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This article is written by a student writer from the Her Campus at Casper Libero chapter.

Um dos filmes mais esperados do ano teve sua estreia na quinta-feira, 3 de outubro. Joaquin Phoenix e Lady Gaga dão vida aos protagonistas de Coringa: Delírio a Dois, um filme dirigido por Todd Phillips e produzido pela Warner Bros. Entertainment e DC Studios.

A sequência de Coringa retrata Arthur Fleck no hospital psiquiátrico de Arkham, à espera do julgamento por seus crimes. Nesse meio tempo, Arthur reconhece sua dupla identidade, um homem são e um homicida, além de se apaixonar por Harleen “Lee” Quinzel, criando um relacionamento doentio e obsessivo entre ambas as partes. 

O diferencial do filme é a maneira como a loucura é abordada através das músicas, representando as fantasias insanas do casal como números musicais. Apesar de trazer várias reflexões críticas, não foi tão aclamado pelos fãs quanto o esperado.

A quebra de expectativas 

O filme Coringa foi o mais vendido nas bilheterias em 2019, ganhando dois prêmios no Oscar no ano seguinte e concorrendo a onze categorias da mesma premiação. O enredo em questão abordava o protagonista como uma vítima da sociedade, com relações familiares conturbadas e problemas mentais que foram se desencadeando ao longo da vida de Arthur Fleck. Enquanto a sequência deixou a desejar principalmente pela falta de coerência no roteiro e a fraqueza de aprofundamento nos personagens. 

A quebra de expectativas se dá também pelo histórico amplo e triunfante de filmes que abordam a figura do famoso palhaço do crime. Um grande exemplo, é a obra-cinematográfica Batman: O Cavaleiro das Trevas onde Heath Ledger interpreta o personagem, que apesar de não ser protagonista, rendeu o Oscar em 2009 de Melhor ator coadjuvante e Melhor edição de som. A aparição da Arlequina em Esquadrão Suicida em 2016 também gerou altas expectativas no público para Coringa: Delírio a Dois.

Embora existam críticas pertinentes, é inegável que muitos fãs de filmes de heróis estão acostumados com obras de ação, e enfrentam um rompimento desse padrão ao serem inseridos em um contexto de um musical que aborda a história de um vilão de quadrinhos. Além disso, esse público não costuma consumir o gênero musical, por isso quando a obra foi anunciada surgiram muitos rumores sobre a qualidade do filme. 

Como a música é utilizada no filme? 

Muitos fãs criticaram a quantidade de músicas, alegando ocuparem muito tempo do filme e não trazerem reflexões profundas. A grande questão é que a trama da sequência de “Coringa” não se encaixa com a de um musical, ou pelo menos não foi bem elaborada como um. 

Existem muitos musicais que trazem histórias reflexivas e críticas sociais através de suas performances musicais, como O Rei do Show. Porém, há uma grande diferença na abordagem e na construção desses temas se comparado com a sequência de Coringa.

Apesar da riqueza no elenco e da grande produção, Coringa: Delírio a Dois tem grande parte das músicas como clássicos dos anos 1960 e 1970, com covers de obras do Frank Sinatra, como “That’s Life” e “I’ve got the world on a string”, ou Bee Gees com “To Love Somebody”. Os produtores transformam músicas já existentes em uma conotação macabra, e mudam o sentido de letras românticas para se enquadrarem nos padrões do relacionamento tóxico abordado no filme.

O sentido de ser readaptado para os estigmas do filme deixa muito a desejar quando obras de musicais dos anos 1960 e 1970 são colocadas no filme com a mesma proposta: reinterpretar as letras. 

O musical Sweet Charity tem uma de suas letras colocadas em um sentido pejorativo no filme , a vítima foi “If my friends could see me now”, originalmente escrita por Cy Coleman e Dorothy Fields. A melodia faz parte de um musical que conta a história de uma garota nova-iorquina que, após sofrer inúmeras desilusões amorosas, encontra o homem dos seus sonhos. No filme, a Lady Gaga apresenta a canção em um momento de euforia ao conhecer o seu “ídolo”, o Coringa, como se fosse algo a invejar. Contrapondo o amor verdadeiro e a loucura.  

Contribuição ou detrimento? 

A sequência se tornou uma enorme decepção para seus espectadores, e regride a uma “sátira” se comparada ao primeiro. Tem como proposta uma trama dramática e romântica ao longo de um musical, porém a introdução de tais melodias atrapalha a construção da relação entre Arthur Fleck e Lee Quinzel, além de não agregarem no enredo e prejudicarem o aprofundamento e entendimento do filme.

Apesar da nova maneira de abordagem, Coringa: Delírios a Dois se torna um terror para os musicais a partir do momento em que o drama massante do enredo não demonstra emoções além de desespero e confusão. Em comparação com outros musicais que, em sua maioria, apresentam e despertam sentimentos como alegria, tristeza, amor, esperança e ansiedade, levando o espectador a vivenciá-los.

O papel da música neste aspecto é fundamental, através dela, em conjunto com o enredo, todas estas sensações vêm à tona e é o principal motivo do gênero ser tão aclamado. A falta dessa colaboração dos números musicais e a narrativa, provoca a falta de sentido e não causa comoção no público. 

Há musicais, assim como A Cor Púrpura, que abordam temas dramáticos que encaminham a uma reflexão profunda através das performances e seus dizeres com coerência no tema. O que não acontece em Coringa: Delírios a Dois.

O resultado final

Precisamos ter em mente que não é só a existência de um bom elenco, dando destaque para Lady Gaga durante as interpretações musicais em que ela se destaca por ser uma cantora renomada, grandes expectativas do público e uma enorme produção por trás, que o filme será impactante de maneira positiva. A falta de estrutura no roteiro e os sentidos desconexos das músicas e performances, deixa a desejar e destrói a boa narrativa construída do filme anterior. Mas, e você, se decepcionou com o filme?

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O texto acima foi editado por Eduarda Lessa.

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