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Devo Tirar O Título De Eleitor? Jovens Brasileiros Tiveram Baixa Adesão No Início Do Ano

The opinions expressed in this article are the writer’s own and do not reflect the views of Her Campus.
This article is written by a student writer from the Her Campus at Casper Libero chapter.

Cale-se: reação de uma parcela da população juvenil brasileira que não havia se registrado para votar nas eleições de 2022. A escolha de não tirar o título de eleitor implica em não participar ativamente do rumo do Brasil e reflete a desesperança na política e na democracia.

A música “Cálice”, de Chico Buarque, entoa uma crítica metafórica ao período da história brasileira que não se deseja voltar, a Ditadura Militar, que tirou João Goulart da presidência em 1964 e abriu o intervalo de 21 anos em que os brasileiros não poderiam escolher seus representantes políticos. Com isso, a censura tentou ferozmente calar as vozes que gritavam pela retomada democrática.

O movimento das Diretas Já, lançado em 1983, contou com muitos apoiadores, que lutaram pela volta das eleições diretas ao cargo de Presidente da República. A juventude, aliada ao movimento popular, resistiu aos canhões e pelotões, com a esperança de um Brasil melhor. A coragem da época, contudo, destoa do reflexo da atual população jovem do país, que não vê o voto como um meio de mostrar sua força para garantir a democracia brasileira, conquistada após muita resistência.

Segundo o TSE (Tribunal Superior Eleitoral), no mês de fevereiro, apenas 830 mil jovens de 16 a 18 anos possuíam o título de eleitor, o menor número registrado na história brasileira. Eles têm até o dia 4 de maio para poder se registrar e exercer a cidadania, votando em novembro nos candidatos que melhor os representarem. Contudo, a falta dessa representação é um dos empecilhos que, juntamente com falta de orientação familiar e a polarização de candidatos, acabam distanciando o jovem de participar ativamente das decisões políticas.

Reprodução.

Guilherme Carvalho é pesquisador em comportamento do eleitor e afirmou, em conversa com Carol Nogueira, no episódio da CNNE Tem Mais”, que este distanciamento se deve ao próprio desejo do adolescente de se encaixar. Por conta da polarização, esse jovem sente medo de se posicionar e estar somente de um lado, o que significaria amá-lo e entrar em conflito com o grupo oposto. O afastamento é a melhor opção que encontraram para fugir desse contexto tão arriscado à sua vida social enquanto ainda não são obrigados a exercer esse direito.

Se por um lado o cenário político não o encoraja, por outro lado a família deveria orientá-lo e incentivá-lo. Os familiares estão realizando esse pressuposto? O que conversam com seus filhos sobre a eleição?”

A realidade é evidenciada na fala de Antônio Lacerda, estudante em Cruzeiro/SP, que, em uma entrevista para o Correio Braziliense, destacou que seu único contato com a política foram as narrativas dos responsáveis, “X roubou e como o Y foi bom”. Dessa forma, o papel dos pais no incentivo do debate político não está sendo efetivo, pois uma educação reflexiva e crítica é colocada de lado.

Mas nem tudo está perdido. O esperançar da juventude ainda se encontra em alguns que acreditam na luta pela democracia através do voto. A estudante Dayane Coelho, 16 anos, ajudou na emissão do título de eleitor de 50 adolescentes. Usando o computador do pai, em Teresina, Dayane conseguiu ver na eleição uma forma de mudar o país. Para conscientizar e incentivar o primeiro voto, o TSE também realizou a campanha do tuitaço, entre os dias 14 e 18 de março, subindo a #RolêDasEleições, à qual se juntaram artistas e influencers mobilizando o público que não completou a maioridade a se registrar. O objetivo foi cumprido, somente nos dias 24 e 25 de março foram emitidos mais de 90 mil novos títulos. 

Fugir da política não vai fazer desaparecer tudo que nela se repercute. Ao se retirar do cenário eleitoral, permitimos que as coisas continuem como estão. Fazer política não se restringe ao voto, mas consiste em questionar e debater as normas, leis, atitudes sociais em jogo para o melhor convívio em sociedade, escolhendo o representante que mais se aproxima das suas ideias. Dessa forma, é possível efetivar e colocar em prática a mudança que você deseja ver para o país. Assim como os jovens que participaram da redemocratização, os de hoje podem garantir esse direito tão precioso para a população.

Tá esperando o quê para tirar o título de eleitor? Hoje nem precisa sair de casa, é feito online pelo sistema TítuloNet. É necessário apenas documento de identificação oficial com foto e comprovante de residência. Ao preencher todos os dados e escolher o local de votação, um número de protocolo será gerado e você pode acompanhar o processo no site do TSE. Efetivado, o download da versão digital pode ser feito através do aplicativo e-Título, sem necessidade de título em papel, como o era antes.

Já tirou seu título?

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O artigo acima foi editado por Larissa Cassano.

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Proud Cuban in Brazil since 2014. Student of Journalism at Cásper Líbero. Passionate about reading, writing and photography. Immersed in the world of politics, economics and literature. Contact me here: marienrr2003@gmail.com