No mês de outubro, um novo longa-metragem recordou a trágica história de várias mulheres que foram vítimas do homem conhecido como o Maníaco do Parque. Os atos criminosos cometidos por Francisco de Assis Pereira aconteceram nos anos 90 e deram origem ao filme Maníaco do Parque, acompanhado do documentário Maníaco do Parque: a História Não Contada. O motoboy foi condenado e preso por atacar 23 vítimas e matar 10 delas.
O novo filme da Prime Video mistura os eventos que realmente aconteceram com uma trama fictícia, que visa uma abordagem diferente da qual o público estava esperando e acrescenta uma personagem: a jornalista Helena Pellegrino, interpretada pela atriz Giovanna Grigio.
Helena Pellegrino é uma foca (jornalista recém formada) que trabalha numa redação de jornal típica dos anos 90. Rodeada por um ambiente majoritariamente masculino, machista e opressor, ela luta contra o fato de ser recém formada, jovem, mas principalmente, por ser mulher.
A primeira aparição da personagem no longa é acompanhada de um acontecimento, no qual ela é menosprezada pelo seu supervisor por não escrever uma matéria tão “forte” para o jornal. Com sede de mudança e posicionamento, Pellegrino consegue um furo de reportagem sobre uma cena de crime no Parque do Estado – local onde as vítimas eram abusadas e assassinadas pelo maníaco.
O filme gira em torno da investigação de Helena e da importância de se ter uma mulher à frente na cobertura jornalística de um caso tão ímpar como esse. Durante o desenrolar e descoberta do serial killer, manchetes desprezíveis ocupavam as capas de jornais, revistas e televisão. Elas contavam um lado da história como se estivessem defendendo o maníaco, ou pior: culpando as vítimas, por se vestirem de tal forma, por se portarem de uma maneira ou por simplesmente serem o que eram.
Em entrevista dada ao portal Terra, Silvero Pereira, ator que interpreta Francisco, relata:
“Eu tenho muita esperança que as pessoas que assistam esse filme enxerguem a Helena como a grande protagonista do trabalho, até porque o meu personagem é o antagonista dessa história.”
Como feedback, resenha e, principalmente, críticas nas redes sociais sobre o lançamento da Prime, são encontrados comentários relatando que a história do maníaco não foi contada com tantos detalhes e em primeiro plano. Além disso, gostariam de saber mais sobre ele e que não fazia sentido colocar uma mulher como protagonista numa obra como essa.
Acredito que o público não tenha entendido a real proposta do filme devido à cobertura da mídia do caso nos anos 90 e pela percepção pública que foi gerada na época. Helena Pellegrino não existiu na vida real e, por mais importante que a personagem seja no filme, a ideia e roteirização foi justamente trazer um olhar e protagonismo para alguém – que não o homem que ceifou a vida de tantas mulheres.
A atriz Giovanna Grigio, que dá vida a jornalista, também participa da entrevista e reafirma a importância desse destaque ao seu papel:
“Nós mulheres quando assistimos ao filme, entendemos muito bem o que aquilo significa. Acho muito importante que o filme consiga criar esse ambiente e costurar todos esses pontos de identificação entre as personagens femininas no filme.”
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O artigo acima editado por Giuliana Miranda.
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