Brasil. “País do futebol”, mas que também foi casa de um dos mais famosos nomes do automobilismo, Ayrton Senna. 2022 marca o aniversário de 50 anos desde que a Fórmula 1 veio para o Brasil e, desde 1972, apenas o Grande Prêmio de 2020 não aconteceu, devido à Covid-19.
A Fórmula 1 faz parte da história do Brasil, com três campeões representando a bandeira verde e amarela: Emerson Fittipaldi, Nelson Piquet, e o ídolo nacional — e mundial — Ayrton Senna.
O automobilismo está no sangue dos torcedores brasileiros, e o Grande Prêmio deste ano pode provar. O Autódromo de Interlagos bateu o recorde de público, com mais de 235 mil pessoas presentes para assistir a F1 durante os três dias de evento (11, 12 e 13 de novembro).
Sprint race: uma qualificação diferente
No ano passado, em 2021, a Fórmula 1 veio com uma nova proposta para o final de semana, as sprint races. Normalmente, os três dias de evento se dão da seguinte maneira: sexta-feira, dois treinos livres; sábado, um treino livre e o treino classificatório — que decide a ordem de largada para a corrida no dia seguinte; e o último dia, domingo, a corrida principal, o Grande Prêmio.
O novo formato muda um pouco as coisas. Na sexta, em vez de dois treinos livres, acontecem apenas um, e a classificação, que define as posições para a sprint race. No sábado, o treino livre permanece, e a sprint race dá lugar ao treino classificatório.
A corrida sprint é uma corrida menor, mais rápida, e o resultado dela define as posições para a corrida oficial no domingo. Conta ainda com um sistema de distribuição de pontos, sendo que o primeiro lugar recebe 8 pontos, o segundo 7 pontos, terceiro 6 pontos, quarto 5 pontos, quinto 4 pontos, sexto 3 pontos, sétimo 2 pontos e oitavo 1 ponto.
“Magnussen!”
Interlagos é sempre uma caixa de surpresas, e dessa vez não foi diferente. A previsão do tempo para os três dias era de chuva, então não levar capa de chuva não era uma opção para os fãs que estavam presentes.
A sexta-feira (11), começou quente e com o céu limpo, o que rapidamente mudou. Durante a primeira sessão de treinos livres não choveu, mas o tempo já tinha mudado no autódromo. O primeiro lugar ficou com o mexicano Sérgio Perez, seguido de Charles Leclerc e o bicampeão, Max Verstappen, em terceiro.
O treino qualificatório começou com os torcedores presentes tirando as capas de chuva de suas bolsas e as colocando para uso. A cidade da garoa deu seu nome, molhando a pista minutos antes de iniciar o Q1, e mesmo a chuva tendo parado, os pilotos foram para a pista com os pneus de composto intermediário.
Como a chuva não voltou, alguns arriscaram os pneus de composto macio, garantindo um resultado inesperado com Lando Norris, Lewis Hamilton e Fernando Alonso, ocupando o primeiro, segundo e terceiro lugar, respectivamente. Os eliminados foram Nicholas Latifi, Guanyu Zhou, Valtteri Bottas, Yuki Tsunoda e Mick Schumacher.
O Q2 começou, e os 15 pilotos foram para a pista em busca de melhorarem suas voltas. Apesar de ainda estar molhado em alguns pontos da pista, os pneus intermediários não voltaram, e o mais rápido da sessão foi Max Verstappen, seguido dos dois pilotos da Ferrari, Carlos Sainz e Charles Leclerc.
Nuvens escuras ainda pairavam sobre a pista, mas os pilotos resolveram permanecer com os pneus macios, com exceção de Charles Leclerc, que por uma decisão da equipe trocou para os pneus intermediários e acabou terminando o treino classificatório em apenas P10.
Quatro minutos depois do início da sessão, George Russell acabou escapando da pista, deixando sua Mercedes presa na brita. Dez minutos depois, a bandeira verde foi acionada e os pilotos poderiam voltar para a pista, porém, dessa vez a chuva realmente apareceu, e ninguém conseguiu melhorar seus tempos.
O título de pole position foi dado para um nome e equipe inesperados, Kevin Magnussen, da Haas, garantiu o primeiro lugar, seguido de Max Verstappen e George Russell. Essa foi a primeira pole na carreira do dinamarquês, que comemorou essa vitória junto de sua equipe. Interlagos inteira vibrou com essa conquista, e gritos de “Magnussen! Magnussen! Magnussen!” reverberavam no autódromo.
As luzes se apagam
Sol e muito calor marcaram presença no sábado (12), em Interlagos. Para os que ficaram nas arquibancadas descobertas, boné, óculos de sol e protetor solar não puderam faltar.
A segunda sessão de treinos livres começou às 12h30min, quando o Sol estava no seu auge, e o resultado foi de Esteban Ocon com a volta mais rápida, seguido de Sérgio Perez em segundo e George Russell em terceiro. Mas o que o público brasileiro estava realmente ansioso para ver era a corrida sprint, e ela não decepcionou. Antes da corrida, os mecânicos das equipes foram para o grid organizar os equipamentos, e esperar os pilotos para se alinharem em suas respectivas posições. Os torcedores das arquibancadas do setor A se juntaram na grade para ver os carros bem de perto e escutar o alto ronco dos motores.
Quando a corrida começou, pessoas durante todo o percurso de Interlagos torciam por Magnussen — que conseguiu segurar a posição durante duas voltas, até Verstappen o alcançar e realizar a ultrapassagem.
A sprint teve 24 voltas de pura emoção e entretenimento. Lewis Hamilton, que largou de P8, terminou a corrida em terceiro lugar, e seu companheiro de equipe, o também britânico George Russell, terminou em primeiro. Carlos Sainz ficou em segundo lugar, porém recebeu uma punição de cinco posições devido a uma troca de componente do motor, portanto a Mercedes fechou a primeira fila para o grid de domingo (13).
Max Verstappen, consagrado bicampeão mundial no Grande Prêmio do Japão, perdeu duas posições e terminou a prova em P4. Com as penalizações de Sainz e Yuki Tsunoda, que também teve troca de peças, o grid de largada de domingo ficou assim:
- George Russell (Mercedes)
- Lewis Hamilton (Mercedes)
- Max Verstappen (Red Bull)
- Sergio Pérez (Red Bull)
- Charles Leclerc (Ferrari)
- Lando Norris (McLaren)
- Carlos Sainz Jr. (Ferrari) — troca de componentes
- Kevin Magnussen (Haas)
- Sebastian Vettel (Aston Martin)
- Pierre Gasly (AlphaTauri)
- Daniel Ricciardo (McLaren)
- Mick Schumacher (Haas)
- Guanyu Zhou (Alfa Romeo)
- Valtteri Bottas (Alfa Romeo)
- Lance Stroll (Aston Martin)
- Esteban Ocon (Alpine)
- Fernando Alonso (Alpine)
- Nicholas Latifi (Williams)
- Alexander Albon (Williams)
- Yuki Tsunoda (AlphaTauri) — troca de componentes
Bandeira quadriculada
Último dia do evento automobilístico mais esperado do ano no Brasil, e também aniversário do piloto da McLaren, Lando Norris. Mais um dia ensolarado em Interlagos, céu azul e nem sinal de chuva.
Ao longo do dia, o público pôde prestigiar as corridas da Porsche Cup, um desfile de carros da Ferrari e show de Xande de Pilares, Dudu Nobre e Jorge Aragão antes da corrida. Já pelo meio do dia, chegou a hora da drivers parade (desfile de pilotos) — que contou com Daniel Ricciardo, Pierre Gasly e Lance Stroll usando camisas da seleção brasileira, e o mais novo cidadão honorário do Brasil, Lewis Hamilton, carregando a bandeira do Brasil pela pista.
A esquadrilha da fumaça também deu um show de manobras, e coloriu o céu azul de verde e amarelo.
Depois que os carros estavam alinhados em suas posições de largada, chegou a hora do hino nacional, cantado pela artista brasileira Iza. E enfim, o momento pelo qual todos os fãs de Fórmula 1, e não só os que estavam presentes, mas também aqueles que acompanham o esporte de outros lugares do mundo, estavam esperando: a grande largada.
As luzes se apagaram e os pilotos aceleraram. A largada foi limpa, e Russell manteve a liderança. Logo na primeira volta, porém, tivemos a primeira aparição do safety car. Em uma tentativa de ultrapassagem, Daniel Ricciardo acabou tocando em Kevin Magnussen, que rodou e tocou no australiano de volta, fazendo com que os dois abandonassem a corrida.
Algumas voltas depois, o SC saiu da pista, permitindo que os pilotos colocassem o pé no acelerador na reta dos boxes. Logo na retomada, Verstappen e Hamilton reviveram momentos da batalha pelo título mundial de 2021. Os dois tiveram um incidente no S do Senna, gerando uma asa quebrada para o holandês e uma punição de cinco segundos pelo toque com Hamilton, que cumpriu na volta seguinte quando foi para os boxes.
Na sequência, outro incidente. Enquanto Charles Leclerc ultrapassava Lando Norris, o piloto da McLaren acabou tocando na Ferrari de Leclerc, que foi parar no muro. Ainda assim, ele conseguiu voltar para a pista, e após um pit-stop para alguns reparos, pôde continuar a sua corrida.
Mais para o final da prova, uma nuvem cobriu o circuito de Interlagos e tudo indicava chuva e um final emocionante para a corrida. Mas nada passou de ameaça, e ninguém se molhou.
Faltando vinte voltas para o final, os pilotos começaram a entrar nos boxes para fazer mais uma troca de pneus. Russell à frente de Sainz, com Hamilton em terceiro, Pérez em quarto e Alonso completando o top 5.
Na volta 52, Norris abandonou a corrida, parando sua McLaren próximo ao Bico do Pato. O Safety Car Virtual foi acionado, mas em seguida o SC físico foi para a pista. A prova foi retomada apenas na volta 60, de 71 no total.
Com uma parada no pit de Carlos Sainz, George Russell e Lewis Hamilton lideraram em primeiro e segundo lugar, seguidos de Sérgio Perez, e Carlos Sainz, que atacou o mexicano e concluiu a ultrapassagem. Em seguida, Leclerc também ultrapassou Pérez, terminando em quarto lugar.
A bandeira quadriculada se agitou e o primeiro a vê-la foi o britânico de 24 anos, George Russell. Foi a sua primeira vitória na Fórmula 1, e essa conquista foi ainda marcada pela presença de seu companheiro de equipe, o sete vezes campeão mundial, Lewis Hamilton.
A vitória de Russell não foi só a sua primeira na categoria, como também a primeira da Mercedes na temporada de 2022, encerrando uma série de nove vitórias consecutivas da Red Bull Racing.
O piloto ficou muito emocionado depois da corrida, e foi ovacionado pelos brasileiros, que vibraram com a vitória do “Jorjão” perto do pódio, quando a pista foi tomada por milhares de pessoas que saíram de seus setores para ver mais de perto o momento de celebração.
Completaram o top 10: Fernando Alonso, Max Verstappen, Sergio Pérez, Esteban Ocon, Valtteri Bottas e Lance Stroll.
A penúltima etapa da Fórmula 1 foi encerrada, e agora o que resta para os brasileiros é a lembrança deste final de semana incrível, e o conforto em saber que ano que vem teremos mais um Grande Prêmio no Brasil.
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O texto acima foi editado por Anna Goudard.
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