Ao contrário do que muitos pensam, o coronavírus já existia antes mesmo dessa epidemia no final de 2019. Originalmente, esse vírus infectava apenas animais, mas a partir de uma mutação, começou a atingir também os seres humanos em dezembro de 2019. Acredita-se que a mutação do vírus se deu através do consumo de animais vivos na cidade de Wuhan, epicentro da doença, na China.
China e Europa
O coronavírus começou a se espalhar a partir de 13 de janeiro. A OMS informou sobre a chegada do vírus em 5 continentes e os dados sobre a doença na China foram subindo gradativamente para mais de 78,5 mil infectados e 2.460 mortos. Através de medidas como a quarentena, o surto começou a ser contido no país. Atualmente, há uma tendência na queda do número de infectados, o que leva as autoridades asiáticas a crerem que a previsão é de que as transmissões sejam contidas até abril de 2020.
O foco do COVID-19 se voltou para a Europa e fez jogos de futebol serem cancelados, ruas turísticas ficarem desertas e a população ficar em casa. No momento, a Itália é a nação europeia que tem o maior número de casos de coronavíruas e o avanço da doença no país já começa a afetar outros. Casos na Áustria, Croácia, Grécia, Suíça, Argélia, França, Espanha, Alemanha e Brasil foram ligados a pessoas que estiveram no norte italiano. Um balanço feito no último domingo (8) mostra que os países mais afetados depois da China são: Coreia do Sul (7.134 casos – 367 novos – e 48 mortos), Itália (5.883 e 233 mortos), Irã (5.823 casos e 145 mortos) e França (949 casos – mais 233 – e 16 mortos).
E aqui?
Rapidamente, o vírus também chegou ao Brasil. Um homem de 61 anos foi o primeiro brasileiro com COVID-19. Ele havia feito uma viagem para a Itália entre os dias 9 e 21 de fevereiro e retornado para São Paulo com os sintomas da doença. Hoje (11), o Brasil apresenta 52 casos confirmados de coronavírus, sendo localizados nos Estados de Alagoas (1), Bahia (2), Espírito Santo (1), Minas Gerais (1), Rio Grande do Sul (2), Rio de Janeiro (13), São Paulo (30) e Distrito Federal (2). Os últimos dados divulgados pelo Ministério da Saúde tem como principais números:
- 52 casos confirmados;
- 907 casos suspeitos;
- 935 casos descartados.
O que isso significa? Confira a opinião médica
É necessária a atenção aos sintomas e aos cuidados para que o vírus não se prolifere. O COVID-19 ocasiona febre e sintomas de origem respiratória (tosse e coriza), que podem evoluir para quadros mais graves, como pneumonia. Segundo o infectologista do Instituto Emílio Ribas, Ralcyon Teixeira, não há um tratamento específico até agora. “Até o momento o que fazemos é chamado de ‘tratamento de suporte’, então dependendo dos sintomas que o paciente apresentar e dependendo da gravidade deles, ele pode ficar em casa tomando remédio para febre, por exemplo, ou internado recebendo auxílio para qualquer manifestação mais grave.”
Para a prevenção, Ralcyon recomenda lavar bastante as mão com água e sabão, a diminuição de circulação das pessoas infectadas e evitar viagem de turismo para alguns países, como China e Itália. Sobre possíveis epidemias aqui no Brasil, o médico alerta que “há uma chance sim e devemos nos preparar para isso”, porém reforça estar acontecendo um certo exagero em relação ao vírus. “Observamos um episódio de histeria aqui no Brasil porque é a primeira grande epidemia que acontece na mesma época da massificação da tecnologia. Com o uso de redes sociais, como o Whatsapp, a informação circula exacerbadamente. Precisamos tomar cuidado com toda essa informação para não se deixar sair da realidade. Tem gente estocando comida, por exemplo, que é uma ação que foge muito do cenário atual”, adverte.
Impactos econômicos e sociais
O impacto do COVID-19 se refletiu também nas atividades econômicas, que vêm sofrendo perdas desde então.
Segundo dados publicados pela BBC, o PIB deve desacelerar em 2020. A OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) prevê um crescimento global de 2,4% em 2020, uma queda em relação à previsão feita em novembro, de 2,9%.
Os investidores também estão preocupados com o impacto do coronavírus na economia. A última semana de fevereiro registrou o pior desempenho do mercado desde a crise econômica de 2008. As fábricas chinesas, um terço das manufaturas do mundo, paralisaram na tentativa de conter a disseminação do vírus. Essa paralisação influenciou diretamente na cadeia produtiva de grandes empresas, como Diageo, JCB e Nissan, que se baseavam na produção chinesa, influenciando mais uma vez na economia mundial.
Além de todos os fatores já mencionados, a população passou a consumir menos. O medo do vírus faz com que as pessoas optem por ficarem em casa ao invés de irem em algum restaurante, shopping, viajar etc.
Os impactos não foram apenas econômicos. O coronavírus contribuiu para a proliferação do preconceito com a população asiática, que tem sido alvo de ofensas e constrangimentos em espaços públicos. Foram relatados vários casos de xenofobia em países europeus e americanos. Na França, subiram a hashtag #JeNeSuisPasUnVirus (Eu não sou um vírus) para denunciar agressões contra a comunidade asiática. No Brasil, chineses que vivem no país e brasileiros de ascendência oriental relatam ter sofrido constrangimentos e ofensas racistas depois do início do surto da doença. Além disso, o preconceito, atrelado à desinformação, tem levado as pessoas a evitarem o consumo e a compra de produtos chineses.
Cuidado com as fake news!
Com o alto fluxo de notícias e informações sobre o coronavírus, a proliferação de fake news se intensificou. O Ministério da Saúde criou um número de WhatsApp, (61) 99289-4640, para receber “informações virais” sobre a doença, que serão analisadas. Desde o início da epidemia, foram recebidas 6.500 mensagens, das quais 90% eram relacionadas à nova doença. Dessas, 85% eram falsas. Veja as mais famosas fake news sobre o COVID-19 que estão circulando nas redes sociais:
- Inseticidas podem transmitir coronavírus (É FAKE)
- Chá de abacate com hortelã previne a doença (É FAKE)
- Bebidas alcoólicas ajudam a curar o COVID-19 (É FAKE)
- Produtos importados da China trazem o vírus (É FAKE)
- A estrutura do coronavírus é semelhante à do HIV (É FAKE)
A necessidade do uso de máscaras em transporte público no Brasil também é “fake”. Segundo o infectologista Ralcyon, o uso de máscaras no Brasil é desnecessário. “Nesse momento não há evidências de que seu uso evitará a infecção ou o número de transmissão, então, não recomendamos essa ação no Brasil”.
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A matéria acima foi editada por Bruna Sales.
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