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Crime Político: Os Efeitos Violentos Da Polarização Em Período Eleitoral

The opinions expressed in this article are the writer’s own and do not reflect the views of Her Campus.
This article is written by a student writer from the Her Campus at Casper Libero chapter.

A crescente polarização no cenário da política brasileira, especialmente em ano de eleições, deixou de ser apenas uma discussão ideológica. Brigas e mortes por motivação política vem aumentando na medida em que se aproxima a data dos eleitores escolherem seus candidatos no primeiro turno, em um ano marcado por ameaças à democracia, violência e intolerância política.

No dia 9 de julho de 2022, Marcelo Arruda – tesoureiro do PT (Partido dos Trabalhadores)  -, comemorava seu aniversário, em que o tema da festa era do Partido, em um clube em Foz do Iguaçu. Jorge Guaranho – policial penal e apoiador de Jair Bolsonaro (PL) -, ao saber do evento, para o qual não havia sido convidado, decidiu invadir a festa. Jorge chegou ao local com músicas bolsonaristas e proferiu xingamentos. Quando percebeu a situação, Marcelo, também guarda municipal, iniciou a discussão e atingiu com terra o carro da família de Guaranho. Nervosa com a situação, a esposa de Jorge pediu que deixassem o local. Minutos depois, Jorge voltou armado para o aniversário. O tesoureiro percebeu que o policial estava armado. Ele agiu em legítima defesa e também sacou sua arma. Jorge efetuou quatro disparos, dois pegaram em Marcelo, que não resistiu e veio à óbito.

O policial federal Jorge Guaranho é réu por homicídio duplamente qualificado e está preso no Complexo Médico Penal de Pinhas, em Curitiba.

Apenas dois meses depois, no município de Confresa, Mato Grosso, mais um simpatizante do ex- presidente Lula (PT)  perdeu a vida após uma discussão motivada por divergências políticas. Rafael Silva de Oliveira matou a facadas seu colega de trabalho, Benedito Cardoso dos Santos. Rafael foi levado para a delegacia, onde confessou o crime e foi autuado em flagrante.

Luiz Inácio Lula da Silva lamentou o ocorrido em seu perfil do Twitter. 

“O Brasil não merece o ódio que se instaurou nesse país. Meus sentimentos à família e amigos de Benedito”, afirmou na publicação.

Matheus Guimarães Cury, advogado especializado em Ciências Criminais e ex- presidente do Conselho Penitenciário do Estado de São Paulo explica que o crime de ódio é aquele motivado pelo preconceito, no qual o criminoso seleciona a vítima de forma intencional em razão de pertencer a um determinado grupo. ”Quando uma pessoa não aceita a condição, opinião ou posição alheia e parte para a violência seja física ou moral, pratica crime de ódio”, afirma Matheus. 

Além disso, as palavras de cunho violento e de ódio constantemente presentes em declarações do atual presidente Jair Bolsonaro, colaboram para que crimes com teor político sejam cada vez mais frequentes, onde os eleitores não respeitam mais opiniões e preferências distintas. Este fato, por si só, torna-se motivo para agredir ou assassinar o outro. Assim, criando uma relação tensa e antidemocrática no período eleitoral.

Esse tipo de ato violento ataca os pilares democráticos de uma nação e vem gerando preocupação, inclusive, de importantes representantes da ONU, devido aos ataques inconstitucionais e criminosos entre eleitores:

Reprodução/Instagram

”O líder de uma nação tem o dever de pregar a paz. O Presidente da República tem grande ascensão sobre boa parte da população. Quando o líder de uma nação prega a separação, o ódio, parte de seus seguidores tendem a repetir, incitando o ódio e colaborando com a polarização política, o que pode levar a elevação do discurso e, consequentemente, da violência”, explica o advogado.

De acordo com a legislação brasileira, o especialista explica que não há punições específicas para crimes de motivação política, mas que engloba situações rotineiras de ódio, por crimes praticados contra a honra ou a integridade física.

”A legislação brasileira segue as determinações internacionais dos Direitos Humanos e possui leis específicas contra crimes de preconceito e discriminação (Lei 7716/1989) e contra o genocídio (Lei 2889/1956), que são crimes de ódio. Nos crimes contra a vida, especialmente no crime de  homicídio,a lei prevê as qualificadoras, com penas maiores, quando o crime é praticado por motivo fútil ou motivo torpe. Se o homicídio é praticado por razões de opinião política, entendemos que foi motivado pela futilidade, ante a insignificância, a desproporcionalidade entre o motivo e a reação. E também motivado pela torpeza, que é aquela ação considerada desprezível, imoral, egoística”.

Estes casos são apenas alguns exemplos dentre tantos outros episódios de violência e crimes políticos que aconteceram e estão se tornando cada vez mais parte do cotidiano, antes das eleições. Uma realidade desrespeitosa à liberdade de pensamento e ao voto individual de cada eleitor. Uma thread no Twitter destacou outras notícias com o mesmo viés:

Reprodução/Twitter

Sendo assim, a polarização política, quando levada ao extremo, gera um clima antidemocrático e até mesmo de medo na sociedade, sendo fator disparador para esses tipos de crime. A promoção do ódio e da violência só tem um produto, vidas brevemente interrompidas, como as de Marcelo e Benedito.

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Esse artigo foi editado por Larissa Cassano.

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Mariana Cury

Casper Libero '25

I like to write about what I feel, what I see and about stories that cross my path.