Todo amante de futebol já escutou a famosa frase: “nunca foi só futebol”, que quer dizer que esse esporte, além de apaixonante, também já foi extremamente essencial em diversas causas do nosso país. E esse é um dos mais importantes movimentos dentro do meio futebolístico que comprova a veracidade dessa frase icônica.
O ano era 1982 e o Brasil, que era governado por Figueiredo (1979-85), passava por um dos momentos mais trágicos de sua história: a ditadura militar. Neste mesmo ano, foi criada a tão importante Democracia Corinthiana. Quatro jogadores de um dos maiores clubes do Brasil, o Corinthians, participaram da campanha que tinha como principal objetivo lutar contra a ditadura e afrontar o governo que, desde 1960, havia tomado os direitos ao voto para presidente. Os jogadores envolvidos eram: Sócrates, Casagrande, Wladimir e Zenon.
A iniciativa durou 2 anos e fez história não só do lado de fora do clube. Mudanças estruturais foram feitas dentro dele, todos os funcionários, desde o roupeiro até o treinador da equipe, que era o Mário Travaglini na época, participavam das decisões importantes do dia a dia da equipe, contratações, escalações e regras internas eram democraticamente decididas em conjunto.
Além disso, o primeiro ano dessa autogestão ajudou o Corinthians a se recuperar em campo, após vivenciarem uma temporada anterior abaixo do esperado. Nas próximas temporadas foram levantadas as taças do Campeonato Paulista de 82 e 83. No segundo ano, antes de jogarem a grande final, os jogadores do time alvinegro entraram com uma faixa que dizia: “Ganhar ou perder, mas sempre com democracia”.
A luta no Parque São Jorge era evidente, porém não parava por aí. Os integrantes do movimento não desistiriam enquanto o ponto final de toda essa repressão não fosse colocado.
Com isso, eles participaram do comício pelas Diretas Já, movimento que defendia a retomada das eleições diretas ao cargo de presidente, e também defenderam a aprovação da Emenda Constitucional Dante de Oliveira, que, embora aprovada pela maioria da população na época, foi reprovada em votação no Congresso.
Sócrates, o mais icônico dos personagens da Democracia Corinthiana, declarou que se a emenda fosse aprovada, ele ficaria no Timão. No entanto, seu plano foi frustrado e ele se transferiu para a Fiorentina, da Itália. Após isso, o movimento foi se desfazendo depois de Casagrande também se despedir do clube e o diretor Adilson Monteiro Alves ter sido derrotado na eleição do clube, pois era ele quem ouvia os atletas e, sem dúvidas, foi uma figura fundamental para a implantação das ideias revolucionárias.
Esse movimento, fortalecido por jogadores, gestores e diretores de futebol do Corinthians, é só mais uma das muitas vezes em que o futebol foi a porta-voz em momentos de extrema fraqueza da população brasileira. Assuntos como racismo, homofobia e quaisquer outros tipos de preconceitos, viram alvo de manifestação no esporte. A revolta dos jogadores que usavam as cores preto e branco, nesse caso, é considerado um dos maiores e mais importantes protestos no mundo da bola. E isso é a prova de que o futebol nunca foi, não é e nunca será “só futebol”.
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O artigo acima foi editado por Izabella Giannola.
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