A processo da colagem baseia-se em um conjunto de elementos que já possuem sentidos individualmente, como recortes de revistas ou textos, desenhos, fotografias, tecidos, entre outras diversidades de matérias. A junção desses elementos incorporam uma composição que tem como efeito unificador, ou seja, cria-se um novo sentido aos materiais usados.
Possui sua origem no movimento cubista, no século XX, dando seu ponta pé inicial no que se refere à colagem como trabalho artístico. Os artistas Pablo Picasso e George Braque, que faziam parte do cubismo, começaram a utilizar a colagem em suas produções por meio de recorte de jornais, buscando confrontar as pinturas tradicionais da época, que tendiam para as produções naturalistas. Inicialmente, foi tida como um complemento da arte, com uma ligação entre a vida real e o mundo artístico. No entanto, a colagem encontrou-se presente em outras épocas, como o dadaísmo, surrealismo e pop art, sendo utilizada até os dias de hoje, com uma maior disponibilidade de instrumentos e materiais, abrindo margens para novas possibilidades.
Desde o momento que foi difundida, a colagem aborda temas fortes e relevantes, como violência, preconceito, tecnologia, velocidade e foi muito utilizada em forma de protesto. Apesar de ser muito utilizada atualmente na arteterapia, muitos dos seus adeptos utilizam a colagem como uma maneira de se expressar.
Na atualidade, há uma nova geração de mulheres que utilizam da colagem para se manifestar, sendo o instagram o meio pelo qual elas, normalmente, divulgam suas artes. A predominância do viés feminino e feminista, junto com temas de representatividade, são abordados nessa arte contemporânea, usando pedaços de vários universos distintos, retirados de revistas, livros, catálogos, embalagens e de qualquer outro material com utilidade artística.
Confira a seguir duas colagistas brasileiras que usam o instagram para compartilhar suas artes!
- Sara Lima (@dosjas_)
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A artista Sara Lima (@dosjas_) começou a se interessar por colagem desde muito nova, antes mesmo de saber que o que fazia tinha um nome específico. “Sempre guardei muitas imagens que me chamavam atenção em revistas e jornais; eventualmente, reunia todas e colava em um papel ou papelão”, conta a artista. Porém, foi no ano de 2019 que descobriu o universo técnico daquilo que fazia, envolvendo uma técnica artística com um cosmo enorme dentro disso. Desde então, começou a estudar e se dedicar a desenvolver melhor esse seu lado.
Para Sara, a colagem vai além da expressão artística. “Algo mais como uma janela dentro de mim, sabe?”, emenda. “O processo de selecionar a imagem, cortar e ressignificar passa por escolhas que dizem muito sobre quem faz a arte, poderia sintetizar como: mergulho em sentidos”, concluiu Sara.
- Marcele Keny (@bymarcelekeny)
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Já a designer Marcele Keny (@bymarcelekeny), tem seu perfil no Instagram voltado para a colagem e representatividade de mulheres negras. Marcele conta que começou a se interessar pela técnica em junho de 2018 e fez sua primeira colagem em julho do mesmo ano. A artista explica que a colagem é uma terapia e uma forma de mostrar para as pessoas como ela enxerga as coisas. Tanto que percebe o quanto mudou o “estilo” das colagens várias vezes nesse período. “Para mim, é bem simbólico fazer colagens… é uma forma de ressignificar as coisas”, termina Marcele.
Além dessas, existem várias outras artista que trabalham com a colagem como forma de expressão. Por ser uma técnica artística que vincula o real com o imaginário, há uma margem muito grande para a produção. Podendo ser retratado de forma artística diversos contextos e assuntos, críticas sociais e lutas, posição e representatividade.
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O artigo acima foi editado por Vivian Cerri.
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