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Culture

DE RACIONAIS’MCS A SABOTAGE: 5 CANTORES/BANDAS QUE SÃO SÍMBOLOS DO RAP NACIONAL

This article is written by a student writer from the Her Campus at Casper Libero chapter.

Muito além de um estilo repleto de expressões artísticas, o rap traz uma importante crítica social a respeito da cotidianidade das periferias, como a desigualdade social, a violência e a discriminação racial. As letras desse gênero são justamente para criticar o sistema e mostrar a indignação com a realidade vivida diariamente nas favelas do Brasil.

O rap brasileiro sempre foi importante para as comunidades marginalizadas para tentar transformar violência e desigualdade em arte, poesia, luta e cultura, trazendo uma perspectiva que influencia beneficamente os jovens das grandes periferias do país.

Aqui estão 5 cantores e/ou grupos que têm como propósito mostrar sua obra como ferramenta social que transforma e educa. Esses artistas representam a trajetória do rap durante décadas.

Racionais´MCs

O grupo Racionais´MCs, mesmo após 34 anos de criação, é considerado uma referência na história do rap nacional. Formado por Mano Brown, Edi Rock, Ice Blue e KL Jay o grupo busca, por meio das letras, denunciar o sistema opressor que contribui com a desigualdade social e que, consequentemente, está conectado com a violência, crime e racismo.

O início da banda ocorreu em 1989 com a estreia do álbum Holocausto Urbano, em que denuncia a exploração da classe trabalhadora e a injustiça social ligada à violência policial.


Em 1997, foi lançado Sobrevivendo no Inferno, um dos álbuns mais icônicos e que marcou a história do rap nacional. Este foi o disco que melhor representou a vivência dos jovens da periferia, pois valoriza a resistência daqueles que sobrevivem frente às injustiças sociais, ao mesmo tempo que critica a desigualdade, pobreza e o racismo. Diário de um Detento, Capítulo 4, Versículo 3, Jorge da Capadócia são músicas aclamadas até hoje e que relatam a cotidianidade da vida na favela, o descaso da polícia nos presídios e a discriminação racial.

Por fim, lançado em 2002, o quinto álbum Nada como um dia após o outro, que apresenta as faixas Vida Loka I, Vida Loka II, Negro Drama, Estilo Cachorro e Jesus Chorou, é considerado um disco atemporal, pois expõe o rap como refúgio contra a criminalidade, angústia e tristeza dos jovens periféricos que resistem a toda e qualquer tipo de discriminação, violência e desigualdade.

2. Emicida

Leandro Roque de Oliveira, mais conhecido como Emicida, é compositor, artista e um dos mais renomados rappers nacionais. Escolheu como nome artístico E.M.I.C.I.D.A, abreviação de Enquanto Minha Imaginação Compuser Insanidades Domino a Arte.

Nascido no Jardim Fontalis, periferia norte da capital paulista, começou bem cedo a participar de batalhas de rima. A sua carreira teve início em 2005, com o lançamento de sua primeira faixa Contraditório Vagabundo, em que expõe contradições da própria sociedade e do Estado.

Emicida lançou 8 álbuns, sendo AmarElo um de seus discos atemporais com letras politizadas, combate à discriminação racial, defesa da minoria e desigualdade social. A faixa Principia, por exemplo, expõe questões sociais, a religião e a violência estatal e econômica. Levanta e Anda mostra a realidade nas periferias, que não é fácil, mas defende que é necessário seguir em frente. Já Triunfo faz menção a carreira e trajetória do próprio cantor, além de contar sua missão dentro do ramo.

3. Djonga

Nascido em Belo Horizonte, na favela do Índio, Gustavo Pereira Marques, mais conhecido como Djonga, é um dos mais importantes rappers do país. Com letras que representam e exaltam a força das pessoas negras, combate e denuncia temas como racismo, luta de classes, questões da vida pessoal e até mesmo amor.

Começou a compor ainda jovem nas batalhas de rua e principalmente nos saraus de poesias, que eram movimentos políticos e que funcionavam como forma de protesto contra ao Estado.

Djonga além de ser cantor, é poeta a sua maneira e usa da sua arte para dar voz ao movimento negro no cenário em que está inserido. Ele deixa isso evidente em Olho de Tigre, Solto, Heresia, Junho de 94, Ladrão, em que as músicas são sempre inovadoras, com letras contundentes e que combatem o preconceito, a desigualdade nas regiões marginalizadas e sobretudo, que lutam e resistem sempre pela sobrevivência.

4. Mv Bill

Alex Pereira Barbosa (Mv Bill), é um rapper, escritor, ativista, ator criado na comunidade do Rio de Janeiro, Cidade de Deus. Cresceu na cultura do hip hop e adotou o nome artístico MV- mensageiro da verdade pelo modo como transmitia a realidade das favelas em suas letras.

Soldado do Morro, Estilo Vagabundo, O Bagulho é doido e Traficando Informação são suas músicas mais representativas e que carregam críticas e versos politizados.

Além de sua carreira como cantor e compositor, o artista participou e atuou como fundador e ativista da ONG Central Única das Favelas (CUFA), em 1999. O objetivo era apresentar projetos sociais e de desenvolvimento para as comunidades.

5. Sabotage

Mauro Mateus dos Santos, mais conhecido pelo seu nome artístico Sabotage, foi um rapper, ator e compositor. Mesmo após 19 anos de sua morte, o artista ainda carrega o legado de ser uma das maiores inspirações para o rap nacional. Sempre revolucionário, apontava em suas letras a realidade das periferias e à luta contra as desigualdades sociais, o racismo e a opressão.

Sabotage foi o responsável por dar voz e visibilidade à favela do Canão, localizado em São Paulo, onde morava. Em Canão foi tão bom, por exemplo, mostra com um olhar melancólico o sentimento de admiração pelo seu bairro.

Respeito é pra quem tem, Mun Rá, Rap é Compromisso e País da Fome são as suas principais faixas que, até hoje, inspiram milhares de jovens periféricos com rimas precisas e claras sobre a realidade da população.

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O texto acima foi editado por Mariana Letizio.

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Mariana Suzuki

Casper Libero '25

Journalism student who loves to talk about art, paints and write about everything that I find interesting.