Nagorno-Karabakh é conhecida como “estado fantasma”, isto é, uma entidade que manifesta o desejo de ser Estado independente, mas que não é reconhecida como tal pela comunidade internacional.
Onde tudo começou?
A região de Nagorno-Karabakh tem população predominantemente armênia e é palco de disputas há décadas. Em, 1923, o controle do local foi entregue às autoridades do Azerbaijão pelos soviéticos e foi formada como região administrativa autônoma dentro da República Soviética do Azerbaijão.
Os conflitos entre o Azerbaijão e a Armênia surgiram em 1988, quando as forças azerbaijanas e separatistas armênias começaram uma guerra violenta após o Parlamento regional de Nagorno-Karabakh ter votado para se tornar parte da Armênia.
Com isso, o Azerbaijão tentou sufocar o movimento, enquanto os armênios o apoiava. Foram desencadeados conflitos étnicos, mas ao declararem, ambos os países, a independência de Moscou, a guerra se expandiu em larga escala.
O primeiro conflito terminou em 1994 com a interferência da Rússia e a mediação de um ‘cessar-fogo’, assim que forças armênias assumiram o controle da república de Nagorno-Karabakh e regiões adjacentes.
Entre os termos do acordo, o território permanecia parte do Azerbaijão, mas era liderado por um governo autônomo separatista, comandado por armênios étnicos e apoiado pelo governo armênio.
A questão religiosa
Nagorno-Karabakh fica localizada no sul do Cáucaso, região muito disputada por diversas religiões e etnias desde sempre. Os atuais Armênia e Azerbaijão foram integrados à antiga União Soviética, em 1920, desde que fora formada.
A também conhecida como Alto Karabakh, por ter população em maioria armênia, é principalmente composta por cristãos ortodoxos. No entanto, como o controle oficial é azerbaijano, predominantemente muçulmano, existem diversos conflitos étnicos-políticos que se intensificaram depois da dissolução da URSS.
Conflito mais recente
A situação se encontrava em calmaria até meados de 2020, quando o Azerbaijão recapturou os territórios ao redor de Nagorno-Karabakh, detidos pela Armênia desde o acordo de paz, de 1994, mediado pela Rússia. O Ministério da Defesa Azerbaijano comunicou o início de operações ‘antiterroristas’ que apelavam à rendição dos líderes separatistas armênios.
Termos foram definidos e a defesa do Azerbaijão só cessaria fogo se os armênios: hasteassem bandeira branca, entregassem todas as armas e tivessem o regime ilegal dissolvido.
O Ministério em questão alega que tal ação foi a resposta pela morte de seis pessoas azerbaijanas, entre elas quatro policiais, devido à explosão de duas minas terrestres armênias. Autoridades da região separatista alegam que militares do Azerbaijão violaram o “cessar-fogo” com ataques de artilharia e mísseis e outros cidadãos falaram sobre uma ‘ofensiva militar em grande escala’, que resultou em várias mortes.
Desde dezembro de 2022, o Azerbaijão bloqueou a única passagem da Armênia para entrada de recursos na república separatista, encurralando-os no enclave.
Os mediadores do conflito
A Turquia, país membro da Otan – aliança militar ocidental – foi a primeira nação a reconhecer a independência do Azerbaijão, em 1991, e continua a ser um forte aliado do país.
Enquanto isso, a Armênia mantinha relações positivas com a Rússia, contendo uma base militar russa em suas regiões, até que Nikol Pashinyan, que liderou uma série de protestos contra o governo russo, em 2018, se tornou primeiro-ministro da Armênia.
Em setembro de 2023, a Armênia anunciou uma união para a organização de exercícios conjuntos com os EUA, medida respondida por Moscou como “hostil”, visto que, segundo Vladimir Putin, a Armênia não havia quebrado sua aliança com a Rússia.
Próximos passos
É certo que ainda existe uma intensa inimizade entre os países. Enquanto o presidente do Azerbaijão, Ilham Aliyev, ameaçou constantemente a retomada de todo território de Nagorno Karabakh com o uso da força, Pashinyan disse a uma multidão de armênios reunida que a cidade de Karabakh “é Armênia, ponto final”.
A Europa tenta manter a paz no Azerbaijão, já que a região importa oito bilhões de m³ de gás por ano. Depois do sofrimento com a perda de gás da Rússia, pelo conflito com a Ucrânia, não é aceitável que se perca mais.
Fato é que a ameaça que esse conflito representa é grande e constante, e com a ofensiva do Azerbaijão, o “cessar-fogo” foi rompido e os países europeus pedem constantemente para que os conflituosos a respeitem o acordo de paz, assinado após a guerra em 2020.
Derrota da Armênia
O presidente Samvel Shahramanyan determinou, por um decreto, a dissolução de todas as instituições e organizações da República de Nagorno-Karabakh, a partir de 1 de janeiro de 2024.
No final de setembro, o Azerbaijão recuperou o controle da região separatista após uma ofensiva repentina que durou 24 horas. Com isso, armênios étnicos começam a deixar o território, pois se recusam a serem submetidos ao governo azerbaijano.
A vitória do Azerbaijão foi um marco final de décadas de conflito e o fim da presença armênia na extinguida autodeclarada República de Nagorno-Karabakh.
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O artigo acima foi editado por Giullyana Aya Lourenço.
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