Com as operações policiais na Baixada Santista, 56 civis já morreram vítimas das ações da polícia na região. Esse episódio de mortes causadas por policiais militares já é o mais letal desde o massacre do Carandiru.
O famoso caso aconteceu em 1992, quando a Polícia Militar interveio para conter uma rebelião no presídio, resultando em 111 mortes. Após trinta anos, o genocídio na Baixada já atinge metade do número de mortos em relação ao episódio do Carandiru.
A polícia está intensificando as operações na área para tentar acabar com o crime organizado, que na região tem um grande foco em combater o tráfico de drogas. A intensificação ocorre por conta da localização, que é próximo ao Porto de Santos, onde é feita a importação e exportação das drogas. Entretanto, o cenário é de genocídio, segundo Claudio Silva, ouvidor da polícia de São Paulo.
operação verão
Diversas operações estão sendo realizadas no estado de São Paulo, com foco na Baixada. A Operação Verão é uma delas e é responsável pelo aumento da letalidade policial. Com início em dezembro de 2023 e fim em abril de 2024, ouvidores da polícia do estado fizeram um balanço e avaliaram de forma negativa a operação.
Além de 56 civis mortos, dois policiais morreram nesse período, levantando o questionamento se essas ações estão sendo realizadas da melhor maneira possível. O intuito é combater o crime organizado, mas pessoas em situações vulneráveis e não criminosos foram vítimas fatais dessa ação. As principais vítimas das operações são aquelas que vivem em cenários de maior vulnerabilidade social, com menor poder aquisitivo, estando expostas a áreas com menos saneamento básico, pouco acesso à transporte, educação, cultura e saúde.
Houve um aumento no número de pessoas mortas por policiais militares em serviço nos primeiros meses do ano, comparado ao ano passado. Pouco antes do início da Operação Verão, estava em vigor a Operação Escudo, que também teve índice de letalidade por parte da PM. Essas medidas comprometem a segurança pública da região, preocupando os moradores ao estarem expostos a um contexto de extrema violência.
uso de câmeras corporais
O caso envolve questões de segurança pública do estado de São Paulo presentes, principalmente, nas áreas periféricas. O atual governo, junto a Secretaria de Segurança, vem adotando medidas na região.
Segundo especialistas de segurança pública, as câmeras nos militares impactam na transparência das ações policiais e na proteção de direitos humanos, trazendo mais clareza judicial aos ocorridos. O uso do equipamento não é obrigatório, mas está em discussão no parlamento para chegarem a um acordo.
As câmeras corporais estão sendo utilizadas desde 2021, porém, no fim de 2023, houve um corte de gastos nesse projeto, que estava sendo investido pelo governo do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Ademais, estão sendo investigadas pela Ouvidoria da Polícia denúncias de câmeras quebradas por policiais e casos de desaparecimento de imagens ou falhas técnicas.
Ações que envolvem a segurança pública devem ser estudadas e realizadas com a supervisão de profissionais especialistas que respeitem os direitos humanos e entendam do assunto.
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O artigo acima foi editado por Maria Cecília Dallal.
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