A cantora norte-americana Taylor Swift lançou seu tão aguardado décimo álbum de estúdio, ‘Midnights’, na sexta-feira (21/10), contendo com 13 faixas. Algumas horas depois veio o lançamento surpresa de ‘Midnights (3am version)’, com 7 músicas adicionais. Mais uma vez a cantora quebrou recordes: o Spotify afirmou que esse foi o disco recebeu mais streams em único dia – marca alcançada também pela própria artista.
Desde o início da carreira de Taylor Swift, em 2006, suas músicas são constantemente associadas aos seus ex-namorados – como Joe Jonas, Jake Gyllenhaal, Tom Hiddleston e Joe Alwin (seu atual namorado) – tornando-se comum dizer que esta seria a única temática sobre a qual a escreve. Mas depois do lançamento de ‘Midnights’, é justo afirmar isso?
DE ONDE VEM ESSA AFIRMAÇÃO?
Foi somente a partir de seu terceiro álbum, ‘Speak Now’, de 2010, que Taylor Swift começou a receber críticas misóginas sobre escrever apenas a respeito de seus namorados devido à músicas como ‘Better than Revenge’ e a polêmica ‘Dear John’ – associada ao seu antigo relacionamento com o músico John Mayer.
Um ano depois, o disco ‘Red’ trouxe hits como ‘We Are Never Ever Getting Back Toguether’, ‘All Too Well’ e ‘I Knew You Were Trouble’. A partir deste momento, a cantora era amplamente criticada devido à quantidade de ex-namorados na época: Swift supostamente ”namorava demais” e era chamada pela imprensa de ”caçadora de homens” e ”quebra-corações”.
Em todos seus discos posteriores, a expectativa era sobre as possíveis músicas que seriam lançadas sobre as relações amorosas da cantora. Contudo, a realidade é que nenhum álbum de Taylor Swift é realmente apenas a respeito de seus ex-namorados.
MUITO ALÉM DOS RELACIONAMENTOS
A verdade é que Taylor Swift, assim como a maior parte dos artistas na indústria musical, escreve sobre suas experiências de vida, sejam elas positivas ou negativas. A questão amorosa faz parte de sua realidade e Taylor tem total direito de contar suas dores.
Rebaixar suas composições a esse tema demonstra que seu trabalho não foi analisado por completo. Quem conhece a cantora apenas através de manchetes e sucessos comerciais não sabe que sua obra vai muito além de ex-namorados e ”fofocas”.
Taylor Swift aborda lições de vida, amizade, fama, críticas e vingança, então por que apenas suas músicas sobre separação recebem atenção da mídia?
”Você vai ter pessoas que vão dizer: ‘Ah, você sabe, como se ela apenas escrevesse músicas sobre seus ex-namorados’, e eu acho, francamente, que é apenas um ângulo muito sexista. Ninguém diz isso sobre Ed Sheeran. Ninguém diz isso sobre Bruno Mars. Eles estão todos escrevendo sobre seus ex, suas namoradas atuais, sua vida amorosa e ninguém levanta uma bandeira vermelha lá.”
– Taylor Swift
A MISOGINIA NA INDÚSTRIA MUSICAL
A realidade diante destas críticas demonstra que o caminho de Taylor Swift até o estrelato foi marcado por sexismo e misoginia. Ela foi crucificada por músicas românticas ou que retratam o fim de um romance. Foi chamada de maluca e obsessiva. Isto se deve ao fato de que as mulheres são geralmente culpadas por este tipo de acontecimento; a quantidade de términos da cantora é vista como um alerta vermelho.
Quando um cantor masculino descreve suas decepções amorosas é aclamado e, inclusive, conquista simpatia do público. Swift, por outro lado, é acusada de compor apenas para tornar-se vítima e destruir a reputação de seus ex-parceiros, além de ser considerada muito melosa e ”namoradeira”.
Estes apontamentos nunca foram feitos aos homens da indústria musical. Se o problema em questão fosse verdadeiramente escrever a respeito de relacionamentos passados, a crítica deveria se estender a todos que já fizeram uma música nesse estilo.
”Eles usam meio que você escrevendo músicas sobre sua vida como uma maneira de bancar o detetive e para mim eu tenho uma política pessoal muito rígida de nunca citar nomes, então qualquer pessoa dizendo que uma música é sobre uma pessoa específica é puramente especulação”
– Taylor Swift
A PROFUNDIDADE DE ‘MIDNIGHTS’
‘Midnights’ é um disco conceitual inspirado em noites sem dormir. Ele cobre tópicos como ansiedade, autoconfiança e autocrítica. Após o lançamento houve especulações a respeito de para quem poderiam ser as 20 faixas lançadas por Taylor Swift, surgindo nomes como os de Tom Hiddleston, Joe Alwyn e John Mayer. Mas seu décimo álbum de estúdio vai muito além dos rumores e das manchetes.
‘Anti-Hero’ revela ansiedades, inseguranças, medo do abandono e crises de identidade de Taylor. O vídeo clipe mostra, inclusive, cenas que representam seu transtorno alimentar – citado anteriormente no documentário ‘Miss Americana’. ‘You’re On Your Own, Kid’ é outra música que também retrata a doença.
E mesmo canções que foram associadas a possíveis ex-parceiros foram escritas sobre a própria Taylor. Em ‘Mignight Rain’ ela conta que não estava preparada para grandes comprometimentos, pois buscava crescer e se desenvolver.
Portanto, não, não é justo dizer que Taylor Swift só canta sobre seus ex-namorados. Ela canta sobre suas experiências de vida, assim como todos na indústria musical – basta apenas sair das chamadas da mídia e escutar atentamente sua discografia.
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Esse texto foi editado por Diovanna Mores Monte.
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