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Culture

Cilibrinas do Éden: conheça a banda de Rita Lee formada apenas por garotas

This article is written by a student writer from the Her Campus at Casper Libero chapter.

Rita Lee Jones foi responsável por centenas de hits ao longo de quase 60 anos de carreira. O eterno ícone do rock brasileiro registrou oficialmente mais de 300 músicas e 600 gravações. Contudo, os anos de história como artista conta com um “álbum perdido” de sua banda junto a Lucinha Turnbull: Cilibrinas do Éden.

Em 1972, Rita Lee já havia gravado dois discos solo, Build Up, de 1970, e Hoje É o Primeiro Dia do Resto da Sua Vida, de 1972. Paralelamente, a cantora participava do grupo Os Mutantes com Arnaldo Baptista e Sérgio Dias, mas acabou sendo expulsa. “Chego ao ensaio e me deparo com um clima tenso/denso. Até que o Arnaldo quebra o gelo, toma a palavra e me comunica (…): ‘A gente resolveu que a partir de agora você está fora dos Mutantes porque nós resolvemos seguir na linha progressiva-virtuose e você não tem calibre como instrumentista'”, relatou a cantora no livro Rita Lee: uma autobiografia, lançado em 2016.

Entretanto, apesar da expulsão inesperada, a fase seguinte da artista marca o início de seu estilo próprio no rock brasileiro com a banda Cilibrinas do Éden.

Cilibrinas do Éden

Após a saída dos Mutantes, Rita Lee se juntou a Lucinha Turnbull para criar a banda Cilibrinas do Éden, com ares de psicodelia e fantasia. As duas já se conheciam das gravações de Hoje é o Primeiro Dia do Resto da Sua Vida e da abertura de um show dos Mutantes em 1972, no Teatro Oficina. Lucinha também tem um importante papel na história da música nacional: ela é considerada a primeira guitarrista brasileira. 

O início da dupla não agradou o público. O som acústico e os doces vocais foram recebidos com vaias durante a primeira apresentação no Phono 73, um lendário festival de música realizado no Centro de Convenções do Anhembi, em São Paulo, entre os dias 10 e 13 de maio de 1973. Entre os artistas convidados estava o elenco de peso dos contratados da Phillips, como Caetano Veloso, Chico Buarque, Elis Regina, Jorge Ben, Raul Seixas, Wilson Simonal, Fagner, Erasmo Carlos, Gal Costa, Jards Macalé, Ronnie Von, Odair José e muitos outros.

Na autobiografia de 2016 Rita diz: “Em ‘Mamãe Natureza’ rolou uma chuvinha de papel no palco, uma vaia aqui e acolá. Aguentamos firmes. Na segunda música, as vaias se transformaram em trovão e, antes que um raio caísse em nossas cabeças, recolhemos nossa insignificância e saímos rapidinho de cena. Sucesso catastrófico. Convenhamos, quem aguentaria ouvir duas fadinhas enfadonhas cantando tchururus antes de uma banda de rock progressivo?”.

Após a estreia, a banda se reuniu com o guitarrista Luís Sérgio Carlini e baixista Lee Marcucci para as novas composições. O disco nunca lançado iria se chamar Tutti Frutti, nome da próxima banda de Rita Lee. A gravação das músicas aconteceu ao vivo em dezembro de 1973 no estúdio Eldorado, em São Paulo, sob coordenação do produtor Liminha. Contudo, o resultado não agradou o produtor André Midani, que preferia Rita Lee solo do que um novo grupo, e vetou o projeto. 

Apesar da curta duração do Cilibrinas do Éden, as gravações do projeto serviram como ponto de partida para a banda Tutti Frutti, inicialmente chamada de Lisergia, e formada por Luís Sérgio Carlini, Lee Marcucci e o baterista Emilson Colantonio

Contudo, Lucinha decide não fazer mais parte do novo grupo. Na música “Menino Bonito”, que tinha um tom totalmente à lá Cilibrinas, com duas vozes e violões, a produção decide apagar a voz de Turnbull, deixando apenas a de Rita. Mesmo com a saída da guitarrista, a banda Tutti Frutti foi um sucesso, e as músicas do projeto não lançado da dupla foram reaproveitadas por Rita em trabalhos posteriores.

Descobrimento do álbum perdido

Durante os anos 2000, o álbum da Cilibrinas do Éden quase foi lançado oficialmente pelo pesquisador Marcelo Fróes. Em matéria da Folha de São Paulo, ele lamentou o caso. “Infelizmente, um dos membros não topou o valor e pleiteou que o disco seria um trabalho de banda, e não um disco solo de Rita Lee, e que os royalties artísticos deveriam ser rateados. Rita não concordou e o assunto ficou enterrado”. Apesar da falha de comunicação entre as partes, a gravadora Nosmokerecordes lançou uma versão pirata nos anos 2000. Atualmente é possível encontrar as músicas no YouTube e o disco em lojas online.

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Esse texto foi editado por Diovanna Mores Monte.

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Victória Abreu

Casper Libero '25

Estudante de jornalismo na Cásper Líbero, pisciana curiosa, gosto de aprender e falar de tudo um pouco