O patriarcado impõe papéis à mulher, que acaba sendo sobrecarregada e subestimada em sua vida pessoal e profissional. Imagina quando ela é mãe! A pressão aumenta, as expectativas também e suas oportunidades de emprego são afetadas.
Uma ilustração perfeita dessa realidade foi retratada no filme Barbie, quando a personagem Glória (America Ferrera) acaba se revoltando com a perturbação da boneca.
O fardo do trabalho doméstico é um dos obstáculos na plenitude profissional
Voltando à origem do ingresso das mulheres no mercado de trabalho, vamos para a História da 1ª Revolução Industrial. Assim, conseguimos desenvolver o tema mais a fundo. Com a ausência dos homens devido à guerra e a falta do “ provedor da casa”, as mulheres iniciaram uma jornada dupla: trabalho doméstico e nas fábricas. Por conta do salto temporal de aproximadamente 200 anos, nós imaginamos um cenário diferente nas expectativas com a mulher, não é? Só que não é bem assim…
Mesmo após tanta luta pelo empoderamento e independência da mulher, frases machistas como “Lugar de mulher é na cozinha” ainda são uma realidade: o protagonismo de afazeres domésticos continua sendo do sexo feminino, afetando sua inserção no mercado de trabalho e sobrecarregando-as com a jornada dupla.
A honra e pressão para ser mãe
Além desses encargos, toda mulher cresce com a cultura romantizada sobre a “honra” de gerar uma vida, e, ao mesmo tempo, com os obstáculos e empecilhos que criar uma criança podem significar em sua vida profissional, que por sua vez traz o sentimento de importância, realização e independência.
Mas que lugar sobra para a pluralidade da mulher? As únicas caixinhas aceitas para a mulher moderna são as opções de ser uma mãe exemplar e fracasso profissional, ou ser uma mulher de negócios e péssima mãe?
Todas essas exigências do papel de mãe ideal ou das expectativas no trabalho (ainda maiores nas mulheres), geram um dilema na vida delas, o que consequentemente levam-nas a abandonar o emprego para satisfazer as demandas do parceiro, da sociedade e de sua própria cobrança.
Elas falham como mulheres ao “abrir mão” do trabalho pela maternidade?
Mesmo com tais sacrifícios, ainda se pensa involuntariamente, e às vezes é verbalizado que essas mulheres não fazem nada o dia inteiro, ou que falharam o avanço do feminismo e escolheram o caminho mais fácil de “apenas ficar em casa”, desconsiderando a manutenção da casa, a atenção com os filhos e a humildade de satisfazer suas próprias vontades. Em alguns casos, o “não voltar” após o período de licença maternidade é um ato de revolta contra as cobranças desumanas que o sistema Capitalista impõe.
O outro lado da “escolha”
Também há casos em que após a volta da licença maternidade, as mulheres são quase imediatamente despedidas onde realmente não há um poder de escolha. Na sociedade que se valoriza a maternidade e a possibilidade de gerar uma vida, saber que a mesma exclui e expulsa mães, como se não fossem mais capazes de nada, se não, criarem seus filhos, gera um equívoco na expressão “escolha”.
A falta de mudança das estruturas de trabalho para adaptar à maternidade acaba expulsando essas trabalhadoras e tirando seu poder de escolha.
Deixo a reflexão sobre o “se eu fosse ela…”. É justa essa comparação com tanta pluralidade de maternidade, vivências e histórias que enfrentam a “escolha” que cabe apenas às suas circunstâncias?
Completo a reflexão acima e finalizo deixando uma citação do livro Tudo É Rio de Carla Madeira:
“Dalva poderia tantas coisas se pudesse. Mas só pôde o que fez. Quem vê de fora faz arranjos melhores, mas é dentro, bem no lugar que a gente não vê, que o não dar conta ocupa tudo.”
O texto acima foi editado por Lorena Lindenberg
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