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Culture

“É Nóia Minha?”: Entrevista Com A Podcaster Camila Fremder

This article is written by a student writer from the Her Campus at Casper Libero chapter.

O consumo de podcasts em plataformas de streaming só vem crescendo nos últimos anos. Já virou rotina de muita gente substituir a música por um podcast sobre entretenimento, notícias, cultura geek, crimes, meditação, economia, línguas e tudo que você pode imaginar.

2019 já foi considerado o ano do podcast por causa do grande aumento do consumo, porém em 2020, também por conta do isolamento social, houve aumento de 200% no consumo do formato no terceiro trimestre. Segundo dados do Spotify, já são 1,9 milhão de podcasts, um número em crescimento assim como o próprio consumo.

Mas afinal… Dá pra ganhar dinheiro com podcast? A resposta é sim! Com o aumento no consumo do formato “rádio gravado”, os produtores desse conteúdo passaram a ser patrocinados por marcas e até mesmo pelos serviços de streaming, como é o caso do Spotify. Os podcasts exclusivos da plataforma são patrocinados pela empresa, ou seja, os podcasters recebem mensalmente pela produção e exclusividade do conteúdo.

Só no Brasil, já são mais de 40 podcasts patrocinados pelo Spotify. E entre eles encontramos o “É nóia minha?” feito pela roteirista e escritora Camila Fremder. O programa – que é patrocinado por marcas desde o quarto episódio – se tornou exclusivo do Spotify depois de 6 meses de existência e já possui mais de 100 episódios.

Para entender melhor a rotina de um podcaster, o Her Campus Cásper Líbero conversou com a Camila, responsável pelo o quarto podcast mais ouvido do Brasil, segundo dados do Spotify Wrapped de 2020.

Em seu programa, ela aborda temas variados em busca de uma resposta para suas inquietações. Os episódios falam sobre inseguranças, amizades, amores, sexo, casamento, medos e todas as mil nóias diárias que passam pela nossa cabeça. Não tem como não se identificar.

Além disso, a atração tem episódios com a participação da audiência, os chamados “Batalhas de nóias”, onde os ouvintes mandam suas próprias nóias que são discutidas entre Camila e os convidados.

Apesar de ser muito conhecida por seu podcast, Camila Fremder começou sua carreira em outra área. Formada em Publicidade e Propaganda pela UNIP, ela trabalhou em agências e chegou a ser redatora. Enquanto isso, Camila tinha um blog de crônicas chamado “Parece filme mas é vida mesmo”. Foi ali que ela percebeu que realmente gostava de escrever. Depois de diversos textos publicados em revistas, ela lançou alguns livros, como “Enfim 30: Um livro para não entrar em crise”, “Adulta sim, madura nem sempre” e “Como ter uma vida normal sendo louca”. Ela também fez uma pós em roteiro para entender um pouco mais dessa área.

“Foi meio uma extensão dos textos, porque as minhas crônicas sempre tratavam de nóias. E aí, pesquisando, eu entendi e resolvi fazer esse formato que é sempre debater uma nóia com um convidado”, explica a escritora sobre a ideia inicial do Podcast, que foi sugerido por um dos editores dos seus livros.

Quanto ao roteiro, ela não faz muitas limitações. O “É nóia minha?” é praticamente uma conversa entre amigos. Camila conta que muitas vezes nem precisa olhar a pauta, porque o papo com os convidados vai fluindo. Ela só faz um “esboço” para saber do assunto que quer tratar durante o episódio. “Pra mim, foi um processo muito natural, acho que era muito parecido já com o meu processo criativo de texto, de crônica, então foi bem uma extensão mesmo”, conta.

Camila também apresenta o “Calcinha Larga”, junto com Helen Ramos e Tati Bernardi, igualmente exclusivo do Spotify. Neste, aborda temas como maternidade, sexo, e amizade, sempre da perspectiva feminina. Para este projeto, elas têm um dia fixo para gravar: toda quarta-feira. Diferente do “É nóia minha?” em que ela acaba se adequando ao horário dos convidados.

Além de escritora, roteirista e podcaster, Camila também é mãe do Arthur, de 3 anos. “Conciliar a maternidade com o trabalho foi muito difícil, é muito difícil ainda, principalmente neste período de pandemia que a gente não tem escola, não tenho ajuda. Trabalhava de casa já, mas é diferente quando você trabalha de casa e seu filho está na escola ou não está o tempo inteiro ali”, explica, ressaltando que tudo se tornou “uma loucura completa” quando começou a pandemia.

Com distanciamento social, além de lidar com a maternidade e trabalho remoto, Camila Fremder teve que aprender a gravar o podcast de casa, longe do estúdio profissional em que costumava gravar. “Quando entrou a pandemia, pra mim, foi um pânico gravar de casa, porque eu sou péssima com tecnologia. E de repente, eu vi que eu tinha que gravar sozinha, então mandaram equipamento pra minha casa e me ensinaram a fazer. Eu achei que eu não seria capaz, mas hoje em dia eu já me acostumei”, esclarece ela.

Tendo em vista as limitações das gravações remotas, Camila também já aceitou o fato de que dentro de casa não tem como o áudio sair perfeito e não se frustra mais com isso. “Vai ter uma hora um cachorro latindo, vai ter um barulho de moto, vai ter uma martelada de uma obra do vizinho de cima. Lógico que a gente tenta manter o máximo de qualidade possível, agora eu estou mais habituada, eu já sei o melhor lugar pra gravar dentro da minha casa, já sei técnicas para melhorar o som”, comenta.

O sucesso do “É nóia minha?”, pode ser explicado, principalmente, pela identificação do público com os temas abordados, assuntos do cotidiano, e a sensação de estar conversando com Camila em uma mesa de bar – o que faz com que o ouvinte se sinta íntimo. Isso, é claro, junto a desenvoltura da podcaster de puxar um papo com os convidados e arrancar risadas deles e de nós, ouvintes.

O programa oferece um momento leve e descontraído para seus milhares de espectadores. Por essa razão, o podcast possui um público bem diversificado – sendo majoritariamente entre mulheres de 18 a 40 anos.

Para o futuro, Camila Fremder já pensar em ir além do “É nóia minha?” e “Calcinha Larga”. Ela entrou como produtora no podcast “Ppkansada”, mas tem um projeto para mais um Podcast, que irá dividir a apresentação com outras duas pessoas e está escrevendo mais um livro.

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O artigo acima foi editado por Letícia Rocha.

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Julia Palmieri

Casper Libero '22

20 year old student of journalism at Cásper Líbero, in love with writing, reading, traveling, music, art, movies and everything that makes me smile.