Me sinto bem com você mostra de diferentes modos ligações à distância: mensagens de texto, ligações, chamadas de vídeo e áudios. Algumas dessas funcionaram muito bem e os atores souberam trabalhar com esse desafio, como na chamada de vídeo e nos áudios. O filme trouxe uma dinâmica muito interessante para o filme e o modo como a conexão falha foi retratada, com manchas de tinta pela tela, foi muito criativo e deu um toque artístico à obra. Mas as ligações e mensagens não funcionaram muito bem. Nos momentos em que os escritos apareciam na tela, eles eram muitos e era difícil do telespectador acompanhar. Pode ter sido essa a proposta, muitas mensagens para mostrar a quantidade e a constância da troca, mas é frustrante, pois parece que se perde parte da história.
- Adriana E Tom
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O filme começa com esse casal, e logo no início foi difícil continuar assistindo. Essa foi sem dúvida a história mais “pandemia” de todas, e talvez por isso tenha sido a mais chata. Os dramas de Adriana envolvendo a solidão são muito relacionáveis e sinceros, mas a forma como isso foi tratado no filme junto às conversas entre ela e o Tom pareceram mais uma tentativa de tornar o filme uma obra cult, com diálogos bem pensados e conversas profundas. Mas, esses diálogos enormes fizeram com que o filme parecesse mais um drama triste do que a comédia que pretendia ser. As atuações também não ajudaram, Manu Gavassi tem uma performance fraca, não melhor do que o esperado e Matheus Souza não transmite muito do sentimento e só deixa o conto ainda mais entediante. A dinâmica das conversas telefônicas também não funcionou, as cenas eram apenas eles andando pela casa ou até mesmo sentados, falando sem parar, e os assuntos por mais que propícios para o momento, não eram interessantes ao ponto de prender a pessoa que está assistindo. Essa história serviu apenas para mostrar como a vida em quarentena é chata e monótona.
- Eduardo E Helena
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Ao contrário da Adriana e do Tom, esse casal trouxe uma história comovente, mas ao mesmo tempo engraçada e a mais real de todas. Richard Abelha tem uma performance muito boa, tão natural que melhorou em 100% uma história que já estava ótima. Amanda Benevides entrega uma atuação frágil, e sem muita emoção, mas de qualquer forma, não afetou a genialidade da história. A personagem da mãe do Eduardo foi uma bela adição, e é possível ver ali muitas mães do nosso dia a dia. A mistura do cômico com o sério deixou o conto leve e interessante, com gostinho de quero mais. A relação entre os dois foi se construindo aos poucos de uma forma linda e orgânica. No entanto, pelo formato do filme, a história ficou pouco desenvolvida, e essa sem dúvida é uma que merecia um filme inteiro sobre ela. O fato de Helena ter sofrido um abuso sexual precisava de mais atenção, a questão foi apenas “jogada”, sem mostrar realmente como aquilo afetava a vida dela e o relacionamento deles, cabia uma conversa sobre o assunto. Apesar disso, a parte dos dois foi a melhor do filme e entregou todos os aspectos que uma história de amor precisa ter.
- Dora E Fernando
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Esse casal transmitiu exatamente a energia que um casal que está junto há muito tempo tem. Os dois moram juntos e com a pandemia foram obrigados a conviver 24 horas por dia, o que gerou alguns atritos. Essa é uma problemática muito comum e muito comparativa, os motivos pelos quais ela se irritava são exatamente os mesmos que permeiam a vida de muitos casais. Victor Lamoglia e Thati Lopes formam uma dupla com muita química que diverte e encanta o telespectador, deixando muito perceptível o amor que existe entre os dois personagens apesar de todas as discussões. O modo sútil que o ciúmes – ainda presente – é abordado após a decisão de abrir o relacionamento, foi um toque louvável, e essa história parou quando deveria. Dora e Fernando tiveram o conto mais bem roteirizado e desenvolvido do filme, uma história simples, mas que mostra os vários sentimentos e aspectos que fazem parte de um relacionamento.
- Vanessa E Lívia
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A história menos desenvolvida de todas, começando aberta, ficou mal contada. Pareceu sem sentido em alguns momentos, e só depois de um tempo do início do filme que se tornou compreensível. Com certeza é um relacionamento entre irmãs invejável, elas parecem muito amigas e companheiras e a impressão transmitida é que isso se dá pelo fato da morte precoce da mãe, apesar do filme não explicar isso. Bel Moreira e Thuany Parente formam uma dupla incrível com atuações ótimas. As atrizes conseguiram fazer as chamadas de vídeo funcionarem no longa, sem deixar chato e massante. Os dramas das irmãs também são muito reais e a história delas merecia ter sido mais bem explicada. A inclusão da música de Lívia e do filme de Vanessa foram cenas inesperadas, mas que agregaram positivamente ao filme. Acrescentar essa história mostra a importância dos vínculos familiares e das amizades nesse período, a importância de uma conversa, ou até de uma brincadeira qualquer.
- Giovanna E Priscilla
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Bonita, mas fraca. A história delas trouxe uma bem-vinda representatividade ao filme, retratando o relacionamento das duas exatamente da mesma forma com que os outros são retratados, não as tornando especiais ou transformando a sexualidade delas como assunto principal, como ocorre em tantos outros filmes. Mas, apesar disso, não é uma história comovente como a das irmãs ou engraçada como a de Eduardo e Helena, é uma história fofa sem muitas emoções. As atuações são boas, Gabz e Clarissa Müller formam um casal lindo e com muita química, e diferentemente de Adriana e Tom, com elas a dinâmica de ligações funciona, talvez pelas conversas serem mais leves e retratarem os mesmos problemas de Adriana de um modo mais bem-humorado. A parte das músicas ficou interessante e diferente, a voz de Clarissa combinou perfeitamente com a letra, e com a personalidade da personagem. Essa foi uma história considerável mas que não trouxe nenhum grande destaque ao filme.
Por fim, o filme traz todas essas problemáticas que estão presentes na vida de tantas pessoas, e retratar isso no período da pandemia tornou as histórias mais atuais e sinceras, apesar da falta de profundidade em algumas. É impossível negar que daqui a alguns anos o longa será uma boa forma de relembrar o atual momento em que vivemos, que como boa parte dos acontecimentos tristes da história, é marcante e precisará ser lembrado.
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The article above was edited by Angela C. A. Caritá.
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