A série Cidade Invisível está de volta com a sua segunda temporada e trazendo com ela uma inclusão da representatividade indígena. Depois de dois anos, a trama se passa agora em Belém do Pará e na Amazônia, que são palcos de muitas histórias do folclore brasileiro, como Boi-Bumbá, Boto-cor-de-rosa e Vitória Régia.
Com grande repercussão em sua primeira temporada, os produtores da série foram altamente criticados por não terem incluído muita representatividade nas telas e na produção do roteiro. Além disso, organizações indígenas criticaram a perpetuação de estereótipos negativos e a visão ocidental sobre as comunidades. Com isso, na segunda temporada é perceptível que as críticas foram ouvidas. Com Kay Sara, Zahy Tentahar, Ermelinda Yapario e outros membros de comunidades indígenas no elenco e produção, o público poderá ver mais dessa representação tanto diante das telas quanto fora delas.
A série traz em seus episódios a importância da preservação cultural indígena e os desafios que as comunidades enfrentam com o garimpo ilegal. É importante visar o quão significativo é ter essa visibilidade aos povos originários, para que o público que está consumindo determinado conteúdo desconstrua falas preconceituosas e estereotipadas usadas no cotidiano que afetam essas comunidades, tendo consciência de que esses povos também são pessoas complexas, ricas de vivência e conhecimento. Além disso, a representatividade indígena pode ajudar na preservação da terra, da língua e na luta contra o racismo.
Com a inserção dessa diversidade em papéis grandes, como em Cidade Invisível, mais produções audiovisuais podem se inspirar e trabalhar com essa inclusão na indústria. Outra consequência positiva é a conscientização da sociedade, que nota como a série trabalha de forma autêntica, dando assim mais espaço para esses povos.
Quando uma pessoa consegue se ver na TV, seja em uma publicidade ou no cinema, ela se sente incluída no ambiente e na sociedade em que ela vive. Desse modo, crianças nativas que vivem em um contexto urbano e com sua cultura não tão evidente, podem se identificar com os atores e, assim, se ver trabalhando na área.
“Quando aparece qualquer outro tipo de pessoa miscigenada, você começa a ver que você também pode trabalhar com isso. Você acaba se tornando uma pessoa existente dentro da sociedade.”
explicou Kay Sara, atriz de Cidade Invisível, para Gshow.
Assim, se torna imprescindível que diretores e produtores dêem voz às comunidades, dessa forma elas podem ter um maior controle de como são retratadas na mídia. Logo, impossibilitando uma possível apropriação cultural e trazendo uma perspectiva mais plural, justa, múltipla e até mesmo igualitária da sociedade brasileira, que é tão diversa e que necessita da valorização de todas as culturas.
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O texto acima foi editado por Maria Esther Cortez.
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