Se você já assistiu ao clipe da obra prima “The Stars (Are Out Tonight)”, do renomado cantor David Bowie, talvez não soubesse, mas estava admirando o nítido retrato da potência e impecabilidade da moda andrógina. Durante as cenas, Bowie, acompanhado da atriz mundialmente conhecida, Tilda Swinton, deu motivo de apreciação para os admiradores do mundo fashion, visto que os dois são grandes líderes de tendências da androginia.
Celebridades com estilo andrógino
O visual pode não parecer familiar ao escutar apenas o nome, porém diante de referências como Twiggy, Grace Jones, Ruby Rose e Diane Keaton, é possível visualizar as semelhanças camaleônicas entre seus looks. Smokings, blazers, calças cigarrete, bermudas largas, camisetas compridas, camisas e alpargatas são exemplos de peças retrato da alfaiataria unissex utilizadas pelas importantes figuras.
Foi a junção dos termos “andro” (homem) e “ginia” (mulher) que representou, na mitologia grega, criaturas que reuniam um corpo masculino e feminino e incorporavam características dos dois sexos. Um estilo andrógino, portanto, seria aquele que traz elementos dos dois mundos.
Paralelo ao sucesso destas célebres personalidades, o estilo andrógino ganhou força na moda. Porém, é válido ressaltar que a gênese do estilo ocorreu décadas antes, contando com distintos pioneiros, que arriscaram entregar looks marcados pela mistura de características masculinas e femininas, agregando novas referências e formas de se expressar no setor de vestuário.
O estilo andrógino e a liberdade feminina
Com o início do século XX, o termo faz sua presença na sociedade capitalista, com a atuação das sufragistas, mulheres que lutaram pela igualdade de gêneros e adotaram como forma de rompimento de estigmas, o uso de vestes e cortes de cabelo masculinos. A peça vanguardista no cenário da época foi a calça.
Nos anos 20, a indumentária aufere cada vez mais potência, a partir da presença da revolucionária Coco Chanel, mãe da androginia. A estilista abdicou do retrógrado e sufocante espartilho, lançando tendências como o tailleur, um blazer inspirado no trajado por seu amante (duque de Westminster) e modelos de calças femininas.
Os passos de Coco foram fundamentais no avanço do visual unissex, já que as moças eram constantemente submetidas a roupas incômodas, cujo intuito era modelar o corpo para que se encaixasse nos padrões da magreza e entregar elegância somada a delicadeza. Todavia, esse objetivo causava apenas desconforto, dificultando atividades diárias e as submetendo a pressões de estilo desnecessárias.
O terno feminino – anos 60
Outro importante precursor do visual andrógino foi Yves Saint Laurent, que em 1966 lança o smoking feminino. O traje era tido como “a marca das mulheres poderosas” e foi desfilado nas passarelas por importantes figuras, sendo exemplo a modelo Twiggy.
Anos 70 – hippies e Glam Rock
E os homens não ficavam externos às tendências andróginas, uma vez que nos anos 70, cabelo comprido, sapatos de plataforma, calças boca de sino e batas, compunham o look de ambos os gêneros. A década hippie priorizava a igualdade, e lançou tendências que perduram até os dias atuais.
Glam Rock
Ainda nesta década, movimentos de contracultura do rock criam o estilo “Glam Rock”, uma mescla de características femininas e masculinas representada através de lurex, lantejoulas, paetês, saltos plataformas.
A maquiagem com cílios postiços, batons e sombras em cores vibrantes, purpurina também era essencial para a criação do visual glamuroso e cheio de atitude. Celebridades como David Bowie, Iggy Pop, Marc Bolan e, no Brasil, Ney Matogrosso, foram propagadores do visual.
Saias para homens – anos 80
Durante os anos 80, novas referências fashion são englobadas ao visual andrógino. A criação da saia para homens, em 1984, por Jean Paul Gaultier, e a criação de sua coleção de verão “um guarda-roupa para dois”, lançada no ano seguinte, ilustram o quão engajada estava a androginia nas passarelas. Ademais, camiseta, calça jeans e camisa xadrez eram usados por homens e mulheres na época, inspirados pelo Glam Rock e Grunge.
Mudanças nas passarelas – anos 90
Nos anos 90 surgiu Kate Moss, que se tornou uma anti-modelo devido aos seus traços andróginos, que destoavam das super modelos altas e curvilíneas, pertencentes a um padrão de corpo do período. Mesmo assim, tornou-se um grande ícone da moda valorizando a androginia nas passarelas.
Androginia nos dias atuais
E quanto aos dias atuais? Quebrando progressivamente barreiras, o visual andrógino fez parte da história da moda e integra as vitrines de inúmeras lojas de roupas, com peças versáteis e que proporcionam um lugar àqueles que não desejam se restringir a um único gênero no guarda-roupa.
No tapete vermelho do Oscar desse ano, o ator Timothée Chalamet, de Dune, exibiu um look de alfaiataria, composto por um blazer brilhante e com renda, da passarela feminina da Louis Vuitton, sem uma camisa por baixo. Outro famoso que costuma romper barreiras no universo fashion é o cantor Harry Styles.
Do básico ao ousado, fundindo o clássico e o moderno, a androginia está sempre na passarela, e é observada até mesmo no cotidiano, seja no trabalho ou nos espaços de lazer. Quer uma prova? Abra seu guarda-roupa nesse instante e veja a quantidade de peças dessa esfera fashion que você possui, e nem imaginava que pertenciam a esse tipo de estilo.
Agora, já monte sua pasta no Pinterest e abasteça com todas as referências possíveis de visuais andróginos, pois não tenho dúvidas de que, após ler essa matéria, este estilo fará ainda mais parte do seu dia a dia!
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O texto acima foi editado por Daniela Soares.
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