Desde 2012 o CBLOL, Campeonato Brasileiro de League of Legends, tem chamado atenção no cenário de e-sports brasileiro. O evento é ansiosamente aguardado por jogadores – sejam eles profissionais ou não – para acompanhar a trajetória de seus times favoritos e seus desempenhos individuais.
A transmissão dos jogos só é possível com a ajuda dos repórteres, narradores e casters que estão presentes nas partidas – além da parte crucial exercida por trás das câmeras.
Até 2019, a única mulher a compor o elenco foi Carol “Tawna” Oliveira, em 2017 e 2019, atuando como repórter. Após sua saída, Rafaela Tomasi foi a responsável por entrevistar os jogadores – sendo a única integrante feminina até o ano de 2021.
Aversão ao novo
Em entrevista exclusiva, Rafa conta como se sentiu em seus primeiros dias na Riot, empresa criadora do LoL. ”No começo foi bem intimidador, pra ser sincera. Era só eu, numa produção com muitos homens, e um cast inteiramente masculino”.
A repórter também acrescenta que ”as pessoas têm aversão a tudo que é novo”. Após sua primeira aparição ao vivo no Prêmio CBLOL de 2019, ela recebeu perguntas como ”Quem é essa?” ou ”De onde tiraram isso?”. ”Isso me abalou muito, foi a primeira vez que percebi que esse estranhamento realmente existe”. Após isso, Rafa foi orientada a não ler mensagens para evitar estresse emocional.
As mulheres, apesar de serem aproximadamente 52,6% do universo de games segundo a pesquisa Game Brasil 2016, ainda são vistas com menor seriedade ao falar sobre jogos. Muitas apresentadoras são vítimas de assédio ou desrespeito apenas por serem do gênero feminino.
Ravena, uma das casters do CBLOL Academy de 2021, o campeonato de base do LoL, fala durante uma entrevista ao canal You Go Girls sobre comentários negativos que a perseguiram: ”Antes mesmo do campeonato começar, o que eu recebi de mensagens das pessoas… Teve um cara me marcando na publicação de quando divulgaram falando: ‘é que eu não gosto da narração da Ravena”’.
Passos de formiga
Após a entrada de novas casters, mulheres na parte da produção e até jogadoras nos times da base do Academy, ainda falta muito para que a igualdade seja real e evidente dentro do cenário do CBLOL.
”Eu acho que demorou muito para as empresas e os times se movimentarem. Eles estão começando, mas ainda tem muito chão”, Rafaela Tomasi, repórter do CBLOL
Apesar das duas repórteres, Fogueta e Rafaela, serem mulheres, toda a equipe de narradores e comentaristas da categoria principal do campeonato permanece composta por homens em sua totalidade. Já o campeonato de base, o CBLOL Academy, conta com apenas três comentaristas: Lahgolas, Tábata e Fogueta.
Sonhos se realizam
Rafaela Tomasi também dá dicas para as meninas que almejam participar do cenário de LoL como casters: ”Não se importe muito com os comentários! Comentários negativos vão existir em qualquer lugar, e pegam mais pesado ainda com a mulherada. Não deixe isso te abalar como me abalou na minha primeira entrada”.
”Cada um sabe de seu potencial, e não podemos deixar os comentários de alguém que nem nos conhece, por discordar do que falamos, nos atingirem”, comenta a repórter. ”Muitas vezes a pessoa se esconde atrás de uma foto de anime para não dar as caras (risos). E bola pra frente, pois é assim que vamos conseguir mudar alguma coisa no futuro”, conclui.
A igualdade plena ainda não foi alcançada, mas ela está mais próxima do que nunca. As mulheres, a cada torneio, se aproximam mais do holofote – e amamos ver isso acontecendo!
A final do CBLOL acontece no dia 23 de abril e será transmitida no canal oficial do evento, às 13h.
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O texto acima foi editado por Diovanna Mores Monte.
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