Como o silêncio de Bolsonaro instigou atos golpistas e porque eles são antidemocráticos e provocam um retrocesso no Brasil
Na noite do dia 30 de outubro de 2022, quando 98,81% das urnas foram apuradas, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) confirmou a vitória de Lula, que vai para o seu terceiro mandato. Logo após o resultado, apoiadores de Bolsonaro iniciaram atos antidemocráticos em diferentes pontos do país, principalmente nas rodovias.
Bolsonaro ficou dois dias sem se pronunciar sobre os atos golpistas, que seguiam bloqueando estradas e dificultando a passagem de pessoas e o abastecimento de mercados e hospitais. Andréia Sadi, jornalista e apresentadora na Globonews, viu o “silêncio” do presidente como uma forma velada de incentivo aos atos: “inconformado com a derrota, (Bolsonaro) faz barulho ao não condenar atos antidemocráticos”.
Em seu primeiro e breve discurso, Bolsonaro condenou, de modo pouco enfático, protestos que impedem o “direito de ir e vir” da população. Durante o podcast Café da Manhã, Igor Gielow, repórter da Folha, concluiu que o pronunciamento de Bolsonaro “é um ato de covardia institucional… porque ele, basicamente, não admite a derrota”.
No dia seguinte, Bolsonaro publicou um vídeo pedindo para seus eleitores desobstruírem as rodovias: “Isso daí não faz parte, no meu entender, dessas manifestações legítimas.”
Os Atos
Os bloqueios em rodovias e as manifestações de bolsonaristas tomaram as ruas nesses últimos dias. Segundo a CNN Brasil, essas pessoas são convocadas através do WhatsApp e redes sociais. Por não aceitarem a vitória de Lula, acreditam que as eleições foram fraudadas e pedem uma Intervenção Militar no país para que Bolsonaro volte ao poder.
A Polícia Rodoviária Federal (PRF) informou que até o dia 7 de outubro, 1.048 manifestações foram desfeitas. Além disso, foram aplicadas mais de 7.325 multas a motoristas que bloqueiam rodovias em todo país, indo de R$5 mil a R$17 mil, de acordo com o Código de Trânsito Brasileiro (CTB).
Por que esses atos são antidemocráticos?
- Atos que contestam o Estado de Direito podem ser considerados ilegais (exemplo: resultado das eleições)
- O direito constitucional de ir e vir compromete a livre circulação de pessoas e provoca prejuízos diretos a elas.
- Os manifestantes pedem Intervenção Militar, atacando a própria Constituição.
O Retrocesso
A Ditadura Militar no Brasil, de 1964 a 1985, foi marcada pela censura, medo e violência, quando as Forças Armadas tomaram o controle do país e derrubaram a autoridade instituída. Isso ocorreu por meio da Intervenção Militar.
Bolsonaro sempre se mostrou favorável à Ditadura, apoiando ditadores e torturadores, como o coronel Ustra, dizendo que ele é um “herói nacional”. Quando as pessoas vão às ruas pedir que esse período assombroso da nossa história volte, é preciso que haja indignação por parte da população e das autoridades. É preciso que haja punição pelo crime dessas pessoas.
Ao longo desses últimos anos foi notório como a Democracia é frágil e requer defesa. A “maioria minorizada”, termo cultivado pela jornalista Flávia Oliveira em seu podcast Angu de Grilo, conseguiu recuperá-la e deve continuar lutando para sua manutenção.
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O texto acima foi escrito por Cecília Marin e editado por Beatriz Testa.
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