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Culture

“Existo”: Conheça o podcast do jornalista Fábio Turci

This article is written by a student writer from the Her Campus at Casper Libero chapter.

“Tem muitas pessoas que a gente vê por aí, mas não enxerga”, diz o jornalista Fábio Turci ao abrir seu podcast Existo. O programa, que estreou em 12 de julho de 2023, conta com oito episódios disponíveis tanto em áudio, quanto em vídeo e tem como principal proposta ouvir histórias de pessoas invisibilizadas presentes à margem da sociedade. O podcast é o primeiro trabalho de Turci após sua saída da Globo, em abril.

No geral, a produção apresenta a vida e a trajetória de pessoas LGBTQIA+, pretas, com deficiência, periféricas, em situação de rua, refugiadas, entre outras. Os episódios tem, em média, de 30 a 40 minutos e neles somos introduzidos às personagens, que estão vulneráveis a todo tipo de discriminação. Em uma entrevista para a CNN Brasil, Turci defende que é necessário “naturalizar a participação de todas as pessoas nessas pautas e trazê-las para a discussão.”

Todas as gravações foram feitas nas ruas, em áreas de vulnerabilidade social. Sob um olhar empático, o jornalista busca dar voz a esses grupos: “Há pessoas que a sociedade não enxerga ou que julga sem conhecer. Mas, a partir do momento em que ouvimos as histórias de vida dessas pessoas, é impossível não se emocionar. Aí, os estereótipos e preconceitos dão lugar ao respeito e à admiração. Esse é o objetivo fundamental do podcast”, diz Turci.

sobre o jornalista

Todo o projeto que envolve o Existo pode ser considerado como uma continuação do trabalho e de toda a trajetória de Fábio Turci. Por 23 anos, foi repórter e apresentador na TV Globo e, no período em que atuou como correspondente em Nova York, vivenciou experiências que aumentaram sua percepção e paixão pelos temas que trata em seu podcast.

Após coberturas um tanto quanto emblemáticas, como o ataque terrorista à boate LGBTQIA+ Pulse, em Orlando (EUA), em 2016, e o especial sobre os 50 anos do assassinato de Martin Luther King Jr., em 2018, Turci percebeu que deveria engajar-se na luta contra o racismo, lgbtqia+fobia e outras formas de discriminação: “A história dessas pessoas mostra que elas estão invisíveis por causa de mecanismos da própria sociedade. São tratadas como inferiores quando, na verdade, a sociedade é que as empurra para baixo. A sociedade somos eu, você, todos nós. Por isso, é por todos nós que passa a solução”.

Para a revista VEJA, Turci conta que quer usar sua experiência de repórter “para ouvir e contar essas histórias. Para isso, o Existo é um podcast diferente. Ele é gravado não em estúdio mas, sim, nas ruas, nas favelas, nas periferias, nos abrigos, enfim, onde essas pessoas estão. Nosso maior desafio é expandir a capacidade de produção e o alcance, envolver mais gente, somar forças. Por isso, estamos buscando parcerias com empresas e instituições.” 

a importância do projeto

Dois dias antes de sua estreia, o projeto anunciou que recebeu o apoio do UNAIDS (Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS). Com essa parceria institucional, foi aberta a possibilidade do Existo de registrar e contar histórias de personagens apoiados por projetos desenvolvidos pelo programa das Nações Unidas em tribos indígenas e em presídios. 

Ariadne Ribeiro Ferreira, oficial de igualdade e direitos do UNAIDS, explicou: “A ideia do podcast vem ao encontro de projetos que já estamos desenvolvendo e começando a implementar. Embora não tenham sido pensados juntos, acabam tendo um mesmo objetivo de combater as desigualdades, o estigma e a discriminação. Afinal, no contexto das desigualdades, como podemos garantir que nenhuma pessoa ficará para trás? Sabendo que elas existem!”, destaca a diretora.

Esse podcast é capaz de dar luz à pautas, ainda mais, a pessoas as quais a sociedade não dá a devida atenção. Ele faz isso através de histórias como a de Daniela e da filha, Isabella, protagonistas do primeiro episódio, cujas vidas mudaram drasticamente quando a criança passou a demonstrar sua transgeneridade e elas perderam casa, renda e família; ou como a de Leones, personagem do quarto episódio, que falava em frente ao espelho para aprender a conversar sem sotaque e para escapar do preconceito contra nordestinos; e como muitas outras histórias.

Ainda sobre Daniela e sua filha Isabella, Turci revelou em seu LinkedIn que a diretora de projetos da Deep (Desenvolvimento e Envolvimento Estratégico de Pessoas e Clientes) se encantou ao conhecer a história das duas. Ela viu através dos estereótipos e enxergou atributos como dedicação, determinação, proatividade, comunicação clara e enxergou uma pessoa que não desiste.

“A empresa contratou a Daniela para um trabalho que é, essencialmente, de comunicação. Daniela está feliz da vida e, ela própria, se enxergando de novo como ser humano. O que a Deep fez é um exemplo de consciência do papel de uma empresa. É preciso fazer o exercício de olhar em volta e enxergar não estigmas, mas potenciais. Não rótulos ou caixinhas, mas pessoas. Isso muda vidas. Muda empresas. E muda o mundo”, completa Turci em sua postagem.

Mais do que um simples podcast, Existo é uma aula de empatia, é um projeto que pode e está sendo capaz de mudar vidas. Para jornalistas formados e em formação, é uma grande aula. Com o fim da primeira temporada, podemos acompanhar mais conteúdos pelo Instagram e, claro, aguardar ansiosamente pela segunda!

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O artigo acima foi editado por Júlia Salvi.

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Clara Rocha

Casper Libero '26

brazilian journalism student at cásper líbero and senior editor at HCCL! contact at: annacgrocha@gmail.com :) | portfolio: acgrocha.com