Com uma proposta minimalista e uma alusão ao estilo clean girl a Rhode, marca de cosméticos da Hailey Bieber, tem dado o que falar nos últimos tempos. Há quem ame e quem torça o nariz, mas uma coisa é certa: ela sabe como fazer seu produto se destacar.
Esse realce, porém, ocorre de forma pejorativa, através de conotações sexuais explícitas e implícitas, algo que em 2023 não é recorrente no mundo da publicidade.
quem é hailey bieber?
Hailey Bieber começou sua carreira cedo, fazendo parte da maior referência de desfiles nos anos 2000: o Victoria ‘s Secret Fashion Show. Além de ter um catwalk notável, ela também fez seu nome através de sua família, já que seu tio é o famoso ator Alec Baldwin. Com isso em mente, podemos perceber que não é preciso muito esforço para lançar uma marca de cosméticos que vende muito.
rhode skin
A linha de cosméticos da Hailey oferece vários tipos de produtos, porém, é focada em cosméticos para a pele. A marca conta com produtos para cada etapa de um skincare, algo que a própria modelo prioriza muito, como conta no site oficial da linha.
polêmica
O que está repercutindo muito nas redes sociais é a forma que os produtos são divulgados. Em seu último lançamento –peptide lip treatment passionfruit jelly– foi feito um lookbook para promover a mercadoria.
O que ninguém esperava era que o teor das fotos seria sexy, com muitas fotos do corpo da modelo e poucas evidenciando o produto.
Propagandas com teor sexual não são novidade, mas no século XXI se tornaram algo estranho. São proibidas propagandas que façam alusão direta ou indiretamente à sensualidade, pelo menos no Brasil.
Mas se voltarmos para trás e assistirmos a propagandas vintage, como as dos anos 70 e 80, podemos perceber que era algo comum e recorrente em anúncios, mas não necessariamente correto.
Além dessa confusão com a Rhode Skin, um outro fator chamou atenção do público: o design dos produtos. Com um rápido search nas redes sociais, podemos encontrar usuários descontentes com a aparência da marca, alegando que há uma diferença entre minimalismo e algo sem graça.
Um ótimo exemplo de marca minimalista é a Kylie Skin, que com designs simples e divertidos entrega a proposta de minimalismo: menos é mais.
quem entende do assunto
Em uma conversa com a publicitária Márcia Guerreiro, ela explica sobre como esse tipo de divulgação reflete na marca:
“O apelo sexual sempre foi uma ferramenta de propaganda, o que vejo agora é que temos um conflito de gerações.
Empresas e agências com uma cultura que talvez não case com o pensamento atual. Isso é muito comum e dita as mudanças do mercado.
Vou dar um exemplo (não muito recente) mas muito claro pra mim. Trabalhei com a Pantene, que teve a Gisele Bündchen como cara da marca por anos. A marca foi um sucesso da Procter & Gamble no Brasil, mas não teve cultura para acompanhar a libertação dos padrões e perdeu mercado para marcas menores como Salon Line.
Mas com a marca em questão, o que vejo é um produto simples, com uma embalagem sem apelo, caberia para um estilo vegano a um clássico chic, não tem nada a ver com a marca.
A única coisa que poderia fazer vender é uma celebridade e um estilo, e é isso que foi feito. Não é a venda de um gloss, mas de uma mulher ousada, que não abala em se expor, que faz sucesso.
O apelo sexual entra como forma de ousadia, de ir contra o que é politicamente correto hoje em dia.”
never ending story
Vale a pena ressaltar que todo esse alarde feito em torno da Rhode aconteceu logo depois da confusão que estourou na internet há algumas semanas: as interações de Selena Gomez e Hailey Bieber na internet.
Isso só serviu para aumentar ainda mais o buzz por trás do nome da modelo, então de certa forma isso trouxe ainda mais relevância para o lançamento do lip gloss.
A Hailey não foi a primeira e muito menos será a última pessoa a trabalhar com estratégias de polemização, mas é interessante pensar que ainda assim a sociedade -pelo menos na internet- ainda dá relevância e palco para esse tipo de situação.
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O texto acima foi editado por Anna Goudard.
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