Em 2024, a ditadura militar brasileira completa 60 anos e é fundamental entender a presença feminina no combate a esse regime que não é muito abordada pela sociedade. Contudo, ela sempre existiu e foi parte fundamental da oposição contra o golpe. A luta dessas mulheres não pode ser esquecida e a história precisa ser estudada para que nunca seja repetida.
A situação política feminina na ditadura civil-militar de 64
As mulheres sempre estiveram presentes no enfrentamento à ditadura, mas não necessariamente representando uma luta feminista e sim uma batalha revolucionária.
A luta pela cidadania, pelos direitos civis e pela igualdade das classes ultrapassaram a questão de gênero na época, fazendo com que homens e mulheres buscassem os mesmos objetivos. Mesmo assim, muitos viam a luta civil geral como “masculina” e por isso, as guerrilheiras sofriam uma repressão ainda mais dura por fazerem parte dela e a ânsia feminina por participar era considerada um ato subversivo e/ou ligado ao “lesbianismo”, como era chamado na época.
O tratamento nas prisões
As guerrilheiras e militantes que eram presas passavam por momentos de tortura, envolvendo, principalmente, sua sexualidade e o corpo exposto. O objetivo dessas práticas perversas era humilhar, fragilizar e deixar evidente a posição de inferioridade das mulheres presas. As torturas envolvendo pau de arara e choque elétrico eram consideradas comuns, mas muitos depoimentos também envolvem agressão física, estupro e ameaças envolvendo cobras e cachorros. Contudo, o tratamento não era igual para todas, guerrilheiras de classes sociais baixas enfrentavam ainda mais violência física e psicológica. Os relatos são assustadores e tornam ainda mais impressionante a coragem e força de tantas mulheres.
Mulheres notórias na época
Algumas figuras ficaram mais conhecidas com sua luta e precisam ser enaltecidas sempre. A lista abaixo cita cinco mulheres da militância contra a ditadura.
Lélia Gonzalez
Professora, autora, militante negra e fundadora do Movimento Negro Unificado (MNU), Lélia foi um dos maiores nomes na luta feminista negra e nos estudos sobre a cultura negra no Brasil. A ditadura não parou e nem impediu sua militância.
Miriam leitão
Jornalista, apresentadora e autora, Miriam era militante do PCdoB, partido clandestino na época. Foi presa e torturada quando tinha 19 anos enquanto estava grávida de seu primeiro filho.
Dilma Rousseff
Um dos nomes femininos mais conhecidos da política brasileira, a economista e ex-presidente Dilma foi presa quando era integrante do movimento Comando de Libertação Nacional.
Zuzu Angel
Ícone da moda brasileira, Zuzu era estilista e lutou contra a ditadura como militante e como mãe, pois teve seu filho preso, torturado e morto pelo regime. Ela criava roupas e coleções de protesto, com manchas vermelhas simulando sangue, pássaros presos em gaiolas e símbolos de guerra para representar a violência militar.
Iara Iavelberg
Iara era psicóloga, professora e militante marxista. Participou da luta armada e foi executada por policiais em Salvador. As autoridades do Estado alegavam que a guerrilheira teria se suicidado, mas isso foi desmentido.
Produções para entender e conhecer mais sobre o assunto
Em busca de Iara
Conta com detalhes a trajetória da, já citada aqui, Iara Iavelberg.
Torre das donzelas
Recupera as memórias de mulheres que foram presas pela ditadura e se concentra em um grupo específico que dividiu uma cela no Presídio Tiradentes, em São Paulo.
Repare bem
O longa conta a história de uma família, dando destaque para três gerações de mulheres que tiveram suas vidas marcadas pela violência de ditaduras militares.
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Texto editado por Ana Luiza Sanfilippo