Her Campus Logo Her Campus Logo
Culture

Como a nova linha de produtos da Mari Saad impacta na diversidade?

The opinions expressed in this article are the writer’s own and do not reflect the views of Her Campus.
This article is written by a student writer from the Her Campus at Casper Libero chapter.

Mariana Saad é uma blogueira e empresária brasileira que ganhou destaque no universo da beleza e maquiagem após colaboração com a marca Océane. Com uma carreira consolidada nas redes sociais, ela acumulou milhões de seguidores interessados em suas dicas e produtos.

Entretanto, após seis anos, a blogueira decidiu romper a parceria e, recentemente, lançou sua própria linha de maquiagem: a Mascavo, que gerou polêmica nas redes sociais. Entre os principais questionamentos estavam a falta de inclusão e representatividade dos cosméticos, pois a proposta inicial da marca era celebrar a brasilidade e oferecer produtos de alta qualidade para o público nacional.

Qual foi o impacto da Mascavo para a diversidade?

Logo após o lançamento da Mascavo, os internautas foram impactados pelos preços dos produtos que, comparados com a linha antiga em collab com a Océane, dobraram de valor. Talvez Mari Saad queira atingir um novo público, deixando de ser uma marca popular com preços acessíveis. No entanto, para alcançar esse objetivo, não basta ter apenas um custo elevado; é preciso oferecer qualidade para, assim, justificar o seu valor.

O “público-alvo” é algo que envolve classe e estilo de vida, mas, ao usar a cor de pele como filtro, o nome é outro. Mariana investiu muito nas embalagens, trazendo base de vidro e uma tecnologia incomum, o que explica, em parte, o preço mais alto e o público a ser alcançado. 

No entanto, os produtos que ocuparam as embalagens não acompanharam esse investimento. A base teve uma cartela de cores bem limitada e os bronzers só atenderam peles claras, com a própria dona da marca afirmando que o produto serviria apenas para iluminar peles negras. A qualidade dos blushes também não impressionou, pois, conforme reviews nas redes sociais, eles desaparecem da pele com facilidade.

A exclusão racial

De acordo com SANTOS 2020, somente no final do século passado a população negra teve seu direito ao consumo de cosméticos reconhecido. 

Mesmo assim, essa mudança de concepção do consumidor negro tem sido lenta e, só na metade da última década, as empresas de cosméticos começaram a oferecer uma variedade maior de tons de bases e corretivos para atender a essa população, ainda que de forma escassa para pessoas de pele retinta.

Em 2017, a cantora Rihanna revolucionou o mercado ao lançar mais de 40 tons de bases, número que continua a crescer. Outro exemplo recente e brasileiro é o de Bianca Andrade, com sua marca “Boca Rosa”, que lançou, em 2024, a maior cartela de cores de uma marca brasileira, com 50 tons. Levando em conta o que diversas marcas têm feito para promover a inclusão, o lançamento da Mascavo é sim uma regressão.

Críticas dos influenciadores

Assim como os internautas, blogueiras do nicho de maquiagem não demoraram a expressar suas opiniões. Mari Maria e Karen Bachini, também donas de suas próprias marcas de maquiagem, destacaram que, atualmente, não há mais espaço para a exclusão de peles. 

“Quando a gente tem uma marca, a gente tem que entender a responsabilidade que temos com o público vai além do nosso umbigo. Eu acho importante sermos inclusivos. Vivemos um momento em que o mercado nacional está diferente, as marcas estão revolucionando” disse Mari. 

Já a Karen fez um pronunciamento em forma de carta aberta em seu canal no YouTube, ressaltando a questão racial e a falta de produtos que atendem aos consumidores negros.

As influenciadoras de pele retinta Mirella Qualha e Juliana Luziê também compartilharam swatches, comparando as cores dos contornos da Mascavo pessoalmente com as que apareciam no site, onde havia uma diferença notável — no site, o contorno parecia mais escuro.

O lançamento da Mascavo reflete uma tendência preocupante de exclusão no mercado de maquiagens, especialmente considerando o contexto atual de maior diversidade e inclusão nas indústrias de beleza. 

Apesar do investimento em embalagem e tecnologia, a marca falhou em atender adequadamente à diversidade de tons de pele, especialmente as peles negras e retintas. A limitada cartela de cores e a falta de coerência nos produtos lançados não só comprometem a proposta da marca, como também geram um retrocesso em relação a outras que já promovem uma cartela mais ampla. 

—————————————————————–

O artigo acima foi editado por Camila Iannicelli

Gostou desse tipo de conteúdo? Confira Her Campus Cásper Líbero para mais!

Camila Iannicelli

Casper Libero '25

Estudante de jornalismo. Tentando sair do óbvio. Cultura, música, entretenimento, esportes. E-mail para contato: camilaiannicelli13@gmail.com
Manuela França

Casper Libero '27

apaixonada por comunicação, especialmente quando se trata de cultura pop :)