Durante o mês de setembro e o começo de outubro, São Paulo bateu recordes de calor, alcançando a segunda maior temperatura da história da cidade, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). Esse sufocante calor não foi exclusivo da capital paulista, todo o Sudeste e Centro-Oeste brasileiro também registrou altas temperaturas. De acordo com dados do Centro de Emergências Climáticas da Prefeitura de São Paulo, a metrópole tem tido bem menos dias de frio do que há 15 anos e ondas de calor têm se tornado cada vez mais frequentes em épocas que deveriam apresentar temperaturas mais baixas. Mas por que isso está acontecendo?
O principal motivo da elevação da temperatura neste início de primavera é o bloqueio atmosférico, que é quando ventos fortes nas camadas mais altas da atmosfera impedem que frentes frias vindas do sul do país atinjam o Sudeste e o Centro-Oeste. O bloqueio atmosférico impossibilita a chegada de umidade, gerando uma persistência de massa de ar seco sobre essas regiões.
“A temperatura possui uma relação inversa com a umidade relativa do ar, ou seja, quanto maior a temperatura menor é a umidade relativa do ar. No começo do mês, foram registrados índices de umidade relativa do ar inferiores a 15% em vários municípios do Centro-Oeste e Sudeste, além de pontos do interior do Nordeste e sul da Região Norte. Os valores ideais de umidade relativa do ar oscilam próximos a 60%”, explica Diogo Arsego do Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (CPTEC/INPE). Essas mudanças nos padrões de tempo, na temperatura e na quantidade de chuvas, favoreceu a propagação de queimadas.
O fogo no Pantanal em 2020 destruiu 23% do bioma, até o dia 27 de setembro. Em comparação com o ano passado, o aumento na atual temporada de queimadas foi de 122%, segundo dados publicados pelo G1. Além das queimadas ilegais que ocorrem na região amazônica e no Pantanal, outro motivo que agravou o fogo foi o histórico período de seca que o Brasil está passando. “No último verão, as chuvas não foram tão regulares na maior parto do Centro-Sul do país e, por estarmos também no período seco, isso acabou contribuindo para tornar o caso ainda mais anômalo”, relata Diogo.
A fumaça das queimadas atingiu São Paulo, fazendo com que a cidade passasse por dias de poluição acima da média. Segundo o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), a camada de poluição sobre a metrópole nessa época do ano costuma se estender até uma altitude de 1.500 metros, mas nas últimas semanas, esse número dobrou. A capital paulista já é suscetível a atingir altas temperaturas, pois apresenta o fenômeno das ilhas de calor, devido à expansão urbana. Além disso, não tiveram muitas chuvas na cidade da garoa, choveu apenas 20% da média para essa época, de acordo com o Centro de Emergências Climáticas. Todos esses fatores fizeram com que a metrópole vivenciasse calores extremos.
“Com o período de tempo seco e temperaturas elevadas, além da maior facilidade para propagação de queimadas, há uma maior necessidade de cuidados com a saúde, já que os problemas respiratórios tornam-se mais frequentes”, informa Diogo. Além disso, é importante tomar cuidado para que os animais domésticos não sofram com o calor: eles precisam de água fresca, ambientes ventilados e maior atenção ao passear para não queimarem as patas.
De acordo com o Inmet, o bloqueio atmosférico estava previsto para passar por volta dos dias 12 e 13 de outubro, mas ainda serão registradas temperaturas altas após essas datas. No entanto, isso não significa que o verão terá o mesmo calor extremo, pois, até o início da estação, o bloqueio atmosférico já terá se desfeito.
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The article above was edited by Vivian Souza.
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