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E se?: O quase dói mais do que um inteiro não

The opinions expressed in this article are the writer’s own and do not reflect the views of Her Campus.
This article is written by a student writer from the Her Campus at Casper Libero chapter.

E se as coisas tivessem acontecido de outra forma? E se aquele relacionamento tivesse dado certo, ou aquela oportunidade não tivesse escapado? A mente humana tem uma enorme – e frequente – tendência em se segurar no “e se”, como se desse para alterar o passado. O real se mistura à imaginação e nos perdemos em meio às escolhas que não foram concretizadas, nos tornando reféns de um ciclo de arrependimentos e suposições.

O “e se” pode consumir nossa energia e nos impedir de viver o presente, porque ficamos presos no que não existiu e no que poderia ter sido. Ao nos concentrarmos tanto no que não aconteceu, deixamos de perceber as infinitas possibilidades que o agora nos oferece e o que ainda podemos construir.

Fomos um eterno quase

Ao contrário do “não”, que é uma resposta clara e definitiva, o quase nos mantém em suspense, com um gosto amargo de que algo esteve ali, ao nosso alcance, mas escapou. A dor do “quase” é um eco constante, uma lembrança do que não foi, mas poderia ter sido.

Quando Taylor Swift disse “todo mundo seguiu em frente e eu fiquei lá” em sua música Right Where You Left Me, entendemos o quanto é difícil  passar por um relacionamento que ficou no quase.

O “e se” é uma eterna sala de espera onde nos relacionamos apenas com as expectativas, mas não conseguimos viver isso na prática, pois idealizamos e projetamos algo que no fim não acontece.

E como explicamos para o nosso cérebro como superar algo que nunca vivemos? Afinal de contas,nunca foi muito forte, mas também não foi muito fraco, quase virou uma história, quase virou algo. 

As vezes ser egoísta é bom

Quando estamos em um relacionamento, é natural que nossa atenção se volte para o outro, para as necessidades, desejos e expectativas do parceiro. Mas, muitas vezes esquecemos de olhar para nós mesmos com a mesma atenção e cuidado. Na busca de agradar o outro abrimos mão de nossas próprias vontades e sonhos, e refletir sobre suas próprias necessidades – e limites – é fundamental para que o relacionamento dê certo.

Pensar mais em você também envolve prestar atenção aos sinais de desgaste emocional. Cuidar de si não é egoísmo e sim um ato de amor próprio. Apenas quando você se dedica para seu próprio crescimento, é que se torna capaz de oferecer seu melhor em um relacionamento e perceber quando o outro também oferece o melhor de si.

O mínimo é o suficiente?

Quando alguém se acostuma a receber o mínimo, começa a crer que não merece nada além disso e que ser quase algo para alguém é melhor do que não ser nada. Estar com alguém só para ter cinco minutos de amor em meio a uma semana de incertezas e inseguranças é melhor do que não ter ninguém, tentando sempre nos culpar por não ter dado certo.

As pessoas acabam se privando de um relacionamento pleno quando permitem se acostumar com a mediocridade afetiva, com o tempo a sensação de ser tratada com indiferença acaba afetando a autoestima e confiança, deixando a relação insustentável.

No fim, todos merecem ser tratados com o máximo de respeito, carinho e responsabilidade emocional, aceitar menos que isso pode impedir que vivenciam a verdadeira parceria de um amor leve e saudável.

Cultura de ficar sério

A ideia de “ficar sério” muitas vezes é vista como uma forma de liberdade e descompromisso, mas com sentimentos e proximidade, essa prática acaba desvalorizando cada vez mais a profundidade emocional e a construção de vínculos mais profundos e significativos.  

Quando jovens, nos espelhamos nos filmes de romance que mesmo com brigas, discussões e términos o amor supera tudo, mas o amor tem que ser algo leve, saudável e feliz. Até que ponto o “ficar” realmente favorece as relações saudáveis ou é apenas uma maneira de manter a falta de conexão emocional, afetiva e comunicativa?

O “ficar sério” pode reforçar a ideia de que as relações devem ser superficiais e descomplicadas, e às vezes elas realmente podem ser, mas essa cultura gera diversas inseguranças e frustrações, pois os envolvidos têm expectativas diferentes e não se comunicam com sinceridade e clareza.

Por que esse fim dói tanto?

Os términos de um quase relacionamento são tão dolorosos quanto o fim de um relacionamento concreto, essa dor vem da intensidade dos sentimentos envolvidos e das “promessas não cumpridas”. Em muitos casos, não há um fechamento e nem uma conversa final, e a falta de uma “etiqueta” para esse relacionamento torna o término ainda mais difícil de processar, pois parece que a dor não tem a mesma legitimidade de um fim mais claro. 

Términos de um quase relacionamento são difíceis porque envolvem um processo de luto por algo que nunca se concretizou, mas que, para quem viveu a experiência, tinha um grande significado emocional.            

@estelagabaldo

o famoso “saudade daquilo que a gente nao viveu” | ve se me segue ein 🫵🏻💋

♬ som original – artsmusics_

O “não” é uma porta fechada, mas o “quase” é uma oportunidade para reavaliarmos o que queremos e o que merecemos. O “e se” não deve ser um fardo, mas um lembrete de que, mesmo quando algo não sai como esperado, ainda temos a capacidade de moldar o que virá, focando no que é presente, no que é agora. O que aconteceu, ou deixou de acontecer, não define quem somos, o que realmente importa é o que faremos com o que temos diante de nós.

Talvez, no fim das contas, o “quase” seja apenas um lembrete de que a vida nunca é uma linha reta, mas uma jornada cheia de curvas e desvios. Sabemos que não vale a pena se moldar para algo que sentimos que não terá futuro, rotular um relacionamento pode assustar, mas cabe a você decidir continuar ou não. Afinal de contas, o amor realmente supera tudo? 

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The article above was edited by Malu Alcântara.

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Beatriz Calado Damin

Casper Libero '27

Journalism student at Casper Líbero College, passionate about fashion, sports, books, and culture.