O e-commerce foi idealizado por uma família de mulheres, e acredita na sustentabilidade e diversidade
Empoderamento feminino é um termo que vem recebendo cada vez mais atenção e envolvimento sobre o seu conceito, entretanto, continua sendo necessário disseminar a importância do mesmo para aqueles que não o conhecem.
Empoderar-se significa reconhecer e tomar poder sobre si e, nesse caso, nada melhor do que levar essa consciência para um meio coletivo, fortalecendo e encorajando diversas mulheres a se apoiarem e a se expressarem diante dessa sociedade patriarcal em que vivemos.
Existem diversas formas de fazer parte deste movimento, como, por exemplo, divulgar e apoiar empreendedoras locais, consumindo produtos feitos por elas, divulgando esses trabalhos nas redes sociais e reconhecendo o seu talento.
Com o intuito de fortalecer cada vez mais a visibilidade de projetos feitos por mulheres, a Her Campus Cásper Líbero conheceu a Loja 370, criada por uma família de mulheres: Glaucia Rodrigues Lopes, ao lado de sua mãe, Maria Aparecida dos Santos Lopes, e sua tia, Angela Aparecida dos Santos.
Em uma entrevista exclusiva, Rodrigues Lopes mencionou o seu interesse pelo mundo da moda, um sentimento reconhecido por ela, mas coberto de obstáculos para que a fizesse seguir em frente.
Ela comentou que se baseava muito na ideia de que o trabalho com moda é algo direcionado somente às pessoas abastadas, com grande influência e preparadas, com uma criatividade nata. Além disso, ela também acreditava no senso comum de que não era um trabalho levado a sério, e por não conhecer pessoas como ela no mercado, acabou seguindo outra área, que em sua concepção, não trouxe o mesmo brilho do mundo da moda.
A experiência com empreendedorismo se tornou presente desde os seus 17 anos, quando ela pintava as camisetas que sua tia fazia, e vendia para algumas amigas, ou quando produzia algumas bolsas de pano que eram vendidas na Igreja. E claro, toda a experiência vivida pela sua avó com a costura.
Até hoje, a Loja 370 enfrenta alguns desafios na área têxtil, e a pandemia foi um fator que aflorou essas dificuldades. Ela relata que o tecido utilizado pela loja parou de ser produzido, e por almejarem ser uma marca sustentável, ficou um pouco mais complicado, visto que é necessário fazer com que os produtos circulem, de modo a ter um destino final. Além disso, a falta de aporte financeiro é um fator de grande influência, e torna-se mais agravante para mulheres de famílias negras.
Em 2016, a empreendedora teve a oportunidade de conhecer o movimento Slow Fashion, e foi aí que ela percebeu que seus conceitos formados já não faziam tanto sentido, e que seria possível colocar aquele sonho em prática. E assim foi feito.
A família já possuía as máquinas de costura desde a época de seus avós, e como Lopes disse: “Costumo dizer que a 370 sempre esteve aqui, eu que só a descobri no final de 2016”.
A moda representada engloba todos os ideais reforçados pela família, afinal, a costura foi algo hereditário e a marca é formada por 3 mulheres negras, que não se identificam aos padrões impostos pela sociedade. Dessa forma, seria impossível pensar em um projeto que não fosse inclusivo e, por isso, um dos principais objetivos da marca é vestir todo tipo de corpo.
Outra curiosidade sobre a marca, é que o logo retrata a vontade da empreendedora em juntar o traje desde a hora do trabalho até o happy hour, simbolizando uma peça coringa no seu guarda-roupa.
O processo de produção das peças se inicia desde uma pesquisa sobre o que anda acontecendo no mundo da moda com a atemporalidade, para que se torne uma peça durável e útil em qualquer época do ano e, em seguida, Lopes e sua mãe fazem a modelagem das peças e, por fim, sua tia faz o corte.
A maioria das peças são produzidas em casa, mas quando há uma quantidade excessiva, as peças são transferidas para oficinas próximas à região. Elas costumavam utilizar de influenciadoras e feiras colaborativas para sua divulgação, assim como o uso do Instagram (@370oficial), que com a pandemia tem sido um bom aliado nesse processo.
Sobre o empoderamento que essa loja traz para as criadoras, Lopes diz: “[…] Eu mal acreditava que algo que criei aqui em casa teve visibilidade nacional, atingiu portais como a Vogue e UOL, chegou em pessoas como KL Jay e em estados tão distantes de nós”, diz.
“Sempre exibi as peças em pessoas fora do padrão e vendo belezas nelas, via beleza em mim. Passei a conhecer diversas vivências inspiradoras, e nos vi em espaços que nos eram negados, mas após algum tempo atuando com a marca veio a dilacerante síndrome de impostora e percebi a necessidade de ‘me autorizar’ no assunto, somado a isso a crise que começou com a dificuldade de acesso aos tecidos me levaram buscar mais conhecimento a respeito aos mais variados assuntos ligados à moda”, completa.
“Conhecer mais a respeito do assunto, está me fazendo enxergar com maior clareza o quanto a moda tem a ver com política: sustentabilidade, relações de trabalho e consumo, distribuição de renda, antropologia e sociedade. Tudo isso é colocado na mesa quando desejamos empreender verdadeiramente com humanidade e é uma barra. Agora me veio a reflexão de que evoluir no que eu gosto de fazer também é empoderamento. Empreender dói, mas me empodera de diversas formas”.
Nesse contexto, é perceptível que esse momento instável traga dificuldades no desenvolvimento de projetos e negócios, portanto, é admirador ver a força de empreendedoras em momentos como esse. A Loja 370 não produz apenas peças de roupas, ela leva em seus produtos ideais de inclusão, sustentabilidade, empoderamento feminino e quebra dos padrões.
Se eu fosse você, iria conhecer mais sobre essa marca repleta de talentos e ideias incríveis. Afinal, empoderar outras mulheres é, também, empoderar a si mesma!
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O artigo acima foi editado por Carolina Grassmann.
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