O desastre ambiental do litoral norte de São Paulo, que ocorreu no final de fevereiro, conseguiu levantar diversas discussões sobre as consequências das mudanças climáticas e como elas afetam a sociedade. Nos últimos meses, eventos catastróficos têm sido vistos frequentemente ao redor do mundo.
Fenômenos como esses denunciam a crise climática global, e especialistas afirmam que tendem a ser cada vez mais comuns. O continente Europeu, em 2022, registrou o verão mais quente da história, chegando a atingir temperaturas de até 47°C. Outro caso recente ocorreu no dia nove de março, quando a capital de São Paulo entrou em estado de alerta após enormes alagamentos.
Com chuvas extremas e grandes estiagens acontecendo regularmente, é necessário levantar a pauta da justiça ambiental: as tragédias climáticas seguem ocorrendo, mas não atingem a todos da mesma maneira.
injustiça ambiental
Em meio a tantos desequilíbrios ecológicos, a desigualdade socioeconômica é intensificada.
O último relatório do IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas) de 2022, afirmou que “a vulnerabilidade às mudanças climáticas é exacerbada pela desigualdade e marginalização ligadas ao gênero, etnia e baixa renda”. O documento ainda destacou que heranças históricas, como o colonialismo e os desafios governamentais, fazem com que comunidades indígenas e locais sejam especialmente afetadas.
Nesse debate, entram temas como o racismo ambiental, a ocupação das áreas de risco de deslizamentos e enchentes, o ato de migração forçada e questões como a pobreza, o desemprego e a insegurança alimentar, que acabam aumentando.
A incessante atividade empresarial e o intenso desmatamento, movimentado principalmente pela indústria agropecuária e pelos garimpos ilegais, são os pontos de partida para maiores catástrofes que causam inúmeras vítimas.
O ciclo movimentado pela ambição capitalista ignora as denúncias de grupos historicamente marginalizados, que não possuem voz político-social, e esse fato acaba sendo reforçado pela falta de boas gestões políticas.
descaso governAmental
O governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) revelou-se negligente ao disponibilizar, em 2022, apenas 25 mil reais para prevenção de tragédias climáticas, diminuindo o orçamento em 90%. Durante seu cargo na presidência, o desamparo às pessoas vulneráveis marcou a tragédia de enchentes e deslizamentos em Petrópolis, no Rio de Janeiro.
A falta de investimentos do governo federal para a diminuição das áreas de risco dificulta planejamentos de ocupação urbana, o acesso a serviços básicos e a adaptação da sociedade aos danos das mudanças climáticas.
Os mais recorrentes modos de produção energética e a irresponsabilidade social impulsionam a ocorrência de desastres extremos: em 2022, um relatório da ONU afirmou que, dentro de algumas décadas, certas regiões se tornarão inabitáveis.
Os impactos à humanidade denunciam um sistema insustentável a médio e longo prazo. A ação do homem, como uma ameaça a sua própria sobrevivência e bem-estar, antecipa um cenário destrutivo e irreversível.
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O texto acima foi editado por Anna Goudard.
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