas que mudaram suas vidas através do esporte. Vamos continuar lutando para que, cada vez mais, as mulheres tenham essas oportunidades. O próximo passo, que já é meta do comitê para 2032, é igualar a porcentagem de homens e mulheres nos Jogos Paralímpicos. Enquanto isso não acontece, o apoio e reconhecimento às nossas atletas é muito importante!
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O artigo acima foi editado por Olivia Nogueira.
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