Poucas franquias conseguiram se manter relevantes depois de 10 anos da estreia do último filme. Um exemplo disso é a saga de terror Pânico, que recentemente voltou com o quinto e sexto filmes apresentando mais dois assassinos impiedosos. Até mesmo essa história considerada atemporal e revolucionária no gênero do horror passou por altos e baixos que quase comprometeram a franquia. Com a notícia que James Cameron anunciou o lançamento de mais três filmes para Avatar, fica a questão: os extras são necessários?
James Cameron
Cineasta, produtor e roteirista, o grande nome por trás de Titanic, O exterminador do futuro e de Avatar. Revolucionou o cinema com sua ficção e efeitos especiais, sendo um marco Avatar por introduzir a tecnologia 3D nos filmes, além de ocupar a posição de maior bilheteria do mundo.
Cameron é um diretor formidável que também precisa de um limite e acredito que cinco filmes do universo de Pandora seja o seu. Afinal, mesmo a mente mais brilhante de efeitos especiais não conseguiria manter um público constante para suprir os custos de produção de uma obra cinematográfica tão complexa como Avatar. Além de ser necessário reconhecer que são outros tempos e o gosto dos espectadores mudou, e acredito que James Cameron não acompanhou a mudança.
Avatar
O primeiro longa-metragem lançado em 2009 se passa no universo fictício de Pandora e sua continuação Avatar: O Caminho da Água saiu após 13 anos. Há diversos motivos para esse atraso na estreia da sequência, porém temos que considerar o fato de existir mais de uma década de diferença entre as produções. O roteiro para todas as próximas sequências desse universo foi feito no período do primeiro filme. Inevitavelmente James Cameron trabalhava com um público e ideias decorrentes da década que escreveu, que é diferente daquela que se encontra a sua produção finalizada, afinal no curto tempo dos filmes houve diversas mudanças na abordagem da sétima arte.
Uma das principais mudanças que o cinema tem sofrido nos últimos anos é o crescimento das plataformas de streaming, as quais querem atrair o público para ver filmes através de seus serviços do que nas salas de cinema. Mas a mensura das produções cinematográficas acontece até hoje pelo sucesso das bilheterias, calculada pelo número de pessoas que foram aos cinemas ver a obra. Logo, se o público dá preferência aos streamings do mercado, acaba dificultando a continuação de grandes projetos com altas produções de custos elevados que não recebem retorno.
Na última década, o cinema desenvolveu uma fórmula de filmes para conquistar um público maior às telonas, com tom mais cômico, dinâmico e raso. Avatar definitivamente não se encaixa nesse padrão, devido às suas peculiaridades tanto na produção quanto na narrativa, como o fato de ser um filme com duração acima da média, além de ser de um gênero que não apresenta um número grande de fãs e requer um conhecimento prévio para compreender a história.
No entanto, devemos reconhecer o sucesso de Avatar: O Caminho da Água, porque mesmo após 13 anos de demora conseguiu entrar para a lista de maiores bilheterias do mundo. Mesmo que o filme para algumas pessoas possa ser espetacular por si só, acredito que a elevada bilheteria é consequência da expectativa gerada pela longa espera do lançamento da obra junto a direção realizada por um diretor renomado, não necessariamente por conta da história de Pandora. Logo, não faz sentido esse último trabalho do diretor ser nesse universo que está sendo desnecessariamente expandido para cinco filmes, visto que a história poderia ser finalizada de forma coerente e clara em três longas.
James Cameron comunicou que planeja lançar os três próximos filmes em um período menor de dez anos, tempo esse que parece pequeno visando as grandes produções que o diretor planeja. Cabe o questionamento de como Cameron pretende manter um dos chamativos da franquia Avatar: os efeitos especiais e as grandes tecnologias, em um curto período de tempo. O diretor também afirmou que já gravaram grande parte da sequência durante a produção do segundo filme, o que deixa a dúvida sobre o rumo da história desse universo fictício.
Creio que não é necessário cinco filmes do universo de Avatar em nenhum aspecto. Afinal, a história poderia ser finalizada de forma plena com apenas mais um filme e os diferenciais de produção não continuarão mantendo a saga em alta por mais três filmes.
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O artigo acima foi editado por Juliana Santos.
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