Mesmo quem não conhece profundamente o universo da literatura no Brasil, já deve ter ouvido falar sobre o Prêmio Jabuti, uma das mais importantes premiações literárias do país, que reconhece talentos da cultura brasileira e desempenha um papel essencial no desenvolvimento da indústria editorial nacional.
Em 2024, a Câmara Brasileira do Livro (CBL) anunciou que a consagração do Prêmio Jabuti será marcada por mudanças. Entre as alterações, está a introdução de quatro novas categorias e o veto ao uso de imagens produzidas por Inteligência Artificial (IA). As inscrições para a 66ª edição da maior honraria literária nacional iniciaram em 25 de abril e seguem abertas até 13 de junho.
Entretanto, para compreendermos as transformações realizadas é necessário conhecermos a história por trás da cerimônia e a sua importância para a cultura brasileira.
Origem do Jabuti
Por ter origem durante o período modernista no Brasil, a escolha do jabuti para a nomeação da entidade se deu através da simbologia de sabedoria carregada por esse animal. Isso porque um dos pilares que sustentava as artes na época, em especial a literatura, era a estima pelas raízes nacionais.
O surgimento da iniciativa ocorreu em meados da década de 1950, quando o então presidente do projeto, Edgar Cavalheiro, e o secretário Mário da Silva Brito, buscando valorizar importantes figuras do cenário nacional vigente, uniram-se para dar vida ao Prêmio.
A partir de então, o Jabuti passou a reconhecer anualmente os autores, ilustradores, editoras e livrarias de destaque. Com o passar dos anos, a estrutura sofreu mudanças para acompanhar a dinâmica literária do país.
Objetivo da premiação
Desde a sua criação, o Prêmio se destaca no meio cultural brasileiro, tornando-se a maior honraria literária nacional. Uma das principais características do Jabuti é que ele não restringe o reconhecimento da qualidade de uma obra ao seu autor. Pelo contrário: a premiação engloba todos os profissionais que contribuíram para a realização do livro, como produtores e ilustradores.
A tradição da homenagem se mantém desde a década de 1950 e as mudanças transcorridas na entidade, como a introdução de novas categorias, não abalaram a estrutura do Jabuti. As alterações apenas fortaleceram a imagem da pluralidade que cerca os participantes da cerimônia, assim como os aspectos artísticos do país.
Com isso, a realização do Prêmio apresenta as demandas socioculturais da sociedade brasileira, além de permitir o surgimento de novos talentos literários, como proposto pelo curador do Jabuti, Hubert Alquéres, que carrega uma bagagem de mais de quarenta anos de atuação nas áreas de cultura e educação.
Como a tecnologia mudou a configuração da premiação
A gratificação literária anual sofreu mudanças em sua dinâmica neste ano, após uma edição da obra Frankenstein ter sido desclassificada da etapa final da categoria de “Ilustração”, em 2023, devido ao uso de imagens produzidas por IA. O veto incluído no “Regulamento Jabuti 2024” proíbe o uso de tais conteúdos criados por inteligência artificial, com exceção dos livros que abordem a temática.
Segundo Alquéres, curador do prêmio, essas ferramentas tecnológicas foram barradas porque ainda não há uma regulamentação específica para o seu uso no Brasil.
Adequação ao contexto brasileiro atual
Durante a coletiva de imprensa realizada pela CBL, outra mudança anunciada pela entidade em 2024 foi a implementação de quatro novas categorias. Entre elas, está a divisão “Escritor Estreante – Poesia”, que integrará o eixo de “Inovação”. Neste ano, a entrega das estatuetas abrangerá o grupo de poetas iniciantes, já que a categoria de “Escritor Estreante”, lançada em 2023, estava restrita a autores de romances.
As outras três novas categorias do Jabuti irão compor o eixo de “Não Ficção”. São elas: “Saúde e Bem-estar”, “Educação” e “Negócios”. As duas primeiras abordarão assuntos relacionados, respectivamente, à manutenção da saúde física e mental e a estratégias de finanças, empreendedorismo, marketing e carreira profissional. Esses setores ganharam reconhecimento literário por serem os que mais se destacaram nos últimos anos no mercado editorial brasileiro.
A categoria de “Educação”, por sua vez, irá tratar das temáticas relacionadas ao ensino e aprendizado, podendo abranger títulos de pedagogia, psicologia educacional e áreas próximas. Sua introdução no eixo ocorreu para substituir “Ciências”, “Ciências Humanas” e “Ciências Sociais”, que passaram a integrar, em janeiro de 2024, o Jabuti Acadêmico — premiação dedicada às áreas científicas, técnicas e profissionais, que foi criada neste ano.
COMO OS VENCEDORES SÃO PREMIADOS
O Prêmio Jabuti, a partir de 2024, contará com a entrega dos troféus às 22 categorias da premiação, além da principal — o “Livro do Ano”. Todos os vencedores receberão uma quantia de R$ 5 mil, com exceção do vencedor do “Livro do Ano”, que ganhará R$ 70 mil e uma viagem para a Alemanha, para apresentar a sua obra na Feira do Livro de Frankfurt, o maior evento de divulgação do mercado editorial mundial.
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O artigo acima foi editado por Beatriz Rocha.
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