Em apenas dois meses, o Brasil atingiu a marca de um milhão de casos registrados de dengue, instaurando uma das maiores epidemias de dengue no país e aumentando a preocupação com os números alarmantes de casos e mortes. Atualmente, já são registrados quase quatro milhões de casos prováveis com recorde no número de mortes, sendo mais de 1600 óbitos confirmados.
Nessa realidade, uma das questões a serem debatidas é a forma como a doença vem se mostrando alarmante em zonas periféricas, áreas colocadas à margem de questões políticas, sociais e, mais do que isso, questões humanas de saúde pública.
A situação de vulnerabilidade dessas populações, decorrente do final do século XIX com a abolição da escravidão no Brasil, deu início ao surgimento e expansão das favelas, as quais expõem os moradores aos piores índices de qualidade de vida.
Condições sociais e de moradia precárias, como a falta de saneamento básico, de fiscalização do poder público e o acúmulo de lixo em lugares inapropriados são fatores que aumentam a vulnerabilidade à doença nesses locais.
A diarista Patrícia Aparecida Vieira Marques, moradora de Caucaia, periferia de Guarulhos, retratou a realidade da doença no local.
Quando questionada sobre a concentração de casos da doença na periferia, Patrícia afirmou que muitas pessoas acabam deixando água acumulada: “Aqui tem muito terreno vazio, muitos parques, muita mata. Eu sou muito consciente, não acumulo nada. Mas, os vizinhos não ajudam. Sempre tem água parada e lixo acumulado em lugares errados.”
Além disso, ela afirma que tem medo de contrair dengue devido ao atendimento precário nos hospitais ao redor da região, que estão com superlotação de pacientes – questão de saúde pública mal debatida e de complexa resolução.
Para Patrícia e outros moradores do bairro, a ação dos órgãos públicos de saúde é essencial para maior conscientização sobre a doença.
Além disso, as mudanças climáticas afetam diretamente a proliferação e o tempo de vida do mosquito.
Nos últimos tempos, as elevadas temperaturas no Brasil favorecem a incidência de dengue, especialmente na região Sul, como Paraná e Santa Catarina, caracterizadas por temperaturas mais amenas e que, hoje, atingem rapidamente a faixa de 35 graus.
Mesmo com a mobilização de alguns órgãos públicos de saúde e o desenvolvimento da vacina para a dengue, a alta demanda em hospitais públicos intensifica a pouca ou nenhuma estrutura para atender tantos casos.
Dentro dessa abordagem, o Ministério da Saúde, em paralelo com o Governo Federal, deram início à campanha “Todos contra a dengue”, que dará repercussão à situação alarmante dos casos da doença no país, que geram impactos significativos para a população periférica.
A ministra da saúde, Nísia Trindade, em entrevista coletiva, apontou a necessidade de uma consciência coletiva para combater o mosquito, uma vez que 75% dos casos da doença encontram-se dentro das nossas próprias casas.
Junto a isso, Nísia fez um alarde aos municípios que se encontram em situações de emergência, destinando 1,5 bilhão de reais a essas áreas, com o objetivo de evitar ainda mais mortes pela doença.
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O artigo acima foi editado por Maria Cecília Dallal.
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