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Como Criar Uma Marca Sem Romantizar O Empreendedorismo: Relatos De Uma Garota De Negócios

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This article is written by a student writer from the Her Campus at Casper Libero chapter.

Desde a década de 1990, durante a abertura econômica nacional, o jornalismo coloca em destaque uma série de conteúdos sobre empreendedores de sucesso, sejam pequenas ou grandes empresas. Acontece que criar uma marca – e manter as vendas – não é uma jornada tão simples e linear como pode parecer.

Quando a quarentena começou no Brasil, em março de 2020, até quem não se imaginava abrindo o próprio negócio precisou começar a trabalhar por conta própria. De acordo com a pesquisa Global Entrepreneurship Monitor (GEM), realizada em conjunto com o Sebrae, a taxa de empreendedores iniciantes bateu recorde em 2020. Os dados não podem ser romantizados: o desemprego cresceu e a concorrência está cada vez mais acirrada em diversos setores.

Entretanto, existe um equilíbrio entre evitar a ilusão do sucesso rápido e criar uma marca de maneira assertiva, mesmo para quem não possui tanta experiência no mercado dos negócios.

Ana Paula Cardoso mora no interior de São Paulo e desde 2019 é a responsável pela Mermaid Tales, e-commerce de referência entre os amantes de papelaria e home decor, tudo com um foco no universo literário juvenil.

Apesar da criação da marca ter sido fruto de um processo espontâneo, hoje, Ana consegue olhar para trás e perceber os fatores chave do seu sucesso. Junto com a Her Campus Cásper Líbero, a jovem empreendedora (e leitora) fala sobre os pontos principais para a criação de uma marca digital.

1. Nicho: todo negócio parte de uma necessidade do mercado

Antes mesmo de definir o público-alvo, é essencial para quem empreende definir qual o segmento de mercado em que irá atuar, isto é, o nicho.

Um dos segredos da marca, assim como acontece na vida de tantos brasileiros, foi aliar um hábito de consumo – no caso, a paixão pelos livros Pop – com algo que faltava.

“Viajei para os Estados Unidos e fiz uma compra em uma loja literária. Fiquei apaixonada pelas velas! Procurei e percebi que não havia algo naquele estilo no Brasil. Quem tem ‘Bookstagram’ sempre vê foto de livro com essas velas. Não comecei a loja logo depois que voltei da viagem, mas essa ideia ficou na minha cabeça”.

2. Público-alvo define a sua marca

Quando Ana resolveu reduzir o tempo de trabalho na contabilidade  para empreender com a amiga Natalia Gomes, ela ainda não acreditava que uma loja online tomaria todo o espaço que a ideia de trabalhar em um escritório possuía no seu futuro.

Mas, de fato, as noites vendo séries juntas e trocando leituras acabou gerando uma ideia voltada para outros consumidores como elas. Assim, começou a Mermaid Tales, pensada especificamente no público adolescente e de jovens adultos, antenados nas novidades literárias Pop.

Porém, nem sempre um negócio é feito para o público do qual estamos inseridos, e mesmo quando este é o caso, vale pesquisar e traçar personas (um perfil semi fictício do seu cliente ideal).

A ideia é que esses dados demonstrem quem é esse consumidor que poderá se tornar cliente fiel. Para isso, é preciso descobrir quais são os hábitos de consumo e gostos desses perfis. 

Com essas informações em mãos é possível tornar tudo mais assertivo na marca (produtos, linguagem, identidade visual e conteúdos nas redes sociais, por exemplo).

Durante o processo de criação, Ana percebeu que aliar o conceito do aroma com o místico seria perfeito para seu nicho de velas focadas nos jovens amantes da literatura. Portanto, o design da sereia e o nome, Mermaid Tales, criaram um conceito que se expandiu, e hoje vende também itens de papelaria, cosméticos e artigos de decoração.

3. Diferenciais fidelizam clientes

Mas o que faz seus clientes comprarem o seu produto, e não o da concorrência? A resposta envolve uma série de fatores, como as estratégias de comunicação. Porém, novamente, quem dá a resposta é a sua persona.

No caso de Ana, o negócio, inicialmente focado em velas, apostou nos valores em torno da marca, algo que ela, assim como os jovens que comprariam seus produtos no futuro, levam bastante em consideração.

“Eu sempre me preocupei com o meio ambiente. Há muito tempo não uso cosméticos que testam em animais… Quando a loja começou, fiz questão de produzir do zero uma vela que também estivesse de acordo com esse quesito. Além disso, desde o início havia esse projeto na Mermaid, em que uma parte dos lucros seria doada para ONGs”.

A ideia de criar uma marca sustentável com impacto socioambiental positivo veio acompanhada da hashtag #MermaidForLife. O objetivo é incentivar mudanças de hábitos e doações por meio do significado de resistência que a sereia pode ter na luta pela limpeza dos oceanos, bem como proteção da fauna e flora marítima. 

4.Plágio e concorrência

Durante o início da criação da marca, é normal pesquisar a concorrência para entender melhor o mercado. Porém, Ana pontua que essa checagem não pode se tornar uma obsessão, um hábito negativo.

Se você se inspirar em outra outra loja, tente só se inspirar mesmo, ok? Eu lido com muitos casos de plágio na Mermaid – e isso prejudica muito a minha saúde mental.

Ana Paula Cardoso

Para evitar ser vítima de cópias, o ideal é que a marca seja registrada. Porém, esse processo envolve a criação de um nome jurídico, ou seja, uma empresa, e consequentemente, impostos para serem pagos.

5. Um site ainda é necessário para se ter uma marca?

As redes sociais estão se moldando cada vez mais para permitir que as compras sejam feitas dentro da plataforma. Porém, cada público prefere consumir de uma forma.

Ana concorda que seus clientes estão acostumados com as vendas feitas dentro do Instagram e WhatsApp, porém, afirma que mesmo neste público, ter um site aumenta a confiança de todos que compram.

“Acho que poder acompanhar o histórico da compra pelo site traz maior segurança para qualquer pessoa. Além disso, o catálogo de compras do Instagram não é como um site dividido por categorias, com uma página de dúvidas frequentes e políticas da loja. Sem contar que a gente nunca sabe se essas redes sociais não serão como o Orkut, que certo dia simplesmente acabou”.

Hoje em dia existem também e-commerces nacionais e internacionais focados na venda de produtos artesanais. Essa é uma alternativa para quem está criando uma marca e não possui a possibilidade de desenvolver um site próprio, com custos de registro do domínio, hospedagem e, muitas vezes, contratação de serviço para elaboração do site e seu sistema destinado às vendas. Porém, vale pontuar que para consolidar uma marca, um portal personalizado pode ser mais vantajoso.

6. Cuidado com os fornecedores

A Mermaid Tales funciona de uma maneira que não precisa envolver tantas pessoas em sua produção, basta Ana e o serviço que contrata de ilustradoras. Porém, mesmo assim a dona da marca precisa lidar com alguns fornecedores, uma das partes mais desafiadoras para ela.

“Vejo muitas pessoas comprando e anunciando com a foto do fornecedor antes do produto de fato chegar. Esse é um erro gravíssimo, porque existe grande chance do cliente não gostar do resultado final. Por isso, este é um dos meus investimentos na Mermaid. Compro o item, espero chegar para conferir se de fato a qualidade é boa e só depois, com essa certeza, anuncio a novidade”.

Ana também afirma que reduzir ao máximo o custo com fornecedores é sempre o ideal, apesar de exigir um investimento maior. “Moro no interior e não consigo acessar facilmente gráficas, preciso comprar pela internet e pagar o frete. Por isso ainda lido com esse gasto, mas pretendo investir em impressoras”.

7. Direitos do consumidor

Falando em burucracia, a empreendedora alerta para a necessidade de se aprender tudo sobre os direitos do consumidor antes de criar um negócio. O ideal é que todas as possíveis situações sejam antecipadas e reunidas em um artigo, disponível em fácil acesso dentro da plataforma utilizada nas vendas.

Dessa maneira você pode compreender quais são seus direitos e melhorar a experiência do cliente diante de algum problema.

8. Direitos autorais

Este é um ponto essencial para um negócio como o de Ana, que conta com produção de Fan Arts. Mas, mesmo que esse não seja o seu caso, vale prestar atenção na hora de checar qualquer imagem ou outro tipo de conteúdo utilizado no negócio.

Você adquiriu os direitos? Trata-se de uma licença de uso pessoal ou comercial?

9. Marketing

Como chegar até os clientes? Mais uma vez, estamos diante de uma pergunta que deve ser respondida pela persona. 

Atualmente as estratégias de marketing digital estão cada vez mais numerosas. Aqui vão só alguns exemplos de ações bem populares:

  • anúncios patrocinados nas redes sociais
  • e-mails promocionais
  • vídeos cada vez mais imersivos 
  • branded content 
  • textos com técnicas de SEO para blogs
  • parcerias com influenciadores digitais
  • publicações orgânicas nas mais diversas redes sociais.

No caso das personas da Mermaid Tales, a presença no Twitter, onde muitos leitores estão presentes, é essencial, assim como no Instagram, foco dos perfis dedicados aos livros. 

Recentemente outro fator entrou na lista: os vídeos de ASMR (Resposta Sensorial Autônoma do Meridiano, em português). Esse conteúdo característico do TikTok se tornou essencial – e, segundo Ana, expandiu consideravelmente a base de clientes.

Toda a comunicação da marca é feita com o tom de voz da empreendedora, que acaba se tornando a “brand persona” da Mermaid Tales. A proposta é demonstrar a identidade do negócio de maneira genuína, criando uma aproximação com quem está do outro lado da tela interagindo com o conteúdo.

10. Envio

Para que a marca seguisse crescendo, o alcance da garota de Silveiras precisava se expandir. Por isso, as entregas não chegam só em todo o país, como também ao exterior.

“Hoje em dia é possível fazer uma pré-postagem. O correio calcula tudo antecipadamente, tanto na entrega nacional como internacional”.

11. Interesse do público

A marca foi criada e todas as ações são baseadas nos hábitos da persona, porém, o acompanhamento do cliente não acaba aqui.

Pesquisas de satisfação, avaliação de métricas e tendências são algumas estratégias benéficas para seguir apresentando produtos, conteúdo e comunicação que atendam às expectativas de quem consome. Desta maneira, é possível seguir alcançando uma base de clientes mais ampla e oferecer produtos que agradem suas personas.

Na Mermaid Tales há uma estratégia bem interessante para acompanhar de perto o público. Como Ana é fã de literatura, como seus clientes “bookstans”, a empreendedora criou um vínculo próximo com pessoas que estão bem inseridas nessa comunidade.

“Tenho amigas que possuem ‘Bookstagrams’ e são parceiras da loja. Eu pergunto sempre qual é o livro do momento entre os leitores, o que tem sido procurado. Certa vez, por exemplo, após receber algumas indicações, decidi lançar uma prévia de um produto relacionado ao livro ‘Os Sete Maridos de Evelyn Hugo’, da Taylor Jenkins Reid. Depois disso, nossa, a marca ganhou muitos seguidores!”.

12. Cuidado com promoções

Tente sempre vender o produto no preço real, desde o começo. Dessa forma você acostuma os clientes ao seu preço. Fazer promoções com frequência pode te prejudicar e tornar a venda mais difícil. Porém, é preciso marcar presença com algumas promoções. O público da Mermaid gosta muito da Black Friday, então não podemos ficar de fora, é um dos maiores picos de vendas”.

13. Saúde mental

Não romantizem o empreendedorismo. Ter uma marca não é tão complicado assim, mas também não é fácil. Você passa noites sem dormir e percebe que tudo depende de você. Então é preciso ter muita responsabilidade para entender que, muitas vezes, mesmo quando o erro é do outro, o problema segue sendo integralmente seu”.

Ana conta que mesmo diante de tantas estratégias, o caminho percorrido por quem cria uma marca pode ser muito desgastante.

Tenho entendido com a minha empresa que não preciso ser um robô, está tudo bem me dar um tempo quando não estou bem e priorizar a minha saúde mental.

Ana Paula Cardoso

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E, se você é fã de literatura, pode sair deste conteúdo com duas vantagens: 

  • Participe do Clube do livro da HC Cásper Líbero (mais informações aqui!)
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Continue acompanhando a Ana e sua jornada na Mermaid Tales! 

Instagram: @mermaidtalesloja

Twitter: @mermaiddtales

TikTok: @mermaidtalescandleco

Loja: www.mermaidtales.com.br

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O artigo acima foi editado por Carolina Grassmann.

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Journalism student of Cásper Líbero University and Senior Editor at Her Campus . Follow me: @gabs_sartorato