“Querido diário…”. Você com certeza já deve ter ouvido essa expressão em algum momento. O registro informal dos acontecimentos cotidianos, ou melhor, o diário pessoal, não serve apenas para guardar memórias de uma determinada época: ele possui diversas funções psicológicas e pode ser usado até como documento histórico.
Mas como começar a escrita pessoal? Primeiramente, é importante decidir o formato ideal – aquele em que é mais fácil se expor. Em seguida, é recomendado escolher um horário no qual você se sinta mais confortável e focado para a atividade. A criação de uma rotina para manter o hábito é indicada, além de definir se os relatos serão detalhados, sucintos ou somente sobre momentos importantes.
Confira esse e outros fatos sobre os diários!
Os benefícios da escrita
A psicanalista Andressa Marsura conta que manter o hábito da escrita pessoalapresenta muitos benefícios para a saúde mental.“A prática é eficiente para uma série de propósitos, desde digerir eventos traumáticos até aliviar o estresse e minimizar os sintomas da depressão e ansiedade”.
Além disso, o diário ajuda na organização pessoal, no autoconhecimento e na análise de questões, uma vez que a dissertação de fatos contribui com o foco e instiga uma atenção mais profunda para os acontecimentos cotidianos.
Em relação aos jovens, Andressa afirma que “para a criança e o adolescente, a prática se torna mais leve, pois ali ele pode se expressar sem o medo do julgamento e represália de algum adulto”. Ela ainda acrescenta que “as emoções se tornam mais genuínas e claras do que possa ser feita por via de oralidade”.
Criatividade manual ou praticidade digital?
Uma forma mais criativa do diário tradicional é o scrapbook. Traduzido diretamente para “livro de recorte”, ele tem como foco a parte visual, contando com adesivos, desenhos e até mesmo versos e poemas.
Mas, apesar dos manuscritos serem mais conhecidos, os diários digitais também são populares pela sua praticidade e fácil acesso. Atualmente existem até aplicativos para isso, como Daybook, Universal Diary e Five Minute Journal. Eles possuem diferentes ferramentas como anexo de imagens, perguntas de verificação de humor, senhas para acessar as anotações e muitas outras.
Independentemente da escolha, a psicanalista ressalta que tanto diários digitais quanto manuscritos possuem o mesmo efeito, já que é o ato de escrever em si que ajuda no processo terapêutico.
O perigo das redes sociais
Andressa Marsura a escrita pessoal tende a se expandir por conta das mídias sociais, já que muitas delas, como o Twitter, por exemplo, é usado para relatos e desabafos.
Contudo a prática só é eficiente se usadadeforma “correta e sigilosa”, já que, se expressada para um grande número de pessoas,“o quadro da pessoa que ali está escrevendo pode piorar, com julgamentos e opiniões sem relevância”.
As redes sociais, porém, ainda não podem ser consideradas um tipo de diário, “pois nelas tendemos a esconder nossas fraquezas e emoções autênticas”, finaliza a psicanalista.
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O texto acima foi editado por Diovanna Moraes.